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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 420 - 28 de Junho de 2015

CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP (Brasil)

 


Você acredita no Brasil?


A princípio intitulei este artigo com uma afirmação: “Eu acredito no Brasil”. Logo após, entendi que este título revelador da minha opinião poderia influenciar os que, por espírito de sistema, se posicionam contrários a tudo, não importando do que se trate. Sendo assim, achei melhor transferir o trabalho de pensar aos que possam ler este texto, perguntando a eles: “Você acredita no Brasil?”

Humberto de Campos, em crônica do seu livro póstumo Reminiscências, editado em 1935, afirma: “Voltaire costumava dizer que a política e a guerra eram as duas missões naturais do homem na Terra”. Realmente, a política e as guerras andam muito juntas.

Mas, no caso do Brasil e seu povo, a sua missão natural vai muito além e, se passa pela política, não passa pela guerra. É certo que a história do nosso país pode narrar periódicas agitações sociais, conflitos civis e golpes de natureza política, além de alguns embates bélicos externos, porém, nada por nossa exclusiva iniciativa. Tanto que a expressão “sem derramar uma gota de sangue” é frequentemente utilizada em muitos momentos em que se queira referir às conquistas que o nosso povo tenha obtido, neste ou naquele campo.

Se fizermos um esforço para esquecer o que passou, desde a sua descoberta no ano de 1.500, e pensarmos no futuro, podemos acreditar no nosso país e no seu povo? Há motivos para isso?

Provavelmente o materialista, o incrédulo e o pessimista não encontrarão razões para acreditar, pois estes pensam tudo no curto prazo. São movidos a egoísmo. Mas, para o espiritualista sensato, o crente racional, o patriota otimista, acostumados a projetar os seus sonhos para o futuro, trabalhando o presente, há sim por que cultivar grandes expectativas.

O Brasil é um país com grande território, e novamente fazendo alusão ao escritor Humberto de Campos, os seus contornos geográficos lembram o desenho de um coração – o coração do mundo –, o que nos leva a pensar nas coisas do sentimento.

O brasileiro é sentimental por excelência. Dizem também que é solidário, fraterno, acolhedor, expansivo e alegre. Isso não é pouco. Se em muitas situações não tem se comportado como seria desejável, é por fazer parte de um povo ainda jovem, de caráter não totalmente amadurecido, embora pujante; e por estar ainda buscando a sua identidade, embora já tenha feito reais progressos.

Na verdade, somos bem-vistos pelos estrangeiros. E muitos países e seus governos sabem muito bem o que representa o Brasil no concerto dos povos, e o que representará em futuro breve.

Basta dizer que além das terras imensas, já citadas, todas férteis, o seu subsolo é riquíssimo em minérios sólidos e líquidos. Há água também, muita água doce por lá. Suas florestas exuberantes e vastas abrigam fauna e flora invejáveis e cobiçadas. Há muito sol, belezas naturais. Sua cultura e sua arte são respeitadas, lá fora. E o seu povo, apesar de moço, é inteligente, trabalhador, religioso, alegre. E pacífico. Não devemos nos alarmar com os índices atuais de indisciplina e incivilidade. Apesar de preocupantes, eles são transitórios.

Se olharmos para a nossa condição de cem anos atrás, teremos motivos para comemorar. Somos outros, hoje. E seremos cada vez melhores à medida que amadurecermos como povo e como nação.

Não acreditamos na guerra. Não está no nosso gene, nem tampouco na formação moral da nossa gente esse tipo de preocupação. E a política (ou os políticos) que tem irritado tanto os brasileiros, se renovará com a renovação de cada um destes. Os nossos hábitos e costumes já são bem melhores hoje do que no passado. E, se Voltaire estiver certo, a política sendo intrínseca à missão humana na Terra, o homem se transformando a cada dia, ela o acompanhará nos seus melhores esforços.


 

 


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