JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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O renascer e os
pacificadores
“Pequeno erro de cálculo
pode trair o equilíbrio
de um edifício inteiro.
Eis por que em se
despojando alguém de
algum patrimônio
material, a benefício
dos outros, não se
esqueça também de
desintegrar, em derredor
dos próprios passos, os
velhos envoltórios do
rancor, do capricho
doentio, do julgamento
apressado ou da
leviandade criminosa,
dentro dos quais
afivelamos pesada
máscara ao rosto, de
modo a parecer o que não
somos.” (XAVIER, F. C.
Pão Nosso. Pelo
Espírito Emmanuel. Rio
de Janeiro: FEB, 2005.
Item nº 147.)
Não é tão simples como
pensamos o julgamento
dos nossos próprios
atos, pois tendemos a
nos considerar muito
melhores do que o somos
em relação às outras
pessoas. Sabendo disso,
Jesus recomenda: “Não
julgueis, para que não
sejais julgados. Porque
com o juízo com que
julgardes sereis
julgados, e com a medida
com que tiverdes medido
vos hão de medir a vós”
(Mateus, 7:1-3). Ou
seja, se tendemos a ser
severos para com as
atitudes alheias e
generosos em relação aos
nossos próprios atos,
não é bem assim que nos
vê o olhar alheio.
Trazemos conosco, de
tempos imemoriais, não
poucos defeitos morais,
como os citados pelo
Espírito Emmanuel, todos
derivados unicamente do
egoísmo, a origem de
todas as nossas
imperfeições morais. O
egoísta, por se
considerar superior ao
seu próximo, reivindica
para si todas as
atenções. Se é atleta,
ainda que não possua o
mesmo preparo físico do
seu concorrente,
sente-se injustiçado, se
não pela humanidade, por
Deus ou pela natureza,
quando é superado por
aquele. Daí surgir a
inveja em seu
sentimento, por não
suportar o sucesso do
outro. Se participa de
um grupo de pesquisa e
seu colega se sobressai,
em alguma nova
contribuição científica,
em virtude de melhor
preparo intelectual,
fruto de muito maior
dedicação do que a sua,
é levado pelo despeito
e, já que não pode
ocupar o lugar de
destaque do outro,
empenha todos os seus
sentimentos mesquinhos
para empanar o brilho
que não pôde alcançar. É
quando surge a nossa
maledicência leviana e,
mesmo, criminosa, como
afirma Emmanuel.
Como não podemos ser ou
ter o que desejamos o
que o outro possui ou é,
julgamos que,
destruindo-o,
conseguiremos tomar-lhe
o lugar. E assim por
diante, vamos dando
vazão às nossas ambições
de conquista de algo
imerecido, ao longo de
muitas vidas, sofrendo,
consequentemente, pela
lei de causa e efeito,
ou de ação e reação, as
correções de nosso Pai
amoroso, cujas leis são
todas voltadas para o
nosso bem, ainda que se
nos pareçam amargo
remédio.
Criados simples e
ignorantes, como nos
informam os Espíritos
superiores n’O Livro
dos Espíritos, à
medida que nos
instruímos, percebemos a
presença da Lei de Deus
em nossa consciência, a
clamar insistentemente:
“Caim, o que fizeste do
teu irmão?”. Durante
algum tempo, fingimos
não ouvir tal apelo; mas
ele está lá, no âmago do
nosso ser, implacável,
insistente... Até o dia
em que, não suportando
mais esse apelo,
retornamos à vida
espiritual cheios de
remorsos e vontade de
reparar nossos erros,
por constatarmos que,
ali, ninguém engana
ninguém, muito menos a
si mesmo.
De início, sentimos
queimar, dentro de nós
mesmos, o fogo do
remorso, da raiva e
clamamos, em altos
brados, por
misericórdia, nas zonas
umbralinas ou de trevas
do plano espiritual.
Entretanto, enquanto
nosso arrependimento não
for sincero e não
fizermos o sincero
propósito de retificar
nossos caminhos
equivocados, não seremos
socorridos. Chega, por
fim, após inauditos
sofrimentos, o dia em
que nossos apelos são
percebidos como
sinceros, pelos
embaixadores divinos.
Então pedimos a Deus,
humildemente, uma nova
chance. É quando Ele nos
diz, pela voz dos
arautos do Evangelho do
Cristo, ser necessário:
Renascer
É necessário renascer do
espírito,
Para de vez vencer a má
tendência,
E nunca mais fazer da
norma o grito,
E em seu lugar usar a
paciência.
A calma é sempre bem
maior que o atrito,
Quem cala evita a vã
maledicência
Do infeliz coitado,
pobre aflito,
Que não percebe o mal em
sua essência.
Quem se acomoda então no
velho drama
De reviver no mal
teimosamente
Transforma em treva o
crepitar da chama.
Quem não age no bem só
sofre e clama
Até compreender,
humildemente,
Que a paz é a virtude de
quem ama.
Agora, sim, tudo começa
a ficar claro para nós.
Se, antes, desejáramos
ser amados, e nesse
desejo nos julgávamos
merecedores dos créditos
e títulos alheios, agora
sabemos que a
verdadeira felicidade
está em amar e servir,
incondicionalmente, o
nosso próximo, para
fazer jus ao título de
pacificadores. E
“bem-aventurados os
pacificadores, porque
eles serão chamados
filhos de Deus” (Mateus,
5:9).
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