Humildade
Amigo(a) leitor(a),
quando você leu o título
deste artigo, muito
provavelmente pensou em
Jesus.
E aí nos perguntamos: “o
que é HUMILDADE”? O que
é ser humilde?
Sabemos que as palavras
vão sofrendo alterações
semânticas ao longo dos
anos. Por vezes, chegam
até a uma conceituação
quase que contraditória.
Já na sua origem, há
termos que, de acordo
com sua propagação, via
erudita ou via popular,
seu significado já se
diferencia. Imaginemos
dois mil anos mais
tarde... HUMILDADE é um
desses termos, um dos
que mais é interpretado
subjetivamente. Por
isso, provoca tantos
desentendimentos,
julgamentos inadequados
e reflexão.
James C. Hunter em seu
livro “Como se tornar
um Líder Servidor –
Os Princípios de
Liderança de O Monge e o
Executivo”
magistralmente disserta
sobre HUMILDADE. Diz
ele: “Como o seu oposto
é arrogância, vaidade ou
orgulho, muitas pessoas
associam erradamente
humildade com
passividade, modéstia ou
até mesmo com baixa
autoestima (tenham pena
de mim)”. E continua:
“Muito pelo contrário.
Os líderes humildes...
quando atingidos em sua
escala de valores,
princípios morais e
senso de justiça, podem
ser tão destemidos
quanto um leão”. “Eles
sabem que vieram ao
mundo sem nada e que
partirão sem nada e, por
isso mesmo, aprenderam a
se controlar e a não ser
egoístas”.
Hoje, a maioria das
pessoas acredita que ser
humilde é ser bonzinho,
é tudo perdoar ao
próximo, permitindo que
nosso próximo se arrogue
o direito de nos ofender
enquanto “humildemente”
permanecemos em
silêncio, serenos e
impávidos, porque somos
HUMILDES... E é assim
que, em nome de uma
falsa humildade, viramos
seres amorfos,
verdadeiros “capachos” à
superfície, o famoso
bonzinho só “para inglês
ver”, mas, por dentro,
quantas vezes
descobrimos seres
revoltados, invejosos,
querendo impor sua
autoridade, com um ego
do tamanho de um bonde,
manipulando, controlando
e destilando venenos,
vinganças, sempre com um
sorriso de beatitude
afivelado no rosto. É,
meus amigos, a carne é
fraca e a nossa reforma
íntima também o é!
Voltando a Jesus. Ele
não tinha nada de
“bonzinho”, Ele tinha,
sim, uma compaixão
universal, profunda,
magnânima, CONSTANTE,
CONTÍNUA, PERMANENTE,
sabia perdoar sem
compactuar, e aceitou a
cada um de nós como
somos, compreendendo
nossas qualidades e
defeitos.
A verdadeira HUMILDADE,
a humildade de Jesus,
caracteriza-se pela
firmeza ideológica. Ele
sabia o que ensinava e
como fazê-lo, e não
recuou um milímetro
sequer na convicção de
seus Ensinamentos, da
Palavra. Nunca fez como
nós que, quantas vezes,
ao simples embate de
alguma ideia antagônica
–, principalmente se
vier de alguém a quem
devemos algum favor, por
quem temos alguma
simpatia, ou a quem
temos que nos sujeitar
ao seu mando, às vezes
até por interesses
financeiros –, recuamos
e entramos no “bem,
talvez sim, talvez não,
não foi exatamente isso
que eu disse”, tentando
ser conciliadores e nos
darmos bem com todos.
Sendo um símbolo da
verdadeira HUMILDADE, a
palavra de Jesus era
sim, sim, e não, não! E,
por ser assim, nunca
deixou de ser menos
humilde.
A pessoa verdadeiramente
HUMILDE é amorosa. Quem
é humilde se respeita
primeiro, conhece sua
essência, sabe quem é e
para onde vai, e não
fica mudando sua verdade
como folha seca levada
pelo vento.
Poucos são aqueles que
alcançam a verdadeira
HUMILDADE, a essência do
amor, porque poucos são
aqueles que procuram e
alcançam sua própria
essência e que se doam
num amor universal e
divino sem criar
expectativas, sem pensar
no retorno. Os
humildes seguem suas
vidas sem se preocupar
na não aceitação por
parte dos outros. Não
perdem seu tempo e nem
gastam suas energias com
este tipo de
pensamentos.
Esses são os
verdadeiramente
HUMILDES, os iluminados,
aqueles que se amam e
sabem amar o próximo,
são os que, aqui e
acolá, quebram os elos
negativos que tolhem e
amordaçam a humanidade
em geral. São os que
trazem um refrigério
para o nosso coração sem
nada nos cobrar, sem nos
pressionar, respeitando
a nossa individualidade.
Envoltos em
luminosidade, vivem suas
vidas espalhando o
verdadeiro e
desinteressado amor pelo
próximo; souberam e
sabem se amar – Buda,
Jesus Cristo, São
Francisco de Assis. E
exemplos mais recentes,
Mahatma Ghandi; Sua
Santidade, o Dalai Lama;
Madre Teresa de Calcutá,
o Papa João Paulo II, o
nosso Chico Xavier e
agora o Papa Francisco,
entre muitos outros.
Repare que estes
HUMILDES, assim como
todos os outros que você
possa recordar ao longo
da História, primeiro
se reestruturaram.
Afastaram-se da
multidão, começaram por
conversar consigo
mesmos, se
interiorizaram,
tornaram-se serenos.
Aprenderam a conhecer
suas virtudes e suas
fraquezas, aceitaram-se
plenamente. Depois,
colocaram metas em suas
vidas. Não as mudaram
constantemente ao sabor
da opinião pública, de
qualquer interesse de
marketing, daquilo que é
hoje politicamente
correto! Permaneceram
firmes e fiéis nas suas
convicções, na sua
ideologia, na sua
verdade, mesmo quando
violenta e brutalmente
contestados.
Aprenderam a ser
humildes e amorosos com
eles mesmos. E não
tiveram como propósito
de vida agradar aos
outros. Nem se
preocuparam com isso,
apenas foram em frente
e... os outros foram até
eles! Parafraseando
Mário Quintana, “cuide
de seu jardim e as
borboletas virão por
si”.
Repare que estes líderes
são humildes, mas não
são "capachos". A
verdadeira humildade
deles, que os fez
líderes, tem por base a
firmeza na sua ideologia
sem imposição, porém
assertiva, apenas com
base na certeza que vem
de alguém que tem um bom
caráter, e de coração
bondoso, amoroso – a
pessoa que é do BEM,
aquela pessoa que tem a
noção exata de que somos
todos iguais e que
ninguém é nem mais e nem
menos do que qualquer
outro semelhante.
Acredito que esta é a
HUMILDADE de Jesus!