EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Indaiatuba, SP
(Brasil)
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Quem é que nos
espera?
Nada existe a
não ser
momentaneamente,
em sua forma e
cor presentes.
Uma coisa se
transforma em
outra e não pode
ser detida.
Antes que a
chuva pare
ouvimos o trinar
de um pássaro.
Mesmo sob o peso
da neve vemos
campânulas
brancas e alguns
rebentos. Já vi
ruibarbos no
Leste. No Japão,
comemos pepino
na primavera. -
Shunryu Suzuki
É uma história
enrolada a que
vivemos.
Contamos com
poucas
referências, e o
caminho – a
areia lúbrica –
revela-se
nebuloso.
Mas não vou
registrar agora
nenhuma nota
longa.
Vou apenas lhes
dizer que
podemos avançar
sem desviar o
rosto,
procurando
validar as
inspirações que
nos chegam ao
amanhecer,
quando nos pomos
de pé para o
café, no próprio
ato de preparar
o café e receber
o dia.
Colocar-se com
atenção no
desjejum para
intuir que o dia
nos oferecerá um
mínimo para nos
guiar em meio ao
caos que está a
parir a nova
ordem, na qual
as pessoas se
ajudarão sem
temor ou
cálculos
matemáticos
descarados (ou
camuflados), só
o farão por
gentileza e
solidariedade.
E por isso,
felizmente um
dia, os maus e
as ditaduras,
domésticas e
públicas, serão
folhas secas que
estalam e
estarão a
correr, junto de
um arroio, os
inúmeros que
fazem os
caminhos. As
vidas seguirão
em paz, pois não
existirão os
sicários do medo
para paralisar a
leveza de uma
mulher no Irã,
nem chocar a
alegria de um
menino africano
vivente em
Hamburgo.
Por enquanto,
indubitavelmente,
algumas
minorias,
distribuídas em
uma maioria
morna, estão
metidas com
compaixão e
serviço, vocês
me dirão.
E por isso
reagimos, frente
a essas
minorias, como
se alguém
falasse de um
manual escasso
de (suave)
comportamento.
Amigo ou amiga,
quem é que nos
espera?
É o anoitecer
ainda.
Mas vamos
continuar no
mundo. Há muita
gente dormindo e
não podemos
despertá-las.
Entretanto, não
percamos a
oportunidade de
fazer um poema
na travessia,
porque não somos
desertores.
É isso o que
somos, penso:
viajantes muito
dispostos a
passar o tempo
fatigando o
corpo para
iluminar os
sentidos, e, de
um jeito muito
próprio,
realizar a
natureza
copiosamente do
caminho e, por
amor tão fundo
em nossas almas,
que mal
respiramos, o
mistério
luminoso no
coração intacto.
E do caos já
partimos para o
Novo Mundo.
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puder,
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