PAULO OLIVEIRA
psdo@uol.com.br
Santos, SP
(Brasil)
|
|
Instruções
finais
Quando atenderes
a um desses
pequeninos é a
mim que atendes
“(...)
Depois que
lhes lavou os
pés, e tomou as
suas vestes, e
Se
assentou outra
vez à mesa,
disse-lhes:
entendeis o que
vos tenho
feito?”
(João 13:12)
Remontando à
cena da última
ceia de Jesus
com Seus
discípulos vamos
encontrá-los
celebrando a
festividade que
comemorava a
fuga do povo
hebreu do Egito.
Era um momento
de aconchego com
Jesus, em que
reinavam a
confiança e a
tranquilidade,
estando, a
maioria deles,
felizes naquele
instante em que
se dedicavam ao
convívio com o
Mestre, pois
podiam ouvi-Lo e
compartilhar de
Sua presença
calorosa.
Prevendo os
fatos dolorosos
que se seguiriam
àquela
festividade, no
intuito de
deixar mais uma
lição, não só
para aqueles que
desfrutavam de
Sua companhia
naquele momento,
mas também para
a posteridade,
Jesus
levantou-Se e
retirou Sua
capa,
cingindo-Se
com uma toalha,
como era típico
dos serviçais
das casas nobres
da época, e
começou a lavar
os pés dos
discípulos, fato
que gerou
surpresa, diante
do não
entendimento do
significado
daquela atitude.
Pedro chegou
mesmo a afirmar
que jamais
permitiria que o
Mestre lhe
lavasse os pés,
pois, para ele,
isso era
inadmissível.
Jesus, no
entanto,
responde: “se
eu não te lavar,
não terás parte
comigo”.
Diante dessa
afirmativa, dita
com tanta ênfase
e autoridade,
Pedro permite
que aquele ato
se
concretizasse,
de acordo com a
vontade do
Mestre.
Voltando, em
seguida ao seu
lugar, Jesus
continuou Sua
exemplificação,
e ofereceu a
todos o pão e o
vinho, para que
todos se
alimentassem,
completando a
ação com as
belíssimas
palavras: “Fazei
isso em memória
de mim”.
Muito
significativa é
a resposta de
Jesus a Pedro,
pois esta
indicava que,
para se ter
parte com o
Mestre, deve o
verdadeiro
discípulo
aceitar as
situações que se
lhe apresentarem
durante sua
vida, por mais
absurdas que
possam parecer.
Porém, o homem
que só consegue
raciocinar as
coisas do Céu
através das
coisas da Terra,
logo
materializou o
ensinamento em
um ato
simbólico,
buscando
simplificar e
possibilitar a
sua prática,
imaginando,
dessa forma,
poder ter parte
com Jesus, pelo
simples
cumprimento de
uma formalidade.
A pergunta feita
por Jesus
continua
vibrando: “Entendeis
o que vos tenho
feito?”
Na faixa de
evolução em que
nos encontramos,
o ser humano
necessita ainda
representar o
ensino do Mestre
em algo
palpável, para
que possa ser
realizado sem
maior
dificuldade. Mas
a simbologia do
ato transcende
quaisquer ações
materialistas,
exigindo-nos
maior grau de
raciocínio e
entendimento:
Jesus é um
Mestre de ação.
Usava a palavra
para comunicar,
no entanto agia
sempre em
consonância com
Sua fala,
demonstrando,
pelo exemplo,
aquilo que
ensinava. Dessa
maneira, devemos
sempre procurar
a significação
maior, mais
ampla, nos
menores atos
praticados por
Ele, para
encontrarmos o
verdadeiro
ensinamento.
Nessa passagem
há a
exemplificação
da necessidade
do servir,
reforçando o
mandamento que
todo cristão
deve ter como
lema: “que
vos ameis uns
aos outros como
eu vos amei”.
Porquanto, ser
um servidor é
corresponder ao
padrão que Jesus
indicou para
Seus seguidores:
“Ora, se eu,
Senhor e Mestre,
vos lavei os
pés, vós deveis
também lavar os
pés uns aos
outros.”,
ensino profundo
que deve ser
observado por
todos,
indistintamente...
O Divino Mestre
deixa como
exemplificação
máxima a
humildade,
indicando-nos
que essa deve
ser a opção do
verdadeiro
cristão, que
será reconhecido
por sua
capacidade de
desprendimento.
Deixa, às
vésperas do
encerramento de
Sua missão
terrena, a
mensagem do
servir àqueles
que nos rodeiam,
pois todos somos
irmãos em
Cristo. Esse
ensino assume,
no entanto,
maior
significância
para o espírita
convicto, pois
está devidamente
esclarecido
sobre o mundo
espiritual,
devendo essa sua
capacidade de
servir
estender-se além
dos limites do
mundo corpóreo.
No entanto, o
exercício da
humildade é uma
tarefa muito
difícil, como
bem o sabemos,
pois nosso
orgulho grita
com voz
insidiosa para
buscarmos
primeiramente os
próprios
interesses, em
detrimento do
auxílio ao nosso
próximo. Ainda, a
maioria de nós
tem muito mais o
desejo de ser
servido.
Queremos ser
recompensados e
receber as
pompas a que
acreditamos ter
direito.
Consequentemente,
ousamos colocar
Jesus, e Seus
mensageiros, na
posição de
nossos
serviçais,
exigindo que nos
atendam em todos
os nossos
desejos, por
mais mesquinhos
que estes possam
ser,
constituindo-se
essa atitude, em
essência, uma
total subversão
de Seu
ensinamento.
Após ter sofrido
o doloroso peso
da ignorância
humana, Jesus
ressurge
resplendente,
primeiro a Maria
de Magdala, e,
no mesmo dia,
segundo
relata-nos o
Evangelho de
Lucas (24:13),
aparece a dois
de Seus
discípulos no
caminho de
Emaús. Estes não
O reconheceram
de imediato.
Conversaram por
todo o caminho,
contando estes,
ao peregrino
estranho, o que
ocorrera em
Jerusalém
naqueles dias, e
o Mestre,
ensinando-lhes
uma vez mais,
relembrava-os de
tudo que já
havia sido
previsto a
respeito da
vinda do
Messias, citando
Moisés e os
profetas.
O reconhecimento
só aconteceu
quando os
viajantes, já
assentados à
mesa da
refeição,
percebem a
presença do
Mestre quando
Este, ao
repartir o pão,
serve-o aos
companheiros de
viagem.
Gostaríamos de
reforçar que
Jesus só foi
reconhecido
quando serviu
aos discípulos.
Será que
reconhecemos o
Cristo quando se
apresenta em
nossas vidas?!
Ele está ao
nosso lado
verdadeiramente,
através de Seus
ensinos, mas,
com frequência,
não O
reconhecemos.
Revela-se o
Divino Amigo em
nossas vidas
toda vez que
temos a
oportunidade de
lavar os pés de
nosso próximo,
ou seja, atender
aos
necessitados,
amparar o que
está desiludido,
orientar aqueles
que andam pelas
trevas do erro e
do desespero.
Tal qual os
discípulos da
cena imorredoura
de Emaús, não
enxergamos o
Cristo, pois
estamos
enceguecidos
pelo nosso
orgulho e
vaidade, pelo
egoísmo que nos
impede de
reconhecê-LO nos
necessitados que
se aproximam de
nós. Nossa visão
está turvada
pelos intensos
apelos da nossa
inferioridade
espiritual, que
nos impede de
perceber que
nunca estamos
sozinhos, e que
as dificuldades
do caminho nada
mais são do que
oportunidades
para o exercício
do mandamento
que Jesus nos
deixou: “amai
o vosso próximo
como a vós
mesmos”.
Praticar a
caridade é o
melhor meio de
servirmos ao
nosso próximo,
pois esta é o
amor vivido e
verdadeiro; amor
que não cobra e
não espera
recompensa... O
verdadeiro amor
apenas dá e
compreende as
dificuldades do
outro até para,
eventualmente,
poder receber.
Paulo de Tarso,
o apóstolo dos
gentios,
conclama-nos: “sede
meus imitadores,
como também eu,
de Cristo”.
Imitar o Cristo
significa não se
restringir a
atos mecânicos,
mas sim,
fundamentalmente,
exercitar o amor
sincero no
serviço àqueles
que compartilham
o nosso caminho.
Somente assim
seremos
reconhecidos por
Jesus como Seus
verdadeiros
seguidores. “Fazei
isso em memória
de mim!”