Recebi o seu
bilhete,
Meu amigo
João da
Graça,
Você deseja
do Além
Notícias
sobre a
cachaça.
O assunto
não é
difícil.
Cachaça, meu
caro João,
Recorda
simples
tomada
Que liga na
obsessão.
Você sabe.
Aí na Terra,
Nas mais
diversas
estradas,
Todos temos
inimigos
Das
existências
passadas.
Muitos deles
se aproximam
E usando a
ideia sem
voz
Propõem
cousas
malucas
Escarnecendo
de nós.
Nas
tentações
manejamos
Nossa fé por
luz acesa,
Mas se
tornamos
cachaça
Lá se vai
nossa
firmeza.
Olhe o caso
de Antoninha.
Não queria
desertar,
Encafuou-se
na pinga,
Hoje é
mulher sem
lar.
Titino,
homem
honesto,
Servidor de
tempo curto,
Passou a
viver no
copo,
Agora vive
de furto.
Rapaz de
brio e saúde
Era Juca de
João Dório,
Enveredou na
garrafa,
Passou para
o sanatório.
Era amigo
dos mais
sérios
Silorico da
Água Rasa,
Começou de
pinga em
pinga,
Acabou
largando a
casa.
Companheiro
certo e bom
Era Neco de
Tião,
Afundou-se
na garrafa,
Aleijou o
próprio
irmão.
Cachaça será
remédio,
É o que
tanta gente
ensina...
Mas álcool,
para ajudar,
É cousa de
Medicina.
Eis no Além
o que se vê.
Seja a pinga
como for,
Enfeitada ou
caipira,
É laço de
obsessor.
Nas velhas
perturbações,
Das que vejo
e que já vi,
Fuja sempre
da cachaça,
Que cachaça
é isso aí!