O leitor Arnaldo Leite dos Santos, de Lajeado
(TO), em carta publicada na
edição passada, encaminhou à
nossa revista as seguintes
questões relacionadas com a
aplicação dos passes
magnéticos:
O passista em atividade pode
tocar no paciente? pode
cantar baixinho algum hino
espírita para efeito de
concentração? pode fazer
prece em voz alta durante o
passe? Pode gesticular? ou
apenas ficar com braços
estendidos parados! Precisa
estar em "jejum" ou seja não
ter ingerido almoço ou
janta? É verdade que o café
ingerido antes da aplicação
do passe pode ser ruim? É de
bom alvitre que o passista
permaneça com os braços
levantados apenas as mãos
podem se movimentar? O que
dizer de centros onde os
passistas usam vestimentas
brancas?
Antes de responder objetivamente às perguntas
propostas, é bom recordar
algo que nos parece
fundamental com relação à
imposição das mãos e o
chamado passe magnético.
Lemos no texto que compõe a 11ª Sessão de
Exercício Prático do Centro
de Orientação e Educação
Mediúnica (COEM), obra
elaborada pelo Centro
Espírita Luz Eterna, de
Curitiba (PR), sob a
supervisão do Dr. Alexandre
Sech:
“A imposição de mãos, como o
fez Jesus, é o exemplo
correto de transmitir o
passe. Os movimentos que
gradativamente foram sendo
incorporados à forma de
aplicação do passe criaram
verdadeiro folclore quanto a
esta prática espírita,
desfigurando a verdadeira
técnica.
“Os passistas passaram a se
preocupar mais com os
movimentos que deveriam
realizar do que com o
dirigir seus pensamentos
para movimentar os fluidos."
Referindo-se ao assunto, José Herculano Pires
foi enfático:
"O passe espírita é
simplesmente a imposição das
mãos, usada e ensinada por
Jesus, como se vê nos
Evangelhos. Origina-se das
práticas de cura do
Cristianismo Primitivo. Sua
fonte humana e divina são as
mãos de Jesus. O passe
espírita não comporta as
encenações e gesticulações
em que hoje o envolveram
alguns teóricos
improvisados, geralmente
ligados a antigas correntes
espiritualistas de origem
mágica ou feiticista. Todo o
poder e toda a eficácia do
passe espírita dependem do
espírito e não da matéria,
da assistência espiritual do
médium passista e não dele
mesmo. Os passes
padronizados e classificados
derivam de teorias e
práticas mesméricas,
magnéticas e hipnóticas de
um passado há muito
superado. Os Espíritos
realmente elevados não
aprovam nem ensinam essas
coisas, mas apenas a prece e
a imposição das mãos. Toda a
beleza espiritual do passe
espírita, que provém da fé
racional no poder
espiritual, desaparece ante
as ginásticas pretensiosas e
ridículas gesticulações.” (Obsessão,
o passe, a doutrinação,
editora Paideia, págs. 35 a
37.)
A orientação acima, manifestada pelo Dr.
Alexandre Sech e por José
Herculano Pires,
fundamenta-se no que Allan
Kardec publicou em janeiro
de 1864 na Revista
Espírita (Edicel, ano de
1864, pág. 7), na qual ele
transcreveu mensagem de
Mesmer (Espírito), recebida
na Sociedade Espírita de
Paris em 18/12/1863, em que
Mesmer, analisando as curas
espirituais, afirma que Deus
sempre recompensa a pessoa
sincera que pede a ajuda
espiritual, enviando-lhe o
socorro para que ela possa
auxiliar o enfermo. "Esse
socorro que envia são os
bons Espíritos que vêm
penetrar o médium de seu
fluido benéfico, que é
transmitido ao doente", diz
Mesmer, que a seguir
acrescenta: "Também é por
isto que o magnetismo
empregado pelos médiuns
curadores é tão potente e
produz essas curas
qualificadas de miraculosas,
e que são devidas
simplesmente à natureza do
fluido derramado sobre o
médium; ao passo que o
magnetizador ordinário se
esgota, por vezes em vão, a
fazer passes, o médium
curador infiltra um fluido
regenerador pela simples
imposição das mãos, graças
ao concurso dos bons
Espíritos".
*
Dito isso, eis nossa resposta às perguntas
formuladas pelo leitor:
-
O passista pode tocar no
paciente? O passista
pode gesticular ou
apenas ficar com braços
estendidos parados? É de
bom alvitre que ele
permaneça com os braços
levantados, movimentando
apenas as mãos?
O passe não comporta gesticulações nem a
movimentação de braços e
mãos. Basta, como vimos
acima, a imposição das mãos.
No livro Conduta Espírita, cap. 28, André
Luiz lembra-nos que na
aplicação de passes não há
necessidade da gesticulação
violenta, da respiração
ofegante ou do bocejo
costumeiro, nem do toque
direto no paciente.
Em O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 176, 2ª pergunta, Kardec
reproduz uma informação dada
por um instrutor espiritual
segundo o qual a força
magnética reside no homem,
mas é aumentada pela ação
dos Espíritos que ele chama
em seu auxílio.
Esclareceu, em seguida, o instrutor espiritual:
“Se magnetizas com o
propósito de curar, por
exemplo, e invocas um bom
Espírito que se interessa
por ti e pelo teu doente,
ele aumenta a tua força e a
tua vontade, dirige o teu
fluido e lhe dá as
qualidades necessárias".
Vê-se, pois, que não são as mãos do médium
passista que dirigem o
fluido, mas o Espírito que
vem em seu socorro e o
secunda na atividade do
passe.
Quanto à fórmula a ser adotada pelo passista,
Emmanuel escreveu: “O passe
poderá obedecer à fórmula
que forneça maior
porcentagem de confiança,
não só a quem o dá, como a
quem o recebe. Devemos
esclarecer, todavia, que o
passe é a transmissão de uma
força psíquica e espiritual,
dispensando qualquer
contacto físico na sua
aplicação”. (O Consolador,
pergunta 99.)
-
O médium precisa estar
em jejum, ou seja, não
ter ingerido alimentação
antes do passe? É
verdade que o café
ingerido antes da
aplicação do passe pode
ser ruim?
Antes dos trabalhos de natureza mediúnica – e a
atividade do passe se
enquadra nisso – é bom que a
alimentação seja leve.
Sobre a natureza mediúnica da atividade, é bom
lembrar o ensinamento
contido no cap. XIV, item
176, 1ª pergunta, d´O
Livro dos Médiuns.
André Luiz, em se referindo aos tarefeiros da
atividade mediúnica, tratou
do tema alimentação no cap.
2 do livro Desobsessão,
no qual recomenda que a
alimentação, durante as
horas que precedem a tarefa,
seja leve. A digestão
laboriosa consome grande
parcela de energia,
impedindo a função mais
clara e mais ampla do
pensamento.
Esclarece André Luiz: “Aconselháveis os pratos
ligeiros e as quantidades
mínimas, crendo-nos
dispensados de qualquer
anotação em torno da
impropriedade do álcool,
acrescendo observar que os
amigos ainda necessitados do
uso do fumo e da carne, do
café e dos temperos
excitantes, estão convidados
a lhes reduzirem o uso,
durante o dia determinado
para a reunião, quando não
lhes seja possível a
abstenção total,
compreendendo-se que a
posição ideal será sempre a
do participante dos
trabalhos que transpõe a
porta do templo sem
quaisquer problemas alusivos
à digestão”.
Com efeito, na orientação colhida nas obras do
COEM, a que nos referimos no
preâmbulo, é dito que o
passe poderá ser até
maléfico se o passista
estiver com o organismo
intoxicado por excesso de
alimentação ou vícios, como
fumo, álcool e as drogas em
geral.
-
Que dizer de centros
onde os passistas usam
vestimentas brancas?
Trata-se de um costume sem nenhum embasamento
doutrinário. O médium J.
Raul Teixeira refere-se ao
assunto no livro
Diretrizes de Segurança.
Afirma Raul Teixeira nessa obra: “À luz do
pensamento espírita, nenhuma
necessidade existe para o
uso de roupas especiais, ou
vestes de quaisquer
naturezas, nos cometimentos
mediúnicos espíritas, que
possam designar símbolos ou
paramentação inadequada aos
eventos doutrinários. Até
porque, perante a expressão
de Jesus, trazendo-nos a
imagem do ‘túmulo caiado por
fora escondendo putrefação
na intimidade’, notamos a
importância de cada um
alimpar-se por dentro,
tecendo, com os esforços da
sua transformação moral, a
anelada ‘túnica nupcial’, a
que Jesus se referiu na
parábola do festim de
bodas”. (Diretrizes de
Segurança, pergunta n.
100.)
Perguntaram-lhe: As cores das roupas que os
médiuns estejam usando
interferem na qualidade do
fenômeno mediúnico? Raul
respondeu: “Em nada
interferem as cores de uso
externo do médium na
qualidade dos fenômenos
mediúnicos. Interagem, isto
sim, as ‘cores’ de dentro, o
caráter, o modo de ser e de
viver de cada um”. (Obra
citada, pergunta 101.)
No cap. 25 do livro Desobsessão,
reportando-se ao vestuário
usado pelos médiuns, André
Luiz recomenda apenas que o
médiuns utilizem o vestuário
que seja mais cômodo para a
tarefa, não importando, no
entanto, sua cor.
-
Pode cantar baixinho
algum hino espírita para
efeito de concentração?
Pode fazer prece em voz
alta durante o passe?
Em ambos os casos, trata-se de um
condicionamento
desnecessário. No passe, diz
Divaldo Franco, o que vamos
transmitir "é uma radiação
que fomenta no paciente uma
reativação dos seus fulcros
energéticos para
restabelecer-lhe o
equilíbrio". "O passe é,
antes de tudo, uma
transfusão de amor."
Isso significa que o pensamento do médium
passista deve estar focado
nesse objetivo, e para isso
o recolhimento é importante,
como J. Raul Teixeira lembra
na resposta que deu à
pergunta 76 do livro
Diretrizes de Segurança:
“Nos momentos dos passes,
todo o recolhimento é
importante. O silêncio para
a oração profunda, silêncio
do aplicador e silêncio por
parte de quem recebe,
facilitando a penetração nas
ondas de harmonia que o
passe propicia”.
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