Lucas, um dos
evangelistas,
narra que:
“E, quando o iam
levando, tomaram
um certo Simão,
cireneu, que
vinha do campo,
e puseram-lhe a
cruz às costas,
para que a
levasse após
Jesus”.
(Lucas, 23:26)
A história de
Simão, o cireneu,
é bastante
conhecida, mas
ainda nos traz
profundas e
valorosas
reflexões, e a
sua lição
mostra-se atual
e encontra
terreno fértil
nos dias
vigentes, de
tanta
indiferença e
egoísmo, que têm
gerado tristeza
e sofrimento à
criatura humana.
O Espírito
Amélia
Rodrigues, na
obra “Quando
Voltar a
Primavera”,
psicografada
pelo médium
Divaldo Pereira
Franco,
esclarece que
Simão havia
nascido em
Cirene,
província romana
a partir de 67
a.C., e vinha do
campo, passando
a acompanhar a
sinistra
procissão que
conduzia Jesus à
crucificação.
Jesus estava
fisicamente
fragilizado, por
conta da noite
de vigília
demorada e as
agressões que
sofrera, e
carregava uma
cruz de quase
setenta quilos,
vindo a
cambalear.
Simão, que já
conhecia Jesus e
admirava-o a
distância,
comove-se com
seu sofrimento,
vindo a ser
escolhido pelo
soldado para
ajudá-lo com a
cruz.
Diz Amélia
Rodrigues que o
convocado não
reage e parece
até que se
rejubila
interiormente.
Ele curva-se,
oferece o ombro
amigo e auxilia
Jesus, que lhe
dirige um olhar
de profundo
amor, fazendo-o
tremer de emoção
desconhecida.
O cireneu
testemunha a
crucificação e
jamais
esqueceria
Jesus. Mais
tarde, busca os
discípulos e
passa a
segui-los.
Simão, na visão
de Amélia
Rodrigues,
torna-se um
grande exemplo
de solidariedade
que o mundo nos
solicita até
hoje.
De fato, na
correria da vida
moderna, onde
muitos se
preocupam com a
aparência
exterior, o
status
social, o “ter”
em detrimento do
“ser” e os
prazeres
angustiantes,
poucos se
dedicam a
socorrer aqueles
que estão em
sofrimento,
material ou
espiritual.
Há tantos
feridentos da
alma e do corpo
aguardando que
um cireneu
apareça em suas
vidas,
ajudando-os a
carregar a
própria cruz,
seja ofertando
algum socorro
material, seja
cedendo o
próprio tempo
para ouvi-los, a
fim de dar-lhes
alguma
orientação
segura, uma
palavra amiga,
um acolhimento
afetivo e ainda
possa inseri-los
em suas preces.
No exemplo de
Simão, ele se
viu compelido a
ajudar Jesus e
depois
converteu-se ao
cristianismo.
Assim ocorre com
a maioria das
pessoas, pois,
ao se deparar
com os
sofredores, terá
dificuldades em
parar o que está
fazendo para
ampará-los, pois
o amor, por
enquanto, não se
instalou em
definitivo em
suas almas.
Muitos se
sentirão
compelidos a
ajudar por conta
do ideal
religioso que
elegeram, que
lhes ensina a
grandiosidade da
caridade, não
obstante, em seu
mundo interior,
o desejo fosse
de prosseguir
sem socorrer.
Essa experiência
faz parte do
processo
evolutivo, pois,
através da lei
abençoada da
reencarnação, o
amor autêntico e
espontâneo, um
dia, será
patrimônio de
todos.
O importante é
promover o “bom
combate”,
conforme nos
ensina Paulo de
Tarso, para que
possamos vencer
o egoísmo e a
indiferença,
permitindo-nos o
envolvimento
pessoal com a
dor alheia, até
o momento da
nossa adesão
completa aos
preceitos
luminosos do
Cristo, quando
passaremos a
socorrer sem
questionar ou
esperar
gratidão, porque
entenderemos que
o amor é o
sentimento por
excelência a nos
conectar com o
Pai Celestial e
a nos gerar uma
imensa alegria
de viver.
Convém
registrar, ainda
em torno do
exemplo de
Simão, o
cireneu, que o
Espírito
Emmanuel, no
livro “Fonte
Viva”,
psicografado
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier,
nos traz uma
perspectiva
diferente,
elevada e atual
para a lição em
questão.
Assevera
Emmanuel, no
capítulo 140 da
citada obra, que:
“O mundo ainda é
uma Jerusalém
enorme,
congregando
criaturas dos
mais variados
matizes, mas se
te aproximas do
Evangelho, com
sinceridade e
fervor,
colocam-te a
cruz sobre o
coração. Daí em
diante, serás
compelido às
maiores
demonstrações de
renúncia, raros
te observarão o
cansaço e a
angústia e, não
obstante a tua
condição de
servidor, com os
mesmos problemas
dos outros,
exigir-te-ão
espetáculos de
humildade e
resistência,
heroísmo e
lealdade ao bem.
Sofre e
trabalha, de
olhos voltados
para a Divina
Luz. Do alto
descerão para o
teu espírito as
torrentes
invisíveis das
fontes celestes,
e vencerás
valorosamente.
Por enquanto, a
cruz ainda é o
sinal dos
aprendizes
fiéis...”.
À semelhança de
Simão, que se
aproximou de
Jesus e foi
compelido a
carregar a cruz,
aqueles, que
também buscam a
proximidade com
o Evangelho e se
esforçam para
viver suas
seguras
diretrizes,
terão que
carregar a
própria cruz.
A cruz será o
testemunho
diário que
confirma a
fidelidade a
Jesus.
O Espírito
Joanna de
Ângelis nos
ensina que o
cristão sem
testemunho
assemelha-se a
solo árido e
seco, destinado
à morte.
O trabalhador do
bem sofrerá
calúnias,
indiferença,
abandono
afetivo,
desafios
familiares e
profissionais,
doenças etc.,
que serão suas
cruzes, mas, se
for fiel ao
Evangelho,
saberá enfrentar
com dignidade,
convertendo
essas
experiências em
aprendizado,
ciente de que o
amparo
espiritual nunca
faltará.
Sofrerá, ainda,
a incompreensão
alheia por ter
elegido uma vida
cristã, sem
vícios e com
prioridade aos
compromissos
espirituais, não
se entregando
aos modismos
doentios
vigentes na
sociedade, mas
compreenderá e
terá compaixão,
pois sabe que
aquele que o
julga ou o
menospreza tem
uma percepção
limitada da
vida.
Nos dias
difíceis, saberá
buscar com mais
frequência a
prece, haurindo
as energias
elevadas que
procedem do
mundo
espiritual, e
continuará a
movimentar-se na
caridade, porque
ao ajudar o
próximo a
carregar a cruz,
sabe que se
fortalecerá,
moral e
espiritualmente,
para suportar a
própria cruz.
Deixemo-nos
contagiar pelo
exemplo de
Simão, o cireneu,
e não permitamos
que o desânimo
tome conta de
nossas vidas, de
forma que a
solidariedade
seja uma
característica
marcante em
nossas condutas,
a fomentar a
construção da
sociedade
regenerada e
fraternal do
porvir.