JOSÉ ANTÔNIO V.
DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
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Por que o
socorro, às
vezes,
chega
tarde?
Existe um fato
que muito nos
marcou e que
contamos no
jornal “O
Imortal” no mês
de maio de 2009.
Como há
histórias que
sempre nos
ensinam, vou
tentar
recontá-la.
No ano de 1997
atendíamos em um
ambulatório
clínico na
cidade de
Londrina e,
frequentemente,
éramos visitados
por
representantes
de empresas
produtoras de
medicamentos que
vinham divulgar
os seus
medicamentos ou
fazer
lançamentos de
novos produtos.
Nessa época, um
frequentador de
nosso Núcleo
Espírita
experimentava um
gravíssimo
câncer de
fígado, em fase
terminal, o que
despertava em
nós, daquele
grupo, um
sincero desejo
de ajudar.
Fizemos uma
reunião e
decidimos por
visitá-lo,
alternadamente,
de maneira que
ele não ficasse
nem uma só
semana sem a
presença de
alguém de nossa
casa, para
estimulá-lo,
nessa hora
difícil.
Orávamos com ele
enquanto
aplicávamos
passes
magnéticos.
Certa
sexta-feira, um
desses
representantes
adentrou nosso
consultório,
bastante
efusivo, dizendo
estar ali para
falar de
importante
lançamento: uma
medicação
antiespasmódica
de profunda
utilidade nas
dores hepáticas,
incluindo as
causadas por
câncer de
fígado.
Imediatamente
nos lembramos do
amigo enfermo, e
solicitamos
algumas
amostras, com a
ideia de
visitá-lo ainda
naquela noite...
O que não
fizemos.
Deixamos a
visita para a
outra semana,
acreditando que
alguém do grupo
já estaria se
desincumbindo
dessa tarefa por
aqueles dias.
Alguns dias
depois,
lembrando-nos de
nosso dever para
com nosso irmão,
fomos até a casa
do amigo. Logo
na entrada, sua
esposa, lavando
a calçada, sem
muita emoção nos
avisou: -“Nem
adianta entrar,
ele está muito
magoado. Faz
três dias que
está em crise de
dor e nada o
alivia. Parou
até de orar...
porque diz não
estar
adiantando...”.
Pedimos, então,
para que ela já
fosse preparando
o remédio novo
enquanto nos
dirigimos ao seu
quarto. Ele
estava de costas
para a porta e,
quando o
cumprimentamos,
mal respondeu,
demonstrando
profunda
amargura.
Tentamos um
diálogo, meio
sem sucesso,
quando ele
lentamente se
virou para nós e
disse: “Sabe,
eu acho que Deus
só cuida de seus
filhos depois
que vão para o
lado de lá...
Faz três dias
que estou com
essa dor
insuportável, e
apesar das
minhas preces,
nada de
melhorar”.
Nesse momento,
contamos para
ele a história
do remédio que
carregávamos
conosco e que já
estava no
porta-luvas do
nosso carro há
alguns dias e,
no mesmo
instante, sua
esposa adentrava
o recinto com
uma xícara com
água, já com o
medicamento.
Num súbito, como
quem sai de
profunda dor e
ilumina seus
olhos com o
retorno da
esperança, ele,
bastante sincero
e agora sem o
semblante da
mágoa, lançou
seu olhar sobre
nós e disse:
“Então não foi
Deus quem se
esqueceu de
mim?... Foi
você?”.
Sem ter como nos
desculpar, rimos
por ver sua
alegria voltar e
completamos:-
“Pois é, meu
irmão, veja com
quem Deus tem
que contar para
socorrer seus
filhos. Por isso
é que o socorro
às vezes chega
tarde. Não é
pela ausência da
piedade paterna,
mas pela falta
da caridade dos
cristãos de
hoje”.
Abraçamos-nos,
com muito
cuidado, porque
o estado dele
era muito
frágil. Em
poucos dias ele
desencarnou,
deixando comigo
uma profunda
reflexão.