Sou cristão;
posso tecer
críticas aos
políticos?
Um assunto
espinhoso é a
chamada crítica.
Quem gosta de
recebê-la? Ainda
não ouvi quem
goste, embora
alguns já
amadurecidos
consigam filtrar
e extrair pontos
positivos sem se
deixar abalar.
Emmanuel disse a
Chico Xavier
certa vez: Se as
críticas são
verdadeiras, não
reclame, se não
são, nada de
ligar para elas.
Boa orientação,
mas para saber
aplicá-la é
preciso um tanto
de sangue-frio,
de razão, de
analisar a
questão como se
estivesse de
fora. Eis aí um
bom exercício
para o
progresso.
Mas por que falo
da crítica?
Abordo este tema
por conta da
crise que nosso
país está
enfrentando;
crise moral, com
desmandos,
absurdos,
corrupção e
tantas outras
situações que
fazem corar o
povo brasileiro.
Como proceder
ante ao que está
ocorrendo?
Como falar,
discutir,
argumentar,
lutar pelos
direitos e
criticar sem
faltar com a
caridade cristã?
Complicado,
porém, possível.
Para o cristão
ainda mais
complicado,
porquanto Jesus
recomendou o
perdão, o não
julgamento, o
olhar o lado
positivo das
coisas.
Logo, sendo a
Terra morada dos
Espíritos
imperfeitos,
fato é que
muitos se sentem
pouco à vontade
para dar alguns
“puxões de
orelha” no
semelhante.
Entretanto, vale
lembrar que
Jesus não se
omitia diante
das barbaridades
de sua época. O
mestre falava
mesmo.
Ah, mas era
Jesus... E ele
podia fazer isso
porque reunia
condições morais
para puxar a
orelha de seus
contemporâneos.
Digo a você que
esse argumento é
frágil.
Naturalmente que
estamos longe da
natureza moral
sublime de
Jesus, todavia,
o fato de ainda
sermos limitados
não nos tira a
possibilidade de
enxergar
inconvenientes e
falar, criticar,
argumentar.
Inconveniente,
segundo os
Espíritos, ver
apenas o bem
tapando os olhos
para os
absurdos.
Os Espíritos
ensinam que é
lícito
repreender
alguém desde que
seja com fim
útil e de forma
moderada.
E onde está o
problema?
O problema é que
sempre queremos
dar publicidade
ao mal que os
outros fazem,
denegrindo o
semelhante para
que assim
sejamos
exaltados.
Todavia, ver
apenas o bem e
deixar as coisas
como estão em
omisso silêncio
pode, também,
ser configurado
como falta de
caridade.
E para ilustrar
nosso texto,
deixo um fato
que pude
presenciar certa
vez:
Um rapaz
costumava
apresentar-se
aos clientes
sempre com forte
odor que exalava
por baixo dos
braços. Os
colegas,
constrangidos,
nada diziam a
ele, todavia,
quando o rapaz
se ausentava,
tome-lhe risadas
e comentários
nada caridosos.
Eis que chegou
alguém e o
alertou sobre
seu cheiro.
Desde então ele
corrigiu-se e
passou a
apresentar-se
melhor. Suas
vendas
melhoraram, sua
reputação
cresceu, ele foi
promovido a
supervisor, de
supervisor a
gerente, de
gerente a
diretor... Neste
caso o silêncio
era pura
omissão, e a
repreensão
tornou-se o
gatilho que fez
sua carreira
ascender...
Vale pensar
nisso, refletir
no coletivo,
conversar,
discutir, falar
sobre a situação
do país e buscar
alternativas
para a melhoria
de todos.
Deus observará
nossa intenção,
e se esta, mesmo
quando tecermos
críticas, for a
de dar nossa
parcela de
contribuição,
sem o intuito de
denegrir
instituições ou
pessoas, será
sempre
bem-vinda, pois
gerará mudanças.