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Brasil
Ano 9 - N° 417 - 7 de Junho de 2015
ANA MORAES
anateresa.moraes2@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 
 

 

Quem é Joanna de Ângelis?


No presente, todos sabem. Mas... e no passado? Que
personalidades vivenciou
em nosso mundo?

 

Um Espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome de Joanna de Ângelis, que, na romagem dos séculos, vamos encontrar na figura de Joana de Cusa, numa das fiéis seguidoras de Francisco de Assis, na sóror Juana Inés De La Cruz e na corajosa Joana Angélica de Jesus.

Aqui está, nas palavras que se seguem, um pouco sobre as personalidades que marcaram sua atuação no mundo em que vivemos.(1) 

Joana de Cusa 

Joana de Cusa é uma das personagens focalizadas por Humberto de Campos no seu livro Boa Nova, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Relata Humberto de Campos: “Entre a multidão que invariavelmente acompanhava Jesus  nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores”.

Seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina ensinada por Jesus, que Joana seguia com acendrado amor.

Vergada ao peso das injunções domésticas e angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou um dia ouvir a palavra de conforto do Mestre, que, no entanto, em vez de convidá-la a se juntar às fileiras de seus seguidores, aconselhou-a a segui-lo a distância, servido-o dentro do próprio lar e tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo – seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. Jesus traçou-lhe, assim, um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida.

Mais tarde, ela tornou-se mãe e com o passar do tempo as atribuições  foram se avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar.

Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo “o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão”. Trabalhou até a velhice.

Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por Jesus, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz.

Narra Humberto de Campos, no livro citado:

“Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.

– Abjura!… – exclama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.

A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas:

– Repudia a Jesus, minha mãe!… Não vês que nós perdemos?!

– Abjura!… por mim, que sou teu filho!…

Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angústia que lhe retalham o coração.

Após recordar sua existência inteira, responde:

– Cala-te, meu filho! Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus!”

Logo em seguida, as labaredas consumiram seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor. 

Com Francisco de Assis 

Os anos rolaram e, séculos depois, Francisco de Assis reorganiza o “Exército de Amor do Rei Galileu” e ela se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal. Torna-se então, uma das discípulas de Clara de Assis. 

Sóror Juana Inés De La Cruz 

No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao bem.

Reencarnou em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a 80 quilômetros da cidade do México, com o nome de Juanna De Asbaje y Ramirez De Santillana , filha de pai basco e mãe indígena. Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, enganou a professora dizendo-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia às perguntas que a irmã ignorava, passou a ensinar-lhe as primeiras letras.

Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época.

Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a ideia de no futuro poder aprender mais entre os doutores. Em conversa com o pai, falou de suas perspectivas para o futuro, mas dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando: ”Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar”.

Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde aquele momento, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.

Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição europeia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.

Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A plateia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. Tanto a plateia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o vice-rei. Sua sede de saber era, contudo, mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.

A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade.

Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte.

Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, onde ela, então, pôde dedicar-se às letras e à ciência, tomando o nome de Sóror Juana Ignés De La Cruz .

Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era frequentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.

A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a “Monja da Biblioteca” e se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.

Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e, quando não restavam mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade. 

Sóror Joana Angélica de Jesus 

Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, ela retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como Joana Angélica, filha de uma abastada família.

Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de Sóror Joana Angélica de Jesus, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição.

Foi irmã, escrivã e vigária, quando, em 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.

Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida ao Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés De La Cruz. Daí sua facilidade para aprender o idioma português.

O motivo disso é que nas terras brasileiras estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.

Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste. 

Joanna de Ângelis na espiritualidade  

Quando, na metade do século 19, “as potências do Céu” se abalaram e um movimento de renovação se alastrou pela América e pela Europa, fazendo soar aos “quatro cantos” a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus.

No livro “Após a Tempestade”, em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho, ela diz:

“Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino.”

Em “O Evangelho segundo o Espiritismo” encontramos duas mensagens assinadas por “Um Espírito amigo”. A primeira, no cap. IX, item 7, com o título “A paciência”, escrita em Havre, em 1862; a segunda, no cap. XVIII, item 15, intitulada “Dar-se-á àquele que tem”, psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus.

No mundo espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre. 

A Mansão do Caminho e seus propósitos 

Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade realmente cristã, nos dias atuais.

Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.

Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.

Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na sua concretização no Plano Material.

O “Pobrezinho de Deus” concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que “nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos “filhos do Calvário”, nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral’.

Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a “Mansão do Caminho”, nome dado à alusão à “Casa do Caminho” dos primeiros cristãos.

Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem “chamados” para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade.

Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.

A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio.

Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a “Mansão do Caminho” adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplanta as humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

 

(1) Fonte: FRANCO, Divaldo Pereira; SANTOS, Celeste.  “A Veneranda Joanna de Ângelis”.

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita