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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 437 -25 de Outubro de 2015

VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP (Brasil)
  

 



Francisco Leite
Bittencourt Sampaio


Quando encontramos, no curso de nossa existência, personagens que durante a vida na Terra empenharam-se em auxiliar o próximo, seja em comunidade ou isoladamente, somos levados a reconhecer sua generosa prestação de serviço. Portanto, sempre haverá uma razão que justifique o elevado conceito que destaca as pessoas que assim agem, como é o caso do nosso personagem.

Sabe-se que a Doutrina não guarda em seu seio pessoas idolatradas na condição de ‘santo’, mesmo porque esse título não está afeto à classificação por parte dos encarnados, por fugir-lhes a competência. Mas nada impede, contudo, que as figuras consideradas como baluartes tenham seus nomes amplamente divulgados, pois contribuíram para que os ensinamentos dos Espíritos alcançassem posição de respeito, fixando-se com raízes sólidas no solo brasileiro. 

Pelo ano de 1834, a primeiro de fevereiro, nascia na cidade de Laranjeiras, a 23 Km de Aracaju, Capital de Sergipe, aquele que seria uma dessas colunas basilares: Francisco Leite de Bittencourt Sampaio. Esse sergipano viveu 61 anos e desencarnou no Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 1895.

Iniciou seus estudos jurídicos na Faculdade de Direito de Recife, Capital de Pernambuco, mas bacharelou-se pela Academia de Direito do Largo de São Francisco, Estado de São Paulo, na turma de 1859 .

Ao término do curso retornou à sua terra natal, exercendo a Promotoria Pública, onde permaneceu até o ano de 1861, quando transferiu residência para o Rio de Janeiro, iniciando atividade na área da advocacia.

Foi o primeiro administrador da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, magistrado, político, funcionário público, literato e poeta. Como jornalista colaborou eficientemente na imprensa paulista, em diversos jornais e revistas. Ainda como estudante, celebrizou-se pela composição poética do Hino “A Mocidade Acadêmica”, cuja partitura musical coube ao imortal maestro Antônio Carlos Gomes (1836-1896) , natural da cidade de Campinas, no Estado de São Paulo.

Elegeu-se deputado para a Assembleia Geral Legislativa nos anos de 1864 a 1870. Neste último mandato Bittencourt Sampaio foi nomeado Presidente da província do Espírito Santo, através de carta imperial para assumir referida função naquela unidade nacional, no período de 11-10-1867 a 26-04-1868, onde também deixou seu nome na história daquele Estado.

Segundo o escritor e pesquisador espírita Zêus Wantuil, "não se sabe quando ele entrou para o Espiritismo, mas em 02 de agosto de 1873 já fazia parte da Diretoria do 'Grupo Confúcio', primeira sociedade espírita surgida em terras cariocas. Lá desenvolveu sua mediunidade receitista, curando muitos doentes com remédios homeopatas".

Com o consagrado compositor Carlos Gomes, em 1896, Bittencourt Sampaio, poeta de um lirismo incomparável, soube expressar a grandeza de seu coração.

É dele um poema que os nossos antepassados cantarolavam e que inúmeros profissionais gravaram essa bela página musical, imortalizada pela simplicidade de sua harmonia e o alcance sentimental de seus versos: “Tão longe/ De mim distante/ Onde irá/ Onde irá/ Teu pensamento...”. Essa música, “Quem Sabe”, composta por Carlos Gomes com letra de Bittencourt Sampaio, tem nada menos que 156 anos, já que foi composta em 1859.

E assim manifestou-se Irmão Jacob (Frederico Figner - 1866/1947) a Chico Xavier (1910-2002), quando de sua comunicação mediúnica em 1948, sobre a ilustre visita que recebeu: "Entre o êxtase e o assombro, notei que a estrela se transformava lentamente. Da nebulosa radiante alguém se destacou, nítido e reconhecível para mim. Era o magnânimo Bittencourt Sampaio, cuja expressão resplandecente constituía o que imagino num ser angélico".        

Reservamos o trecho de uma de suas inúmeras mensagens transmitidas mediunicamente a Francisco Cândido Xavier, para encerrar este trabalho sobre a pessoa de Francisco Leite Bittencourt Sampaio. Este registro foi feito ao final da reunião levada a efeito em 2 de junho de 1955, como se fazia todas as quintas-feiras, na Sede do Centro Espírita "Luiz Gonzaga", em Pedro Leopoldo-MG. Bittencourt Sampaio assim se expressou através de Chico Xavier:

“Não ignorais que a civilização de hoje é um grande barco sob a tempestade... Mas, enquanto mastros tombam oscilantes e estalam vigas mestras, aos gritos da equipagem desarvorada ante a metralha que incendeia a noite moral do mundo, o Cristo está no leme! Servindo-o, infatigavelmente, repitamos, confortados e felizes: Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo amanhã!... Louvado seja o Cristo de Deus!”.

E nós repetimos em coro, 60 anos depois: "Louvado seja o Cristo de Deus".


 

 


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