JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
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A grave crise do
Cristianismo se deve às
doutrinas “vencidas”
Há séculos que o
Cristianismo está em
crise. À proporção que
evolui a humanidade,
crescem as dificuldades
para a aceitação de
algumas de suas
doutrinas, o que causou
as suas divisões.
E uma das questões que
mais têm que evoluir é
exatamente as
doutrinárias religiosas,
principalmente as
relativas aos conceitos
de Deus. Daí que eles
sempre variaram e variam
com o desaparecimento de
uns e o surgimento de
outros novos, mais
lógicos e perfeitos. Por
que, então, o
Cristianismo ficar na
mesmice orgulhosa de
sempre de que tudo o que
os teólogos e as
autoridades de sua alta
hierarquia criaram no
passado longínquo são
verdades intocáveis,
devendo os cristãos
aceitá-las, cegamente,
por todas as
eternidades?
Já houve algum
progresso. A Igreja
manteve durante séculos
como verdadeira a frase:
“Fora da Igreja não há
salvação”. Mas hoje, ela
considera tal frase como
“vencida”. O ensino de
que as crianças que
morressem sem batismo
iam para o Limbo foi
também descartado. E,
igualmente, a excomunhão
dos espíritas e dos
maçons caducou. Aliás,
ninguém é mais
excomungado pela Igreja
por ser de outra
religião ou por não crer
em alguma doutrina
dogmática. Porém o que
foi feito até agora é
muito pouco. São muitas
as doutrinas polêmicas,
as quais só vingaram,
porque foram impostas no
passado pela força e com
um ensino repetitivo à
moda de lavagem
cerebral.
As autoridades e líderes
da Igreja vêm insistindo
atualmente em novos
métodos de evangelização
para incentivar mais a
prática religiosa e,
principalmente, a
frequência maior dos
fiéis às igrejas. Mas a
crise grave do
Cristianismo, repetimos,
é doutrinária. É o
descrédito ou a pouca fé
com relação a doutrinas
complexas, confusas,
misteriosas, e que nada
têm a ver com o
verdadeiro ensino do
excelso Mestre. É isso
que provoca as divisões
com polêmicas calorosas.
De um lado, os
defensores de doutrinas
oficiais das igrejas,
principalmente os da
Católica, e do outro, os
que as rejeitam. E
muitos não as contestam
por ignorância, outros
por estarem
comprometidos com as
igrejas.
O grande filósofo
Descartes defendeu um
pensamento muito
oportuno ao que estamos
dizendo. Segundo ele, ao
menos uma vez na vida,
para chegarmos à
verdade, nós temos que
nos desligarmos de todas
as ideias que aprendemos
e começarmos a aprender
tudo de novo. E é quando
se trata de questões
religiosas,
principalmente as sobre
Deus, que esse
pensamento cartesiano é
ainda mais verdadeiro. É
que eram errôneas as
ideias dos teólogos do
passado a respeito de
Deus. E isso se deveu ao
atraso cultural das
pessoas dos tempos
passados, inclusive dos
próprios teólogos. Em
parte, é também por isso
que fizeram muitas
interpretações erradas
da Bíblia, do que
resultou, entre outros
erros, o da
antropomorfização ou
humanização de Deus.
E é exatamente a
antropomorfização de
Deus a mais grave
questão doutrinária do
Cristianismo. Como Deus
é um ser infinito, entre
Ele e nós há uma
diferença infinitamente
maior do que a que
existe entre nós e um
animal. E, no entanto,
por ser Jesus um homem
já perfeito,
transformaram-No em
outro Deus!