16º Congresso Estadual
de Espiritismo, em São
Paulo, discute educação
e ética
O evento realizou-se na
Arena Santos, de 18 a 21
de abril,
numa promoção
da União das Sociedades
Espíritas
do Estado de
São Paulo
Tendo como tema “Para
onde caminha da
humanidade: amor,
educação e ética”, o
16º Congresso Estadual
de Espiritismo,
realizado pela União das
Sociedades Espíritas do
Estado de São Paulo (com
correalização da USE
Regional baixada
Santista e USE
Intermunicipal de
Santos) entre 18 e 21 de
abril de 2015, aconteceu
na cidade de Santos e
teve como meta principal
promover reflexões sobre
os problemas humanos e
os caminhos propostos
pela Doutrina Espírita
na busca por um planeta
mais desenvolvido ética
e moralmente.
Realizado na Arena
Santos, moderno complexo
de 11 mil metros
quadrados, o evento foi
aberto com a conferência
“Para onde caminha a
humanidade?”, realizada
por Antonio Cesar Perri
de Carvalho. Na mesma
noite, houve homenagem a
Altivo Ferreira,
ex-diretor da FEB, a
José da Conceição Abreu,
trabalhador da região da
baixada Santista, e aos
Centros Espíritas João
Evangelista (fundado em
1880 e o mais antigo em
atividade no país) e o
Ismênia de Jesus
(fundado em 1939), ambos
localizados em Santos.
Como sempre ocorre,
tanto na abertura como
no decorrer do evento,
diversas atrações
artísticas se revezaram
no palco para deixar o
ambiente ainda mais
harmonioso e
descontraído. Harmonia,
aliás, encontrada no
sorriso e eficiência de
cada um dos quase 250
voluntários, de todas as
idades, sempre a postos
para prestar
informações, oferecer o
apoio necessário e dar
um toque especial à
vibração da grande
festa.
Gostei muito do termo
“líder servidor”,
destaca Rosana Amado
Gaspar, uma das
integrantes da Comissão
Organizadora e Diretora
do Departamento do Livro
da USE SP, ao falar dos
colaboradores. Segundo
ela, “um dos maiores
ganhos em participar da
Comissão organizadora é
conhecer pessoas e ver
crescer a família
espiritual”. Rosana
destacou, ainda, a
participação de Arlete
Idalecio, também membro
da Comissão pela USE
Baixada Santista, que
desencarnou na véspera
do evento, após grande e
afetuosa colaboração em
todas as etapas do
Congresso.
As palestras contaram
com expositores de
diversas regiões
brasileiras
Obviamente, os dois
temas mais recorrentes
nas exposições do
Congresso foram Educação
e Ética. Já na
conferência de abertura,
Cesar Perri, presidente
da FEB no período de
2012 a março de 2015,
enfatizou que sem
educação não há caminhos
para a humanidade,
destacando o papel da
Doutrina dos Espíritos
no processo de mudança
de pensamento e ação.
Defendendo o Módulo 1,
Educação para a Nova
Era, Cesar Perri
retornou ao palco para
falar sobre “Os desafios
da educação para uma
nova era”, quando
reafirmou a relevância
do aspecto educacional e
quanto o Espiritismo
pode contribuir nessa
tarefa, enquanto Dalva
S. Souza (Federação
Espírita do Espírito
Santo) destacou o papel
da “Educação Familiar”
na formação de seres
mais preparados para as
relações na sociedade.
O Módulo 2 tratou da
“Ética como ciência da
moral”, quando o jovem
presidente da AJE SP
(Associação
Jurídico-Espírita de São
Paulo) e promotor de
Justiça em São Paulo
discorreu de forma muito
abrangente sobre “A
Ética, a Moral, a
Ciência e os Direitos
Humanos”, demonstrando a
diferença entre moral e
ética e traçando um
paralelo entre a
Doutrina Espírita e os
Direitos Humanos. Também
participou desse módulo
a expositora Anete
Guimarães, do Rio de
Janeiro, com o tema
“Ética: Ciência ou
Filosofia?”. Anete foi
escolhida também para a
conferência que
homenageou os 150 anos
de O Céu e o Inferno,
obra de Allan Kardec que
completa 150 anos de
lançamento neste ano.
Ainda dentro do segundo
módulo, a médica
santista Márcia Salgado
demonstrou como a ética
espírita pode auxiliar
na regeneração
planetária.
No Módulo 3, o público
ouviu palestras sobre
“Amor – Plenitude da
Vida”, com exposição de
Alberto Almeida
(Belém-PA), André Luiz
Peixinho (Salvador-BA) e
Heloísa Pires, da
capital paulista. Com
sua tradicional simpatia
e conhecimento, Heloísa
encantou a todos falando
sobre “A construção do
Homem de Bem” e como a
transformação do ser se
dá de forma gradual e
sempre pautada no amor.
Novamente a mensagem
espírita foi citada como
ferramenta essencial
para atingir estágios
mais avançados.
Na manhã do último dia
do Congresso, antes da
conferência de
encerramento proferida
por Alberto Almeida,
foram apresentadas as
conclusões do Congresso,
resumidas no documento
intitulado “Carta de
Santos”, cujos pontos
principais são:
·
Pensar
o Centro Espírita como
casa, onde a família se
encontra e convive de
forma integrada e
compartilhada,
valorizando as relações
interpessoais;
·
Valorizar a família como
projeto divino e reunião
de espíritos com
vínculos afetivos;
·
Repensar a convivência
de trabalhadores e
dirigentes espíritas
valorizando as ações e
propostas de trabalho
como prática da
Doutrina, acima dos
procedimentos formais e
burocráticos;
·
Substituir qualquer tipo
de isolamento das casas
espíritas por maior
integração, união e
envolvimento de todos no
movimento espírita;
·
Valorizar e incentivar a
integração da criança e
do jovem no Centro
Espírita.
A avaliação dos
organizadores quanto ao
temário e às abordagens
das palestras foi
bastante positiva,
levando em conta os
aspectos do mundo
moderno. De acordo com
Allan Kardec Pitta
Veloso, Presidente da
USE Regional Baixada
Santista, “vivemos
uma profunda crise de
valores, onde o homem
moderno é chamado a
reeducar-se a si mesmo
pelo caminho da
transformação
ético-moral”. Nesse
contexto, o evento
ofereceu elementos
importantes para
reflexões e mudanças.
Oficinas: ponto alto do
16º Congresso Estadual
de Espiritismo
Concebidas para levar
informações, promovendo
também debates que levem
a mudanças de
comportamento e
aperfeiçoamento (ou
implantação) de
trabalhos executados no
meio espírita, o
Congresso ofereceu 25
oficinas que abrangeram
todos os setores da Casa
Espírita.
|
Wladisney
Lopes e
Martha
Rios
Guimarães |
|
Pelo Departamento de
Infância da USE SP,
Martha Rios Guimarães e
Wladisney Lopes
apresentaram “A
Literatura Infantil a
serviço da Educação e da
ética”. Em um país
onde se lê tão pouco –
pesquisa do mês de abril
de 2015 revelou que no
ano passado 7 entre 10
brasileiros não leram
nenhum livro –, o
objetivo da atividade
foi demonstrar
que a literatura
tem papel
essencial na
formação de
pessoas mais
esclareci- |
das e aptas a
colaborar
positivamente
com a sociedade
em geral. Além
de uma reflexão
sobre o espaço
dado à criança
nas Casas
Espíritas, a
oficina ofereceu
elementos para
seleção e
adequação de
obras a cada
faixa etária,
ideias de
fomento à
leitura, entre
outros.
|
Para Fábio Henrique
Marangoni, “as
informações obtidas na
oficina serão muito
úteis no trabalho que
executamos na Casa
Espírita, junto a
crianças e jovens.
Infelizmente, noto que
muitos adolescentes mal
sabem ler e ajudá-los
nesse quesito,
certamente, será de
grande valia”.
Como sempre ocorre
quando o assunto é
mediunidade, a oficina “Estudo
e Prática da Mediunidade”,
com Paulo Ribeiro
(Diretor do setor na USE
SP) e Silvio Costa, foi
uma das mais procuradas
e teve como proposta
apresentar uma
metodologia e dialogar
com os participantes
sobre os objetivos e
princípios do trabalho.
Em uma das experiências
provenientes de outros
Estados do país,
Humberto Portugal Karl,
do Conselho Espírita do
Rio de Janeiro, tratou
do tema “Administração
Compartilhada”, cuja
proposta é a decisão
compartilhada por um
conjunto de pessoas de
igual autoridade – algo
que se fala muito na
teoria, mas que muitas
vezes torna-se difícil
praticar em virtude do
personalismo.
Outra iniciativa que
despertou grande
interesse no público foi
a que tratou do “Centro
Espírita frente aos
problemas de Alcoolismo
e Drogas”, cujo
responsável pela
exposição foi Luiz
Fernando de Andrade
Penteado, psicólogo e
presidente da USE
Regional São Paulo. Além
de propor uma reflexão
aprofundada sobre o
problema das drogas na
sociedade e a forma como
as instituições
espíritas devem encarar
essa realidade, a
oficina propôs a união
de esforços para
vencermos a batalha
contra a destruição
trazida pelas drogas.
Para Luiz Fernando, a
melhor maneira de lidar
com a situação é buscar
com serenidade formas de
ajudar e tratar as
prováveis causas que
levam a pessoa ao vício.
“Os motivos mais
comuns são
relacionamento familiar,
falta de perspectivas e
objetivos, busca de
prazer, necessidade de
autoafirmação,
influência dos amigos”,
diz Penteado, que
completa: “não
podemos ser omissos, é
nosso dever atuar de
forma efetiva no
desenvolvimento de nossa
comunidade”.
Todas as oficinas foram
muito elogiadas pelos
participantes que,
logicamente, buscaram,
entre as opções, aquelas
que atendiam de forma
mais específica à sua
área de trabalho no
Centro Espírita.
Um Congresso se finda e
outro desponta no
horizonte
Antes mesmo do
encerramento oficial, o
16º Congresso Estadual
de Espiritismo
demonstrou seus
resultados positivos. Os
mais de mil
participantes elogiaram
a organização de modo
geral, o conteúdo
oferecido e destacaram
sobremaneira a
importância da
iniciativa para a
confraternização entre
os espíritas que, devido
à dimensão geográfica do
estado de São Paulo, não
conseguem se ver
pessoalmente com a
frequência desejada.
Júlia Nezu, Presidente
da USE São Paulo,
acredita que “o
conteúdo oferecido pelo
evento proporcionou um
convite às lideranças do
Espiritismo para uma
profunda reflexão e
aperfeiçoamento de
nossas ações em favor da
paz e progresso moral na
Terra”.
A pesquisa feita no
final do evento revelou
que os congressistas
compartilham dessa
opinião. Além disso, em
sua maioria, as pessoas
destacaram o “estar
perto” como um dos
maiores benefícios do
evento. Para elas, uma
excelente notícia: os
membros do Conselho
Deliberativo Estadual
(reunidos na noite de 20
de abril, após as
Oficinas) votaram a
favor da antecipação do
17º Congresso para o ano
de 2017, quando a USE
São Paulo comemorará 70
anos de existência.
Dessa vez a espera para
confraternizar com os
companheiros de ideal
será menor.
Nota:
As fotos
que ilustram esta
reportagem são de Álvaro
Ramos.
|