ROGÉRIO COELHO
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Muriaé, MG (Brasil)
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Abstinência & celibato segundo Emmanuel e Joanna de Ângelis
O sexo foi colocado a serviço da vida e não esta à sua servidão
– O celibato voluntário representa um estado de perfeição meritório aos olhos de Deus? "Não. E os que assim vivem, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam o mundo.” (O Livro dos Espíritos, questão 698.)
Lembra-nos Divaldo Pereira Franco que “(...) um dos nossos desafios é manter o equilíbrio sexual, mesmo que sejamos estimulados pela sociedade contemporânea à vulgaridade.
Quando exercemos o sexo, sem educação mental, dando azo à pornografia e à utilização de recursos esdrúxulos, produzimos mecanismos de desajuste psicoemocional. A mídia e os meios de difusão da arte projetam conceitos ilusórios em torno do sexo, que contribuem para o nosso desequilíbrio.
(...) Somente os estímulos sexuais produzidos pela mente bem direcionada, acompanhada do toque do amor, são capazes de gerar saúde integral...”
COMPROMISSOS ÉTICO-MORAIS EM RELAÇÃO À CONDUTA SEXUAL
“Os saudáveis relacionamentos sexuais favorecem equilíbrio emocional entre o ego e o Self, proporcionando real alegria de viver...
Lamentavelmente, porém, a vulgarização do ato sexual, apresentado mais como resultado de condimentos eróticos do que resultado de sentimentos que se fundem através do amor, gera expressivo número de comportamentos alienantes, que culminam por transtornos de vário porte. Não são poucos os desconfortos defluentes do ato sexual em face dos distúrbios entre a imaginação, os fetiches, os condicionamentos emocionais e a realidade... A timidez de uns e o atrevimento de outros facultam choques de conduta que se revelam profundamente perturbadores nos relacionamentos, quando se deveria primar pelo equilíbrio, mediante condutas ético-morais pertinentes a uma função de tão complexo significado, qual a de natureza sexual.
Os vícios a que se acostumam os indivíduos, mediante a autossatisfação e a exacerbação dos estímulos pela imaginação, os desvios de conduta sexual, raiando para verdadeiras aberrações criam dependências emocionais, que não encontram satisfação quando no uso equilibrado das funções genésicas... Ademais, trazendo no inconsciente profundo as marcas dos compromissos infelizes do passado, a atual existência faz-se assinalada por inseguranças e medos, quando não por distúrbios do sentimento e dubiedade de conduta, mantendo um comportamento social correspondente às exigências do grupo em que se encontra e outro de natureza mental, vicioso, vulgar, promíscuo...
As paisagens mentais de incontável número de pessoas apresentam-se ricas de imagens chulas e atentatórias ao pudor, impondo devaneios que se tornam cada vez mais inquietantes, pela impossibilidade de se tornarem realidade no mundo das formas. Estorcegam, esses, que se permitem o prolongamento da anomalia, sem buscarem psicoterapias convenientes, em verdadeiros conflitos que defluem da viciação mental em que transitam.
Negando-se a situação de enfermos em processo de recuperação, fogem da realidade para os guetos morais dos lupanares e motéis onde se encontram à disposição os instrumentos do prazer doentio, ampliando a área emocional de insatisfação e desatino que culminam por danos psicológicos, às vezes, irreversíveis.
O Self acumula as experiências e as amplia em cada jornada reencarnatória, propiciando as condutas compatíveis com os hábitos armazenados. Por essa razão, cada qual vivencia aquilo a que está acostumado, embora deva buscar a renovação e a aprendizagem de novas experiências que conduzam à saúde moral e física, mental e emocional, para a qual a função sexual desempenha um papel de significativa importância.
O relaxamento dos valores éticos e morais dá margem aos voos da imaginação exacerbada, propondo prazeres exaustivos de qualquer forma, que não conseguem acalmar os seus aficionados. Quanto mais se vulgarizam os atos sexuais, mais necessidades falsas se apresentam para o seu atendimento. Por isso que a lamentável contribuição da pornografia com todos os seus derivados torna-se de resultados danosos ao saudável relacionamento entre dois indivíduos masculino e feminino. Certamente, não se torna necessária qualquer técnica de castração, de impedimento à realização sexual. Nada obstante, a liberação exagerada e os ingredientes que são oferecidos para os bons resultados são mais morbosos do que salutares.
O sexo deve ser considerado como órgão proporcionador de alegria, mas também de funções específicas, ou seja, aquelas que lhe são pertinentes, e não apenas de prato apetitoso de gozos infindáveis. Não é, portanto, o sexo que aturde o indivíduo, mas a sua mente e conduta depravada que o levam ao desvario. Como justificativa para a alucinação que toma conta de grande parte da sociedade, facilitam-se as condutas sexuais conforme os padrões de cada pessoa, dando lugar aos abusos da função e aos desvarios da prática.
Tudo quanto violenta a natureza em si mesma, nas suas construções e apresentações, nas suas finalidades orgânicas, transforma-se em motivo de desordem, afetando o ser humano de maneira significativa.
O sexo foi colocado a serviço da vida e não esta à sua servidão...
O ser humano, possuidor de inteligência e de consciência, dispõe de mecanismos superiores para o trânsito evolutivo pela área da razão, utilizando-a para a vivência equilibrada das funções de todos os órgãos, ao invés da exaltação e preferência de um deles, em detrimento dos demais. Decorre desse abuso o exaurimento de energias, a saturação do tipo do prazer experimentado, o desinteresse emocional pela vida fora dessa única realização, o tédio existencial, fugindo-se, então, para o alcoolismo, a drogadição, a revolta...
Quando se descamba no rumo das dependências referidas, começam a desagregação da personalidade, a instalação de transtornos depressivos profundos, de alienações da realidade, até o momento infeliz do surto que empurra para o suicídio ou para o homicídio. Por outro lado, a vivência desregrada pelo abuso sexual ou pelo seu uso indevido, antiético, já é uma forma de distúrbio de conduta e uma indireta opção mesmo que inconsciente, às vezes, pelo suicídio a que se lança o paciente.
A vida é rica de objetivos elevados, cabendo ao Self estruturar-se de forma que a sombra escura ceda passo à claridade do discernimento das finalidades existenciais, além da eleição de uma área de comportamento especial. Toda vez quando o ser cinge-se a um tipo de conduta com desligamento da complexidade delas, que produz a saúde emocional e mental, experimenta inquietação íntima e insatisfação por mais se afervore no que faz, às vezes, fanatizando-se, como mecanismo de fuga do conflito em que se debate.
Nesse sentido, quando se apresentam conflitos entre a polaridade física e a psicológica, facultando a afetividade homossexual, cabe aos indivíduos a vivência da ética-moral, deixando-se inspirar pelo amor real e sublimando os sentimentos. Quando essa meta não é conseguida, o afeto e o respeito devem constituir recursos valiosos para a parceria, evitando-se a promiscuidade, o comportamento exótico e provocador, que caracteriza transtorno da emoção, agressividade contra a sociedade que, afinal, não é responsável pelos conflitos de cada cidadão.
A interiorização do sentimento de amor depois de trabalhado com esmero expande-se dignificante e rico de bênçãos em todas as áreas do comportamento humano não apenas expressando-se elevado nos relacionamentos heterossexuais.
Constatado que o homossexualismo não tem natureza patológica, nem é impositivo neuronal, conforme os estudos de nobres neurocientistas da atualidade e reconhecida a tese pela Organização Mundial de Saúde podemos afirmar, sim, que se encontra geneticamente assinalando alguns neurônios, de forma que a produção de hormônios seja compatível com as heranças espirituais do passado, sempre as grandes delineadoras do presente e do futuro, ou com as necessidades evolutivas...
O Espírito progride viajando através de ambas as polaridades, masculina e feminina, facultando que, na mudança de uma para outra, por necessidade de progresso, as marcas (arquétipos) da existência anterior fixem-se na constituição atual, sem nenhum caráter de natureza cármica, punitiva, como pretendem alguns estudiosos, ou por efeito da necessidade de retificação de erros anteriormente praticados, vivenciando novas experiências iluminativas.
Seja, no entanto, qual for, a causa anterior que responde pela atual conduta homossexual, por esse conteúdo anima que se encontra no ser masculino, assim como pelo animus que faz parte da constituição feminina, adquirindo prevalência e impondo a necessidade de atendimento, a conduta moral do Espírito irá delinear-lhe a existência harmônica ou conflitiva, insatisfeita ou não, pela qual transitará.
O fato de alguém amar outrem do mesmo sexo não significa distúrbio ou desequilíbrio da personalidade, mas uma opção que merece respeito, podendo também ser considerada como certa predisposição fisiológica. Pode-se considerar como uma necessidade sexual diferente com objetivos experimentais no processo da evolução.
O amor, no entanto, será sempre o definidor de rumos em favor do ser humano em toda e qualquer situação em que o mesmo se encontre”.
ABSTINÊNCIA & CELIBATO
“Abstinência em matéria de sexo e celibato na vida de relação pressupõe experiências da criatura em duas faixas essenciais – a daqueles Espíritos que escolhem semelhantes posições voluntariamente para burilamento ou serviço, no curso de determinada reencarnação, e a daqueles outros que se veem forçados a adotá-las, por força de inibições diversas.
Indubitavelmente, os que consigam abster-se da comunhão afetiva, embora possuindo em ordem todos os recursos instrumentais para se aterem ao conforto de uma existência a dois com o fim de se fazerem mais úteis ao próximo, decerto que traçam a si mesmos escaladas mais rápidas aos cimos do aperfeiçoamento.
Agindo assim, por amor, doando o corpo a serviço dos semelhantes, e, por esse modo, amparando os irmãos da humanidade, através de variadas maneiras, convertem a existência, sem ligações sexuais, em caminho de acesso à sublimação, ambientando-se em climas diferentes de criatividade, porquanto a energia sexual neles não estancou o próprio fluxo; essa energia simplesmente se canaliza para outros objetivos - os de natureza espiritual. E, em concomitância com os que elegem conscientemente esse tipo de experiência, impondo-se duros regimes de vivência pessoal, encontramos aqueles outros, os que já renasceram no corpo físico induzidos ou obrigados à abstinência sexual, atendendo a inibições irreversíveis ou a processos de inversão pelos quais sanam erros do pretérito ou se recolhem a pesadas disciplinas que lhes facilitem a desincumbência de compromissos determinados, em assuntos do Espírito.
Num e noutro caso, identificamos aqueles que se fazem chamar, segundo os ensinamentos evangélicos, como sendo ‘eunucos por amor do Reino de Deus’. Esses ‘eunucos’, porém, muito ao contrário do que geralmente se afirma, não são criaturas psicologicamente assexuadas, respirando em climas de negação da vida. Conquanto abstêmios da emotividade sexual, voluntária ou involuntariamente, são almas vibrantes, inflamadas de sonhos e desejos, que se omitem, tanto quanto lhes é possível, no terreno das comunhões afetivas, para satisfazerem as obrigações de ordem espiritual a que se impõem. Depreende-se daí a impossibilidade de se doarem a quaisquer tarefas de reparação ou elevação sem tentações, sofrimentos, angústias e lágrimas e, às vezes, até mesmo escorregões e quedas, nos domínios do sentimento, de vez que os impulsos do amor nelas se mantêm com imensa agudeza, predispondo-as à sede incessante de compreensão e de afeto.
Entendendo-se os valores da alma por alimento do Espírito, impossível esquecer que a produção do bem e do aprimoramento se realiza à base de atrito e desgaste.
A semente é segregada no solo para desvencilhar-se dos empeços que a constringem, de modo a formar o pão, e o pão, a rigor, não se completa em forno frio; a força no carro não surge sem a queima de combustível, e o motor não lhe garante movimento sem aquecer-se em nível adequado.
Abstinência e celibato, seja por decisão do homem ou da mulher, interessados em educação dos próprios impulsos, no curso da reencarnação, ou seja, por deliberação assumida, antes do renascimento na esfera física, em obediência a fins específicos, não contam indiferença e nem anestesia do sentimento.
Celibato e abstinência, em qualquer forma de expressão, constituem tentames louváveis do ser - experiências de caráter transitório -, nos quais a fome de alimento afetivo se lhes transforma no imo do coração em fogo purificador, acrisolando-lhes as tendências ou transfigurando essas mesmas tendências em clima de produção do bem comum, através do qual, pela doação de uma vida, se efetua o apoio espiritual ou a iluminação de inúmeras outras.
Tais considerações nos impelem a concluir que a vida sexual de cada criatura é terreno sagrado para ela própria, e que, por isso mesmo, abstenção, ligação afetiva, constituição de família, vida celibatária, divórcio e outras ocorrências, no campo do amor, são problemas pertinentes à responsabilidade de cada um, erigindo-se, por essa razão, em assuntos, não de corpo para corpo, mas de coração para coração.’’