Logo que conheci nosso
abnegado trabalhador do
Espiritismo Hugo Gonçalves,
em Cambé, no Paraná, que não
só me apresentou a Doutrina
Espírita como também o vasto
campo de trabalho que ela
nos oferece, seja na sua
divulgação, seja no auxílio
aos necessitados de todas as
naturezas: emocional,
física, espiritual...,
comecei a ter contato também
com os grandes vultos do
Espiritismo que
compartilhavam a amizade de
nosso benfeitor, como
Divaldo Pereira Franco, Raul
Teixeira, Heloísa Pires etc.
Certa vez Hugo nos disse que
sentia muito não termos
podido conhecer Eurícledes
Formiga, famoso expositor
desencarnado há tempos. E
deu-me uma pequena fita
cassete - que era o meio de
se gravar os eventos naquela
época - onde Formiga fazia
uma palestra na vizinha
cidade de Jaguapitã. Desde
então, toda vez que eu saía
de carro, ia ouvindo aquela
preleção tão interessante.
Dois momentos marcaram-me
muito na exposição feita por
ele: o primeiro, quando ele
inicia dizendo mais ou menos
assim:
- A Doutrina Espírita é a
única instituição religiosa
que nos permite estarmos na
tribuna falando, não na
condição de quem ensina, mas
na de quem aprende.
E o segundo, quando começa a
falar sobre Chico, contando
interessante história que se
passou na sua juventude,
logo que o médium mineiro
conheceu o Espiritismo.
Diz Eurícledes que Chico lhe
contara mais ou menos assim:
- Uma vez, em Pedro
Leopoldo, eu ensinava
catecismo às crianças, mas
um dia me proibiram.
Eu ensinava catecismo para
quarenta crianças... E fui
proibido porque me tornara
espírita. Fiquei em casa.
Mas as crianças queriam o
tio Chico...
Então as famílias levaram as
crianças lá em casa.
E eu fiquei com muita pena,
porque na igreja elas tinham
lanche. Já eram duas horas e
eu só tinha água e uns
pedacinhos de pão em casa.
Eram quarenta crianças...
Como eu iria alimentar
aquelas crianças?
Eu fiz uma prece e pedi a
Deus que me ajudasse, porque
elas não podiam ficar sem
comer. Como é que eu iria
fazer?
Estávamos embaixo de uma
árvore.
E, então, um vento muito
estranho começou a balançar
as folhas da árvore. O vento
uivava entre os galhos
daquela árvore.
Uma vizinha saiu e
perguntou:
- Chico, que é isso? Que
barulho é esse?
- O vento...
- O vento?!... E essas
crianças aí?
- Catecismo!...
- Você não deu nada para
elas comerem?
- Não tenho!...
- Oh, Chico! Eu tenho, aqui,
bolo e pão.
E a outra vizinha do lado
também apareceu e perguntou:
- O que foi isso, Chico? Que
vento foi esse?
- O vento...
- E essas crianças aí?
- O catecismo...
E assim, doze famílias se
reuniram e passaram a
oferecer o alimento, o
lanche daquelas crianças,
por causa do vento.
(Este caso está registrado
no livro Um minuto com
Chico Xavier - Editora
Didier, de Votuporanga, SP.)
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