Francisco Leite
Bittencourt Sampaio
Quando encontramos, no
curso de nossa
existência, personagens
que durante a vida na
Terra empenharam-se em
auxiliar o próximo, seja
em comunidade ou
isoladamente, somos
levados a reconhecer sua
generosa prestação de
serviço. Portanto,
sempre haverá uma razão
que justifique o elevado
conceito que destaca as
pessoas que assim agem,
como é o caso do nosso
personagem.
Sabe-se que a Doutrina
não guarda em seu seio
pessoas idolatradas na
condição de ‘santo’,
mesmo porque esse título
não está afeto à
classificação por parte
dos encarnados, por
fugir-lhes a
competência. Mas nada
impede, contudo, que as
figuras consideradas
como baluartes tenham
seus nomes amplamente
divulgados, pois
contribuíram para que os
ensinamentos dos
Espíritos alcançassem
posição de respeito,
fixando-se com raízes
sólidas no solo
brasileiro.
Pelo ano de 1834, a
primeiro de fevereiro,
nascia na cidade de
Laranjeiras, a 23 Km de
Aracaju, Capital de
Sergipe, aquele que
seria uma dessas colunas
basilares: Francisco
Leite de Bittencourt
Sampaio. Esse sergipano
viveu 61 anos e
desencarnou no Rio de
Janeiro, em 10 de
outubro de 1895.
Iniciou seus estudos
jurídicos na Faculdade
de Direito de Recife,
Capital de Pernambuco,
mas bacharelou-se pela
Academia de Direito do
Largo de São Francisco,
Estado de São Paulo, na
turma de 1859 .
Ao término do curso
retornou à sua terra
natal, exercendo a
Promotoria Pública, onde
permaneceu até o ano de
1861, quando transferiu
residência para o Rio de
Janeiro, iniciando
atividade na área da
advocacia.
Foi o primeiro
administrador da
Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro,
magistrado, político,
funcionário público,
literato e poeta. Como
jornalista colaborou
eficientemente na
imprensa paulista, em
diversos jornais e
revistas. Ainda como
estudante, celebrizou-se
pela composição poética
do Hino “A Mocidade
Acadêmica”, cuja
partitura musical coube
ao imortal maestro
Antônio Carlos Gomes
(1836-1896) , natural da
cidade de Campinas, no
Estado de São Paulo.
Elegeu-se deputado para
a Assembleia Geral
Legislativa nos anos de
1864 a 1870. Neste
último mandato
Bittencourt Sampaio foi
nomeado Presidente da
província do Espírito
Santo, através de carta
imperial para assumir
referida função naquela
unidade nacional, no
período de 11-10-1867 a
26-04-1868, onde também
deixou seu nome na
história daquele Estado.
Segundo o escritor e
pesquisador espírita
Zêus Wantuil, "não se
sabe quando ele entrou
para o Espiritismo, mas
em 02 de agosto de 1873
já fazia parte da
Diretoria do 'Grupo
Confúcio', primeira
sociedade espírita
surgida em terras
cariocas. Lá desenvolveu
sua mediunidade
receitista, curando
muitos doentes com
remédios homeopatas".
Com o consagrado
compositor Carlos Gomes,
em 1896, Bittencourt
Sampaio, poeta de um
lirismo incomparável,
soube expressar a
grandeza de seu coração.
É dele um poema que os
nossos antepassados
cantarolavam e que
inúmeros profissionais
gravaram essa bela
página musical,
imortalizada pela
simplicidade de sua
harmonia e o alcance
sentimental de seus
versos: “Tão longe/ De
mim distante/ Onde irá/
Onde irá/ Teu
pensamento...”. Essa
música, “Quem Sabe”,
composta por Carlos
Gomes com letra de
Bittencourt Sampaio, tem
nada menos que 156 anos,
já que foi composta em
1859.
E assim manifestou-se
Irmão Jacob (Frederico
Figner - 1866/1947) a
Chico Xavier
(1910-2002), quando de
sua comunicação
mediúnica em 1948, sobre
a ilustre visita que
recebeu: "Entre o êxtase
e o assombro, notei que
a estrela se
transformava lentamente.
Da nebulosa radiante
alguém se destacou,
nítido e reconhecível
para mim. Era o
magnânimo Bittencourt
Sampaio, cuja expressão
resplandecente
constituía o que imagino
num ser
angélico".
Reservamos o trecho de
uma de suas inúmeras
mensagens transmitidas
mediunicamente a
Francisco Cândido
Xavier, para encerrar
este trabalho sobre a
pessoa de Francisco
Leite Bittencourt
Sampaio. Este registro
foi feito ao final da
reunião levada a efeito
em 2 de junho de 1955,
como se fazia todas as
quintas-feiras, na Sede
do Centro Espírita "Luiz
Gonzaga", em Pedro
Leopoldo-MG. Bittencourt
Sampaio assim se
expressou através de
Chico Xavier:
“Não ignorais que a
civilização de hoje é um
grande barco sob a
tempestade... Mas,
enquanto mastros tombam
oscilantes e estalam
vigas mestras, aos
gritos da equipagem
desarvorada ante a
metralha que incendeia a
noite moral do mundo, o
Cristo está no leme!
Servindo-o,
infatigavelmente,
repitamos, confortados e
felizes: Cristo ontem,
Cristo hoje, Cristo
amanhã!... Louvado seja
o Cristo de Deus!”.
E nós repetimos em coro,
60 anos depois: "Louvado
seja o Cristo de Deus".