Vinganças cotidianas,
pequenas, mas
machucam...
Marido e esposa
encontravam-se no mesmo
local conversando
quando, sem qualquer
justificativa, o marido
a deixou falando sozinha
e saiu...
A esposa ficou sem nada
entender.
Ele, ao perceber a falta
de sensibilidade, voltou
e pediu desculpas.
– Desculpe, meu amor...
Mas você também já fez
isso, não é mesmo?
A esposa, então, apenas
sorriu e confirmou a
informação do marido.
O que teria sido uma
nobre atitude, pedido de
desculpas, tornou-se
outro grande equívoco:
um erro justificando o
outro.
Um erro jamais poderá
justificar outro. O erro
do semelhante para
conosco não nos dá o
direito de errar com ele
também, numa espécie de
desconto.
É o velho “bateu,
levou”, que muitas vezes
deixa amarga qualquer
relação.
E, infelizmente, ainda
agimos assim. Se já nos
libertamos de alguns
costumes bárbaros que
vicejavam outrora, como
eliminar de forma brutal
quem nos ofendia, ou
mesmo discordava de
nossas ideias, nem tão
livres estamos das
pequenas vinganças
cotidianas.
É uma cutucada aqui, uma
piada maliciosa acolá,
uma “indireta” mais
adiante a sinalizar que
não nos esquecemos
daquele 4 de junho de
1984, em que um primo
inconveniente disse que
estávamos acima do peso.
Se não quebramos esse
círculo de guardar em
nossa mente tudo o que
nos fazem, para
posterior revide,
dificilmente teremos uma
vida tranquila, seja no
trabalho, lar, recinto
religioso ou qualquer
outro local em que
estabeleçamos contato
social.
E, nas leis divinas,
este guardar em nossa
cuca o que nos fazem
para posterior revide
chama-se vingança.
Vinga-se todo aquele que
paga o mal, ou suposto
mal, com uma atitude
semelhante.
Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, há uma
mensagem interessante
ditada pelo Espírito
Jules Olivier em 1862.
Trago uma de suas
inspiradas frases que
diz o seguinte: A
vingança é um índice
seguro de atraso dos
homens que a ela se
entregam...
Penso que mais claro
impossível. Se quero
verificar se estou
atrasado ou caminhando
rumo ao progresso basta
verificar como são
minhas atitudes no dia a
dia.
Costumo guardar o que me
fizeram para descontar
depois?
Tenho o hábito de tratar
de forma mal-educada
aqueles que não me
tratam bem?
Se é certo que não
preciso ser o melhor
amigo daqueles que não
me inspiram confiança e
já me prejudicaram,
certo também que não
necessito repetir as
atitudes maldosas dessas
pessoas.
E no lar, como estou?
Costumo revidar os
comentários que minha
esposa faz sobre a queda
crescente dos meus
cabelos? Ou elevei minha
autoestima e consegui
superar?
As respostas às
perguntas acima
mostrarão como estou me
saindo. Se já superei a
fase das pequenas
vinganças, dos mínimos
descontos, ou se ainda
costumo levar minha vida
na base do “bateu,
levou”– o que nada mais
é do que ainda o homem
antigo que teima viver
em nós...
Pensemos nisso.