106. Padre Brune
defende, estranhamente,
a ideia de que existem
anjos caídos, ou seja,
seres espirituais que
nunca encarnaram, nem na
Terra, nem em outro
planeta e que,
valendo-se de sua
liberdade, escolheram a
revolta contra Deus,
isto é, a recusa do
amor. (N.R.: Essa
tese é repelida
formalmente pela
Doutrina Espírita.)
(P. 185)
107. Paqui Lamarque,
morta em Arcachon, em
1925, escreveu por
intermédio da Sra.
Yvonne Godefroy seis mil
páginas de comunicações
diversas em que, entre
outros temas, confirma a
importância do
pensamento em nossa
vida. Diz ela: “Todos os
pensamentos, bons ou
maus, formam ondas que
vão soltas pelo espaço.
Segundo sua natureza,
elas se encontram,
unem-se e constituem
legiões que se enfrentam
umas às outras. Como em
todas as batalhas, o fim
do confronto depende do
mais forte. Se o
elemento mau triunfa
sobre o elemento bom, é
o mal que recai sobre a
terra. Ao contrário, se
é a força benfazeja, a
felicidade e a paz
descem sobre os homens”.
(PP. 186 e 187)
108. Examinando a
questão do inferno e do
paraíso, padre Brune diz
que toda uma grande
tradição, na Bíblia e
também em teólogos do
Oriente, em místicos do
Ocidente e, por fim, em
vários teólogos
contemporâneos,
interpreta o Inferno, o
Purgatório e o Paraíso
como sendo, em última
análise, o modo como
cada um sentiria Deus,
tendo antes recusado ou
aceitado amar como Deus,
que seria, ao mesmo
tempo, Inferno,
Purgatório ou Paraíso
para cada um, segundo o
nível espiritual que
tivesse atingido. (P.
189)
109. Numerosos são hoje
os físicos que acreditam
que uma certa forma de
consciência e mesmo de
liberdade está presente
já nos níveis mais
ínfimos da matéria, e um
bom número de cientistas
começa a conceber que,
sob os fenômenos físicos
ou psíquicos,
encontra-se uma espécie
de campo de forças não
diferenciado, de onde
surgem – numa espécie de
interação íntima –
formas e consciências.
(P. 189)
110. O Deus da Bíblia –
afirma padre Brune –, já
no Antigo Testamento e
depois no Novo, e em
toda a tradição cristã
oriental, ou nos
místicos do Ocidente, é
essencialmente dinâmico.
Ele lança, sem parar,
energias que produzem e
mantêm este campo de
forças. Nossa
consciência, reagindo
neste campo de forças,
molda-o segundo suas
angústias, seus desejos,
seus ódios. Aquele que
se fecha para o amor,
fonte de todas as
energias, encontra-se
nas trevas, entregue a
seus pesadelos. Aquele
que se abre para o Amor
encontra-se na luz,
transfigurado por estas
energias. (PP. 189 e
190)
111. Jesus afirmou: “O
Reino de Deus está
dentro de vós”. Os
chamamentos à conversão
não são, portanto, uma
forma de pregar a moral,
mas servem para
tornar-nos atentos às
leis da evolução. Os
caminhos de purificação
que não tiverem sido
percorridos aqui na
Terra, serão percorridos
na vida futura. É o que
afirma Roland de
Jouvenel. (P. 190)
112. Capítulo VII - O
exílio nos mundos da
infelicidade – No
Além, ensina padre
Brune, existem vários
níveis de consciência.
Inicialmente, há o nível
daqueles que sequer veem
a luz. Perdendo-a,
parecem perder contato
com os outros homens.
Quem se afasta de Deus
afasta-se de seus
irmãos. (P. 193)
113. De acordo com a lei
natural, segundo a qual
cada um cria, por
projeção, seu próprio
ambiente, quem não crê
em nada, quem só crê no
nada, encontra-se no
nada. Entregues a si
mesmos, deixados no
nível espiritual que
lhes é próprio,
encontram-se esses seres
na escuridão e na
solidão, incapazes até
mesmo de perceberem a
presença de mortos que
os amaram e que vêm
ajudá-los. Brune cita, a
propósito disso, vários
exemplos. (PP. 194 a
196)
114. A influência
negativa dos falecidos
infelizes foi
demonstrada, entre
outros, pelo dr. Carl
Wickland, médico
psiquiatra americano,
morto em 1937, o qual
comprovou a
possibilidade de
comunicação entre nós e
os Espíritos e, ainda,
que os Espíritos
infelizes podem
apossar-se de nós sem
qualquer má intenção e
mesmo sem perceber. (PP.
196 e 197)
115. Dr. Wickland
adquiriu, através de uma
longa experiência, a
convicção de que a
maioria das doenças
mentais são devidas, na
realidade, a uma
possessão. Como sua
esposa era médium, a
operação consistia no
seguinte: fazer com que
o Espírito retardatário
deixasse o corpo do
doente mental e, com a
ajuda de Espíritos
evoluídos, se
incorporasse no corpo de
sua mulher. O diálogo
direto tornava-se então
possível entre o dr.
Wickland e o Espírito.
Várias sessões eram, às
vezes, necessárias. O
médico observou logo que
os Espíritos que
obsidiam sentem, bem
mais que nós, as dores
de nosso corpo. Ele
montou, então, um
aparelho simples que
enviava ao doente mental
pequenas descargas
elétricas, totalmente
inofensivas e indolores
para o encarnado, porém
intoleráveis para o
Espírito perturbador que
o possuía. (P. 198)
116. Numa obra ainda
inédita, que, segundo
padre Brune, não foi
publicada devido ao
obscurantismo científico
que impera em nosso
mundo, o professor W.
Schiebeler conta como
utiliza um método
bastante semelhante em
um grupo de oração
formado por vários
médiuns, embora não
utilize o aparelho do
dr. Wickland. “Mais uma
vez – diz Brune –
verificamos que eram,
pelo menos em parte, as
pessoas da Idade Média,
os feiticeiros da
África, que tinham
razão.” Tanto o dr.
Wickland como o
professor Schiebeler
ensinam que é
insuficiente – como no
ritual católico dos
exorcismos – expulsar os
maus Espíritos, os
demônios, porque esses
maus Espíritos vão, em
seguida, procurar uma
outra vítima na qual
investir. É preciso
iluminá-los e
convertê-los,
devolver-lhes a
esperança na
misericórdia, no Amor de
Deus; convencê-los de
que, mesmo para eles,
tudo ainda é possível.
(PP. 198 e 199)