Dr. Carlos Eduardo
Durgante:
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"A
religiosidade e a
espiritualidade são uma
dimensão relevante e
ocupam um lugar
importante na vida das
pessoas em geral" |
Geriatra gaúcho lança
livro abordando as
dimensões físicas,
sociais, mentais e
espirituais do
envelhecimento
A etapa da vida
caracterizada como 3ª
idade, com suas
peculiaridades, só pode
ser compreendida a
partir da relação que se
estabelece entre os
diferentes aspectos
cronológicos,
biológicos, psicológicos
e sociais. Mas por que
não inserir também o
fator religiosidade e
espiritualidade para
abranger fatores não
compreendidos
anteriormente?
Com o avanço tecnológico
e farmacológico, vive-se
mais e com condições de
melhorar ainda mais.
Mas, como implementar a
qualidade de vida nesta
realidade? De forma
simples e objetiva, o
geriatra gaúcho Dr.
Carlos Eduardo Durgante
(foto) organizou
diversos textos sobre a
saúde física, social,
psicológica e espiritual
relacionados ao avançar
da idade.
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Para falar sobre essa
obra, ele concedeu-nos a
entrevista seguinte:
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Como surgiu a ideia de
organizar textos para
compor A Cartilha do
Envelhecimento Sadio?
Logo após o encerramento
do IX Mednesp (Congresso
Médico-Espírita) que
ocorreu em Maceió em
2013, a Dra. Marlene
Nobre, então presidente
da entidade, me incumbiu
de levar adiante esse
projeto editorial que
dialogasse com o público
que vivencia ou se
prepara para o
envelhecimento. A Cartilha
do Envelhecimento Sadio, é
um guia prático escrito
por especialistas da
área da saúde, da
educação e da
assistência social de
várias AMEs (Associações
Médico-Espíritas) e
Sociedades Espíritas do
Brasil, com aconselhamentos
e orientações
fundamentais para um
envelhecimento com
saúde, dignidade e qualidade de
vida.
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Por meio desse
projeto
editorial,
estamos
oferecendo
diversas
“ferramentas” para
a construção de
um
envelhecimento
bem-sucedido,
através das
conexões entre
as diversas
dimensões que
constituem o ser
integral: o
físico ao
emocional, este
ao social e
todos ao
espiritual. |
A Cartilha aborda
a dimensão do corpo, das
relações sociais e
éticas, da mente e dos
sentimentos e do
espírito. Por que foram
escolhidos estes temas?
Nos dias de hoje não há
como abordarmos a
temática Saúde Integral
e Envelhecimento Humano,
sem ampliarmos os
horizontes do
conhecimento no que diz
respeito às dimensões da
saúde e da qualidade de
vida. Há muitos anos o
conceito de saúde
engloba os cuidados do
corpo, da mente e das
relações sociais. Mais
recentemente a
Organização Mundial da
Saúde (OMS) incluiu a
Dimensão Espiritual na
composição do bem-estar
integral do Ser Humano.
Haverá uma próxima
cartilha com novos temas
concernentes à 3ª idade?
Certamente que sim, pois
apesar de ser apenas um
guia prático e não um
tratado sobre
envelhecimento, em um
segundo fascículo,
outras temáticas que não
foram abordadas aqui
poderão ser exploradas.
Pelos avanços da
medicina, da tecnologia
e da indústria
farmacêutica, vive-se
mais hoje em dia.
Podemos dizer que
vivemos com qualidade?
Atualmente a expectativa
média de vida brasileira
é de 74,9 anos.
Estima-se que em torno
de 12% da nossa
população seja composta
de pessoas com 60 anos
ou mais e que no mundo
existem aproximadamente
900 milhões de idosos.
Não há dúvida que
estamos vivendo um
fenômeno global do
envelhecimento humano,
mas o mesmo não ocorre
no que diz respeito a
viver com qualidade. É
só observarmos o
indicador que mede a
expectativa de vida sem
incapacidade (Disability
Free Life Expectancy,
usado pela Comissão
Europeia), que permanece
estável nos últimos dez
anos. Ou seja, o aumento
dos anos de vida ainda
significa uma sobrevida
sem saúde.
Quando devemos nos
preocupar com a saúde
física, psicológica e
emocional da 3ª idade?
Para quem nunca se
preocupou, sempre é
tempo de começar? Como?
Um grande estudo
publicado em 2010 pelo
periódico científico
norte-americano Circulation
sinalizou que os
comportamentos ou
atitudes saudáveis de
vida praticados a partir
da meia-idade
têm significativa e
substancial associação
com maior longevidade,
com um período maior de
vida livre de doenças cardiovasculares,
com uma compressão
dessas e das doenças
crônico-degenerativas
para mais próximo do fim
da vida, com maior
qualidade de vida e com
mais baixos custos com
os cuidados médicos na
velhice.
Evidências científicas
confirmam que mesmo após
os 65 anos, se essas
atitudes de vida
saudáveis (incluindo
atividade física,
controle dos fatores de
risco e socialização)
continuarem a ser
adotadas, ou iniciadas,
os resultados benéficos
na qualidade de vida e
na longevidade se farão
presentes. Estudos
prospectivos estão sendo
realizados e quiçá
comprovem a máxima de
que quanto mais cedo na
vida adotarmos hábitos
saudáveis, por mais
tempo viveremos com
qualidade e dignidade.
A religiosidade e/ou
espiritualidade é um
fator importante na vida
das pessoas,
principalmente após os
60 anos? Por quê?
Sem dúvida que sim, a
religiosidade e a
espiritualidade são uma
dimensão relevante e
ocupam um lugar
importante na vida das
pessoas em geral, e
estão diretamente
relacionadas ao
surgimento, manutenção e
a possibilidade de
atenuarem os agravos
impostos pelo
envelhecimento à saúde
física e mental.
A maioria dos idosos,
principalmente aqueles
que sofrem de alguma
enfermidade física ou
mental, é religiosa e
usa suas crenças e
práticas religiosas para
enfrentar suas doenças
ou quaisquer outras
situações relativas à
sua existência. Na
mensagem final da nossa
Cartilha do
Envelhecimento, em
homenagem a nossa
querida Dra. Marlene,
afirmamos que a busca de
nossa espiritualização
nos traz o conforto e o
suporte necessário para
que enfrentemos todas as
dificuldades dessa
viagem que é a nossa
existência. Quando
encontramos o sentido de
nossas vidas através de
nossa espiritualização,
somos capazes de
delinear melhor as
estações que
atravessaremos em nossa
jornada terrena.
Obrigado, Luz e Paz!
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