No ato de orar
A prece é o traço de
união entre a Terra e o
Céu
Jesus conhecia a
dificuldade que o ser
humano tem em
expandir-se
espiritualmente, por
causa das preferências
materiais, pelo desejo
do prazer e do poder,
que acabam por lhe criar
inúmeros problemas que,
cedo ou tarde, deverão
ser solucionados, queira
ou não.
O Mestre sabia disso
porque, conhecedor da
natureza humana e
entendendo os conflitos
de todos aqueles que O
procuravam, sofridos,
mascarando as realidades
íntimas que lhes
corroíam a alma, sem se
darem conta das suas
verdadeiras
necessidades, não parava
de lhes recomendar a
mudança da conduta
mental e moral.
O objetivo do Excelso
amigo era o de que se
operasse nas criaturas,
sobretudo nos desejosos
de saúde, a renovação
interior, a fim de que
se concretizasse, no
mais profundo de si
mesmos, o bem-estar.
A estimada benfeitora
espiritual Joanna de
Ângelis lembra que, como
as criaturas nem sempre
soubessem manter a
vinculação com as Fontes
da Vida, Jesus sugeriu a
oração, que se constitui
numa ponte vibratória de
fácil construção por
todo aquele que deseje
realmente a vitória
sobre os sofrimentos e
anelem pelo bem-estar
pleno.
Oração é emanação do
pensamento bem
direcionado, rico em
conteúdos vibratórios
que se expande até
sincronizar-se com ondas
semelhantes. A prece nos
coloca, portanto, em
relação mental com o ser
a quem nos dirigimos.
Quando voltada para o
amor e o bem, dilui
energias negativas e
renova as forças morais
daquele que ora,
promovendo alterações na
paisagem mental e
orgânica, através de
processos delicados de
modificação da atmosfera
psíquica na qual a
pessoa se encontra.
Esse fluido é
impulsionado pela
vontade, pois é ela que
conduz esse pensamento,
ampliando-o ao infinito.
Então, quando o
pensamento se dirige
para algum ser, na Terra
ou no espaço, de
encarnado para
desencarnado ou
vice-versa, uma corrente
de energia se estabelece
de um para outro,
transmitindo o
pensamento, como o ar
transmite o som. Assim,
a força dessa corrente
vai depender da energia
do pensamento e da
vontade de quem ora.
É dessa forma que a
prece é ouvida pelos
Espíritos, onde quer que
eles se encontrem.
Também é assim que os
Espíritos se comunicam
entre si, que nos
transmitem suas
sugestões (boas ou más)
e que as relações se
estabelecem entre os
próprios encarnados.
Importante lembrar:
ainda que a prece possa
exercer ação direta e
positiva, ela estará
sempre sujeita à vontade
de Deus, Juiz Supremo de
todas as coisas e único
que pode dar eficácia à
sua ação.
Ensina-nos o Evangelho
que a prece tem por
objeto um pedido, um
agradecimento ou um
louvor. Daí a
necessidade de
prestarmos atenção ao
que pedimos, pois existe
uma diferença entre o
querer, o merecer e o
precisar. A oração não
modifica as leis
estabelecidas, cabe a
nós sermos absolutamente
honestos e coerentes ao
nos dirigirmos a Deus
nas nossas preces.
O ato de orar já
constitui uma expressão
de humildade perante a
Vida, e de alguma forma
um despertar da
consciência para a
compreensão da
existência de um ser
superior. Certo que essa
doação não é gratuita
por parte da Divindade
de tudo aquilo que a
insensatez busque, numa
tentativa astuciosa e
tola, de ludibriar as
Leis Divinas. O homem,
sendo responsável pelos
seus atos, enfrentará
sempre, no caminho, as
consequências das
escolhas infelizes que
fizer.
A oração para o homem,
que tem vontade real de
superar suas
dificuldades,
sustenta-o, direciona-o
para acertar o novo
caminho; dá-lhe mais
segurança para vencer os
obstáculos e equipa-o
com alegria e vigor para
não desanimar diante dos
obstáculos. Assim,
quando qualquer um de
nós resolve mudar suas
atitudes e decide pedir
ajuda, conseguimos nos
libertar dos grilhões do
orgulho e nos colocamos
receptivos ao auxílio do
Mais Alto.
Essa transformação
íntima é tão importante
para que a ajuda venha,
que em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
cap. XXVII, item 11,
é dado um exemplo
bastante esclarecedor: “Um
homem sente sua saúde
arruinada pelos excessos
que cometeu, e arrasta,
até o fim de seus dias,
uma vida de sofrimentos.
Tem ele o direito de
queixar-se se não
conseguiu a cura?
Evidente que não, porque
poderia encontrar na
prece a força para
resistir às tentações”.
Jesus sabia de tudo
isso, e por essa razão
estimulava os homens,
como faz até hoje, a se
esforçarem para
conseguir o Reino de
Deus dentro de si
mesmos.
O Espiritismo
faculta-nos compreender
a ação da prece ao
explicar a forma de
transmissão do
pensamento, seja quando
o ser a quem oramos
atenda ao nosso apelo,
seja quando nosso
pensamento eleva-se a
ele.
O poder da prece está no
pensamento, sabemos
hoje, e não depende das
palavras, nem do lugar,
nem do momento em que é
feita. Pode-se orar em
qualquer lugar, a
qualquer hora, a sós ou
com outras pessoas. O
lugar e tempo só
dependem das
circunstâncias que
possam favorecer esse
recolhimento.
Se dividirmos os males
da vida em duas
categorias, sendo uma a
dos que o homem não pode
evitar, e a outra, a das
atribulações que ele
mesmo provoca, pelos
seus descuidos e
excessos, verificaremos
que a segunda é muito
maior que a primeira.
Parece evidente que
somos os autores da
maior parte das nossas
aflições, que não
existiriam se vivêssemos
com prudência, sem
ultrapassar o limite do
necessário, em
exigências vitais que
provocam doenças, e às
vezes até a morte.
Se limitássemos nossas
ambições, não teríamos
medo da ruína. Se
fôssemos mais humildes,
não sofreríamos as
decepções do orgulho
ferido; se praticássemos
a caridade em sua
plenitude, não seríamos
maledicentes, invejosos,
nem ciumentos,
evitaríamos discussões
inúteis e dissensões. Se
não fizéssemos mal
algum, não teríamos o
que temer. E tantas
outras atitudes que
poderiam nos fazer
felizes e que não
praticamos, muitas
vezes, por não
prestarmos atenção
àquilo que fazemos ou
dizemos.
O Evangelho nos alerta
ainda para o seguinte:
Admitindo que nada
pudéssemos fazer contra
os outros males; que
todas as preces fossem
inúteis para nos
livrarmos deles; já não
seria muito poder
afastar todos os que
decorrem da nossa
própria conduta?
Neste caso, podemos
conceber facilmente a
ação da prece que tem
por finalidade atrair a
ajuda dos Bons Espíritos
e pedir-lhes força para
resistirmos aos maus
pensamentos, cuja
execução pode nos ser
funesta.
E por nos atenderem
nisto, dizem os
Espíritos superiores que
“não é o mal que eles
afastam de nós, mas é a
nós que eles afastam do
pensamento que pode nos
causar mal; não
atrapalham em nada os
desígnios divinos, nem
suspendem o curso das
leis, ao orientarem
nosso livre-arbítrio”.
Mas o fazem sem que
o percebamos, de maneira
oculta, para não
prejudicar a nossa
vontade.
Deus quer que assim seja
para que tenhamos
responsabilidade dos
nossos atos e para nos
deixar o mérito da
escolha entre o bem e o
mal. Mesmo reduzida a
essas proporções, a
prece dá imenso
resultado.
Renunciar a ela é
ignorar a bondade de
Deus; é rejeitar para si
mesmo a Sua assistência,
e para os outros, o bem
que se poderia fazer.
Assim, pensando na
responsabilidade que
temos diante das leis
divinas, conseguimos
compreender a
advertência do Mestre ao
nos solicitar vigilância
e oração na nossa vida
diária.
Vigilância aos nossos
sentimentos, aos nossos
pensamentos, palavras e
ações; e oração,
buscando o amparo, a
força e o discernimento
para resistirmos às
tentações. São ambos,
vigilância e oração,
escudos protetores do
nosso caminhar seguro
rumo ao Pai.
Bibliografia:
JOANNA DE ÂNGELIS
(Espírito). Jesus e o
Evangelho à Luz da
Psicologia Profunda,
[psicografado por]
Divaldo Pereira Franco -
1ª ed., Livraria
Espírita Alvorada
Editora, SALVADOR/BA,
2000, pág. 219.
KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap.
27, Itens 1 a 15.
EMMANUEL (Espírito).
Palavras de Vida Eterna,
[psicografado por] F. C.
Xavier – 20ª ed., Edição
CEC (comunhão Espírita
Cristã) – 1995, lição
166.