Lúcia Cunha
Ortiz:
“O contato
social com o
idoso é menos
frequente e
menos extensivo
do que o que
ocorre entre as
demais faixas
etárias”
A coordenadora
do Departamento
da Família da
Associação
Espírita
Obreiros do Bem,
de São Carlos
(SP), explica o
que é
avogelização
e qual o seu
propósito
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Lúcia Cunha
Ortiz (foto),
espírita desde
1989, natural de
São Paulo (SP) e
residente em São
Carlos (SP), é
doutora em
História da
Ciência.
Vinculada à
Associação
Espírita
Obreiros do Bem,
da mesma cidade,
coordena o
Departamento da
Família,
exercendo também
ali a função de
evangelizadora e
coordenadora do
Departamento |
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de Assistência
Social – DAS.
Dedicada à
avogelização,
descreve essa
experiência em
suas respostas. |
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Que é
avogelização?
Trata-se de uma
extensão do
Setor de
Evangelização às
pessoas idosas,
em atividades
programadas no
mesmo horário
destinado aos
demais grupos já
em funcionamento
como, por
exemplo, a
evangelização
infantil. O
objetivo geral é
estabelecer uma
rede de apoio
mútuo e
acolhimento, de
valorização das
pessoas mais
velhas e de
reflexão
conjunta e
construtiva
sobre temas e
preocupações
comuns nessa
fase da vida.
Para cada grupo
formado, é feito
um levantamento
dos temas de
interesse que
comporão o
programa.
Como surgiu a
ideia e quando?
A ideia surgiu
há alguns anos,
quando vários
avós
acompanhavam
seus netos na
evangelização
infantil. O
tempo passou, a
ideia foi
amadurecendo até
poder se tornar
realidade.
Há outras
experiências no
país de seu
conhecimento?
Não temos
conhecimento de
nenhum outro
trabalho desse
tipo.
Como tem sido a
aceitação pelos
participantes?
Ainda estamos no
começo, as
pessoas ainda
relutam e
desconfiam do
que seja. Mas
não vamos
desistir tão
fácil.
Qual o perfil
dos
participantes?
O perfil dos
participantes
até o momento
são senhoras,
não
necessariamente
viúvas, mas em
estado de
solidão. Até o
momento, não
tivemos a visita
de nenhum
senhor. Acho que
os “meninos”
relutam mais em
admitir que
estão precisando
de ajuda, de
companheirismo
ou simplesmente
de amizade.
O movimento
espírita tem
assimilado a
ideia? Tem
havido adesão e
divulgação nas
instituições?
Com apenas seis
meses de
trabalho, ainda
não temos nenhum
retorno.
De sua
experiência já
acumulada, o que
gostaria de
transmitir aos
leitores?
Gostaria de
provocar com
alguns
questionamentos:
1. Sabemos lidar
bem com esse
contingente
envelhecido?
2. De maneira
geral, atendemos
algumas das
prioridades
dessa população?
Temos o Estatuto
do Idoso. Temos
melhorado
algumas
políticas
públicas e,
comparativamente
com alguns
países do
primeiro mundo,
podemos até nos
orgulhar de
algumas coisas.
3.
Qual
a visibilidade
do idoso no
Centro Espírita?
A tendência da
organização e da
vida social da
Casa Espírita é,
salvo exceção, a
de reproduzir
vários aspectos
da cultura
dominante. Então
corremos esse
risco de também
não dar muita
atenção aos
frequentadores
mais velhos. Um
problema
cultural em
relação ao idoso
é a sua
invisibilidade
na sociedade.
4.
O que significa
essa
invisibilidade?
Significa que o
contato social
com o idoso é
menos frequente
e menos
extensivo do que
aquele que
ocorre entre as
demais faixas
etárias.
Algo marcante
que gostaria de
relatar ou
aspecto que
gostaria de
acrescentar?
Temos observado
que as pessoas
que resolveram
conhecer o
trabalho, a cada
novo encontro,
demonstram
mudanças de
comportamento na
atitude, na
postura corporal
e até no olhar.
Suas palavras
finais.
Nosso trabalho
está completando
seus primeiros
seis meses de
vida e vem sendo
ministrado pelos
psicólogos
espíritas Almir
Del Prette e
Zilda A. P. Del
Prette, e pela
senhora Maria
José Castilho.
Segundo Almir,
“a Avogelização
é uma classe que
agrupa os velhos
interessados em
conversar,
aprender e
cooperar em
atividades no
Centro, na
família e na
comunidade. Ah!
sim, o termo
velho não nos
incomoda nem um
pouco. Idoso é
sinônimo e
‘melhor idade’
soa para nós
como uma nova
embromação”.