Sectarismo...
“Não cuideis que
vim trazer a paz
à Terra; não vim
trazer paz, mas
a espada...”
(Jesus)
“Com efeito, o
corpo é um e,
não obstante,
tem muitos
membros, mas
todos os membros
do corpo, apesar
de serem muitos,
formam um só
corpo. Assim
também acontece
com Cristo. Pois
fomos todos
batizados num só
Espírito para
ser um só corpo,
judeus e gregos,
escravos e
livres, e todos
bebemos de um só
Espírito.”
(I Coríntios,
12: 12-13)
A mensagem
evangélica é
fundamentalmente
de paz, união e
harmonia entre
todos os filhos
de Deus. Jesus
deixou isso
expresso em suas
palavras
dirigidas a seus
discípulos: “A
minha paz vos
deixo, a minha
paz vos dou!”
No entanto,
Jesus sabia que
o preço da paz
verdadeira seria
muito alto, pois
o mundo entende
que essa paz é
obtida apenas no
vencer as
disputas
impostas pelo
orgulho que,
muitas vezes,
estão totalmente
em oposição aos
valores que
deveriam
constituir a
base de todas as
relações
pessoais,
expressos pelo
comportamento
ético-moral.
O ser humano, de
maneira geral,
na condição de
Espíritos em
evolução, traz
em suas
tendências
aquilo que
desenvolveu, e
fortaleceu, em
sua trajetória
espiritual, ao
longo dos
milênios,
forjando sua
singularidade.
Assim, agimos
baseados em
nossas crenças e
valores
construídos e
consolidados por
meio das
decisões que
fizemos – nossas
escolhas –
resultando em
consequências
boas ou não, a
depender da
característica
positiva ou
negativa das
ações que
praticamos. É a
lei de causa e
efeito!
Ao olharmos
mesmo que
rapidamente o
nosso passado,
analisando a
história do
desenvolvimento
humano sobre o
orbe terrestre,
vamos encontrar
sempre grupos de
pessoas, povos e
até nações
lutando para
alcançar o
domínio e a
primazia sobre
outros,
destruindo e
aprisionando os
vencidos nas
guerras
desencadeadas.
A recomendação
de Jesus quanto
à Sua paz ser
diferente da paz
do mundo resume,
em essência,
esse conflito
que ainda
provoca
desentendimentos,
separações e as
próprias
guerras.
O desejo de
domínio, e da
pretensa
superioridade,
persiste no
espírito humano
até hoje, e
manifesta-se em
todos os
segmentos de
nossa sociedade.
Surge nos
negócios que
fazemos, onde
tentamos tirar o
melhor proveito
injustificado,
em detrimento
dos direitos
alheios; na
política onde
prevalecem os
interesses e
direitos de
grupos
minoritários,
que detêm o
poder, mesmo que
com essa atitude
muitos sejam
relegados à
condição de
miserabilidade;
nas organizações
em que os
colaboradores
nem sempre são
considerados
como sua
verdadeira força
produtiva,
submetidos à
tirania de
“líderes”
insanos e
famintos de
poder; e nas
próprias
manifestações
religiosas, cujo
objetivo maior é
o de semear a
boa palavra
deixada pelo
Mestre, imagem
eternizada na
belíssima
Parábola do
Semeador.
Essa busca da
condição de
“donos da
verdade” e
exclusividade da
posse das
“chaves” que
abrem as “portas
dos céus” também
tem gerado lutas
acérrimas que,
ao longo dos
últimos séculos
fez aumentar o
sofrimento e o
desespero,
gerando severas
responsabilidades
às quais, em
função das leis
naturais,
devemos
responder
assumindo
compromissos
reeducadores,
através dos
processos
reencarnatórios,
que são a
expressão máxima
do amor e da
justiça divina.
A citação da
epístola de
Paulo de Tarso
aos Coríntios,
em epígrafe,
dá-nos a noção
exata de que
essa busca de
primazia e de
direitos
especiais,
alegadamente
concedidos pelo
Criador, não
passa de
descumprimento
da palavra que
é, muitas vezes,
expressa nos
púlpitos, mas
pouco aplicada
na vida diária.
A paz do Cristo
é para o dia a
dia e não para
eventos ou
momentos
especiais que,
possivelmente,
dedicamos para
cumprir
obrigações mais
sociais do que
de fato morais.
Paulo deixa
claro que somos
TODOS de um só
Deus, e que Ele
não desampara a
nenhum de seus
filhos por crer
nesta ou naquela
manifestação
religiosa. Já é
do nosso
entendimento que
se as religiões
fossem,
isoladamente, a
saída para a paz
mundial, esta já
estaria
instalada de há
muito. Não o
são, porque
estão muito
preocupadas na
busca por serem
a única, a
melhor e a
escolhida por
Deus. Tolice que
não se sustenta,
conforme nos
alerta o
apóstolo dos
gentios: “Mas
Deus dispôs cada
um dos membros
no corpo,
segundo a sua
vontade. Se o
conjunto fosse
um só membro,
onde estaria o
corpo?”
Lógica e clareza
inquestionáveis!
Essa é a “paz”
do mundo!
Aparente, vazia
e que não acolhe
nem ampara
verdadeiramente
as dores
humanas, mas sim
a que estimula,
cada vez mais, a
separação e a
dissensão entre
os seres que
habitam este
planeta.
Lembremos que
Jesus Cristo, o
Messias enviado
por Deus, foi
preso, humilhado
e sentenciado à
morte infamante,
justamente pelos
líderes
político-religiosos
de então, que
arraigados ao
orgulho de raça
e à ideia de
exclusividade da
posse da
verdade,
acreditavam-se
“os únicos com a
condição de
interpretar e
entender a
palavra de
Deus”.
Esse risco
também acontece
nas fileiras
espíritas, onde
vamos encontrar,
vez por outra,
os vulgos
conhecedores da
interpretação da
doutrina
codificada por
Allan Kardec, e
que instalam
conflitos e
discussões que
só fazem desviar
do rumo certo
aqueles que, por
sua incúria e
falta de
conhecimento
doutrinário,
deixam-se
arrastar para
caminhos outros.
Lembremos: “Não
vim trazer a
paz, mas a
espada!”. Isso
já havia sido
previsto pelo
Mestre,
alertando-nos
para a
necessidade da
vigilância
contra o maior
de todos os
defeitos humanos
que é o egoísmo:
“Ninguém pode
servir a dois
senhores”.
– Sou mais
ciência! – dizem
alguns. – Eu
filosofia! –
outros
acrescentam.
O Espiritismo, o
outro Consolador
prometido por
Jesus, vem ao
mundo para
ensinar coisas
que Ele não
podia sequer
mencionar
àqueles com quem
conviveu, como
também relembrar
Seus
ensinamentos,
pois que foram
esquecidos ou
desvirtuados.
A missão do
Consolador é
consolar! Esta é
a missão de todo
aquele que se
diz trabalhador
da Seara do
Mestre. Não há
espaço para
dissensões
produzidas pela
crítica contumaz
e pelo senso de
superioridade
(orgulho). Não
existem
“proprietários”
do saber além do
próprio Mestre e
de seus
emissários. O
próprio
codificador, de
forma intensa e
constante,
rejeitou essa
posição,
afirmando que a
doutrina é dos
ESPÍRITOS, e não
dos espíritas:
"Todas as
doutrinas
filosóficas e
religiosas
trazem o nome da
individualidade
fundadora: o
mosaísmo, o
cristianismo, o
maometismo, o
budismo, o
cartesianismo, o
furierismo etc.
A palavra
Espiritismo, ao
contrário, não
lembra nenhuma
personalidade,
ela encerra uma
ideia geral, que
indica, ao mesmo
tempo, o caráter
e a fonte
múltipla da
doutrina”.
Em apoio a esse
pensamento,
transcrevemos o
seguinte texto,
referindo-se a
Allan Kardec:
“Por outro
lado, se ele
era, entre os
homens, o chefe
do movimento,
pois alguém
tinha que o
liderar,
compreendeu logo
que não era o
dono da doutrina
e jamais desejou
sê-lo.
Quando lhe
comunicam que
foi escolhido
para esse
trabalho
gigantesco,
sente com toda a
nitidez e
humildade a
grandiosidade da
tarefa que lhe
oferecem e
declara que de
simples adepto e
estudioso a
missionário e
chefe vai uma
distância
considerável,
diante da qual
ele medita, não
propriamente
temeroso, mas
preocupado, dado
que era homem de
profundo senso
de
responsabilidade.
Do momento em
que toma a
incumbência, no
entanto, segue
em frente com
uma disposição e
uma coragem
inquebrantáveis.
Esse aspecto da
sua atuação
jamais deve ser
esquecido, a
consciência que
tem da sua
posição de
coordenador do
movimento e
não de seu
criador.
Não deseja que a
doutrina
nascente seja
ligada ao seu
nome”.
(grifo
nosso)
“Amai-vos e
instruí-vos” –
ensinamento dado
pelo Espírito de
Verdade –
representa a lei
máxima para todo
espírita. A
instrução é o
meio para a
realização do
aprendizado,
através do
estudo, e
compreensão, do
conteúdo
doutrinário em
seu tríplice
aspecto –
científico,
filosófico e
moral – que deve
ser o alvo de
todo espírita
sincero e
preocupado com o
próprio
desenvolvimento,
bem como com a
prática dos
ensinos de
Jesus, em suas
atitudes em
relação ao seu
próximo.
Nas fileiras
espíritas
encontramos, com
muita
frequência,
posições
acirradas que
raiam ao
fanatismo e ao
fundamentalismo,
inclusive,
muitas delas,
apoiadas em
questões
pragmáticas de
fundo místico ou
supersticioso,
sendo que
aqueles que não
comungam com
suas ideias
passam a
“opositores”,
sendo tratados
pela
maledicência de
forma nada
caridosa, em
total
descumprimento
dos ensinos
evangélicos.
A
desconsideração
daqueles que não
esposam as
mesmas ideias,
ou que não
apresentam
condições de
trabalho
conforme nossas
expectativas
pessoais, indica
uma atitude que
causará divisão
na casa
espírita, e
consequentemente,
no movimento
espírita.
Notadamente
aqueles que
ocupam a tribuna
ou os diversos
meios de
comunicação
disponíveis têm
enorme e séria
responsabilidade
em relação ao
que comunicam.
Podem incentivar
a prática das
dissensões e
lutas entre
irmãos, membros
de um mesmo
corpo em Cristo
Jesus, conforme
nos afirma Paulo
de Tarso,
provocando
afastamento e
desunião.
Deus criou-nos a
todos da mesma
forma – simples
e ignorantes – e
deu-nos os
caminhos da
evolução para
percorrermos
conforme nossas
escolhas,
colhendo sempre,
porém, as
respectivas
consequências.
Portanto, já
está mais do que
na hora de
acordarmos para
as realidades
espirituais
ensinadas por
Jesus, e
colocá-las em
prática.
Agindo assim,
estaremos
contribuindo com
o trabalho do
Cristo e sendo
trabalhadores
efetivos da
última hora, que
receberá o
salário justo,
mas que, antes
de querer
receber, está
pronto para
ofertar sua
vida, seu tempo
e sua capacidade
de amar e
compreender o
seu próximo.
Para concluir,
gostaríamos de
citar um trecho
de uma mensagem
de Emmanuel: “Os
homens esperam
por Jesus e
Jesus espera
igualmente pelos
homens”.