Mesmice espírita
Dois episódios
recentes
divididos com
leitores durante
o período de
lançamento do
meu último
romance
espírita, Regente,
a Música Além da
Vida, que
conta a vida do
autor espiritual
numa colônia
peculiar voltada
à aplicação
diversificada
das Artes em
benefício da
vida humana,
vieram
demonstrar o que
já foi dito em
artigos nossos
anteriores sobre
a necessidade do
entendimento de
que
vida espiritual
é processo em
modificação e
evolução
permanente-
o que não
possibilita, em
nenhuma
hipótese, que se
comece a fazer
do Espiritismo
uma reprodução
do erro cometido
n’outros setores
filosóficos e
religiosos, ao
se tentar
confinar a
verdade das
coisas na
letra
contida num, ou
n’alguns livros,
sem a
compreensão de
que esta verdade
se acha na
dinâmica maior
das realidades
da existência.
Num deles,
durante o
bate-papo de
autores da
editora FEIC com
o público
presente num dos
auditórios do
evento da Bienal
Internacional do
Livro, uma
leitora de faixa
etária mais
jovem, conquanto
estudiosa
sincera dos
temas espíritas,
pediu nossa
opinião sobre
sua visão –
justíssima – de
que os leitores
do Espiritismo
de gerações mais
recentes se
ressentem,
muitas vezes, da
mesmice
repetitiva nos
atuais livros e
palestras, que
tendem a
sabatinar temas
exaustivamente
expostos pelos
autores
consagrados do
Espiritismo, sem
nenhum acréscimo
de
esclarecimento
às necessidades
dos avanços de
compreensão dos
tempos que
correm, de
pessoas que têm
a seu dispor os
postulados
científicos mais
avançados,
convergindo para
cenários já
insinuados pelos
Espíritos em
seus
ensinamentos
contidos nos
livros do
Pentateuco.
Fala-se,
portanto, por
doutrinadores e
evangelizadores,
em Lei de Causa
e Efeito,
reencarnação,
carma, fenômenos
mediúnicos,
pluralidade dos
mundos
habitados, mas
de maneira
enfadonha,
distanciada da
aplicação
prática no
cotidiano comum;
ou, n’outras
tantas vezes,
com oratória
demais para
conteúdo de
menos; ou então,
percebe-se o
mesmo em livros
ou romances
rasos de
significado útil
às melhorias
íntimas e de
compreensão de
que se ressente
o ser humano
vivente numa
atualidade com
outras
peculiaridades.
Obras que nada
acrescentam aos
que desejam, e
já possuem
condições de
compreender mais
um pouco das
lições que a
Espiritualidade
nos reserva para
esses tempos
posteriores aos
do advento dos
livros basilares
da Codificação.
Tomei a palavra
para enfatizar
minha
concordância com
sua visão, e
expor a respeito
com um exemplo
detalhado no
segundo e
seguinte
episódio.
Ao assistir a
uma de minhas
palestras em
vídeo, na qual
faço menção à
mencionada
colônia onde o
autor da obra –
e meu mentor
desencarnado–
reside hoje, uma
senhora fez seu
comentário por
escrito: “mas
em Allan Kardec
não se fala em
lugares como
colônias, com
música, uso de
instrumentos
musicais etc.”.
Ao que busquei
oferecer-lhe o
esclarecimento,
citando o
contido no
próprio
Pentateuco, e
também nas
palavras de
Emmanuel, como
se pode
verificar nos
excertos abaixo:
O Livro dos
Espíritos - III
– Encarnação em
Diferentes
Mundos
172. Nossas
diferentes
existências
corpóreas se
passam todas na
Terra?
— Não, mas nos
diferentes
mundos. As deste
globo não são as
primeiras nem as
últimas, mas
as mais
materiais
(grifo meu) e
distanciadas da
perfeição.
181. Os seres
que habitam os
diferentes
mundos têm
corpos
semelhantes aos
nossos?
— Sem dúvida
que têm corpos,
porque é
necessário que o
Espírito se
revista de
matéria para
agir sobre ela;
mas esse
envoltório é
mais ou menos
material,
segundo o grau
de pureza a que
chegaram os
Espíritos, e é
isso que
determina as
diferenças entre
os mundos que
temos de
percorrer
(grifo meu).
Porque há muitas
moradas na casa
de nosso Pai, e
muitos graus,
portanto. Alguns
o sabem e têm
consciência
disso aqui na
Terra, mas
outros nada
sabem.
Ainda temos na
narrativa
seguinte o
complemento à
elucidação deste
trecho d’ O
Livro dos
Espíritos,
segundo as
palavras de
Emmanuel, mentor
de Chico Xavier:
Na histórica
noite de 28 de
julho de 1971,
diante das luzes
das câmeras da
TV-Tupi, na
cidade de São
Paulo, no
programa Pinga-Fogo,
assistido por
milhões de
brasileiros, em
todo o País,
tendo, como
entrevistadores,
católicos,
protestantes,
espíritas,
ateus,
materialistas,
céticos e
elementos de
outras
confissões
religiosas ou
filosóficas,
Emmanuel – em
legítima
simbiose
mediúnica com o
médium Francisco
Cândido Xavier,
respondendo a
entrevistador,
que pedia
esclarecimento
sobre o livro Cartas
de uma Morta, do
Espírito Maria
João de Deus
(editado em 1945
pela LAKE)*, no
qual é afirmado
que o Planeta
Marte é
habitado por
civilização
superior à da
Terra; isto em
divergência com
as sondagens
procedidas por
cientistas
americanos que
comprovam que
Marte é um
planeta deserto
como a nossa
lua, e cuja
composição
atmosférica
inviabilizaria a
vida como a
existente na
Terra – faz as
seguintes
ponderações, que
transcrevemos em
resumo, e que,
no nosso
entendimento,
equacionam
devidamente o
problema
levantado, o
qual, aliás, tem
motivado alguma
estranheza,
principalmente,
aos estudiosos
do
Espiritismo:[4]
“(...) nós
sabemos que o
espaço não está
vazio, conquanto
as afirmações da
Ciência e as
sondas possam
trazer respostas
negativas do
ponto de vista
físico, nós
precisamos
compreender que
a vida se
estende em
outras dimensões
(grifo meu).
E nós estamos no
limiar de tempos
novos em que a
Ciência
descortinará
para todos nós
um futuro imenso
diante do
Universo. Então,
será́ necessário
esperar que a
Ciência possa
compreender e
interpretar para
nós outros, os
filhos da Terra,
a vida em
outras
dimensões, em
outros campos
vibratórios.Allan
Kardec, nas
perguntas e
respostas de
números 56 e 57,
se a memória
não me está
falhando, em O
Livro dos
Espíritos
explica que a
Natureza dos
mundos e a
Natureza
material ou
física dos
habitantes
desses outros
mundos podem ser
muito diferentes
dos habitantes
da Terra”(grifo
meu).
(Excerto de
http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/3565-a-pluraridade-dos-mundos-habitados-sob-a-optica-do-espiritismo-e-da-ciencia.)
Portanto, amigos
leitores, tendo
em vista o
considerado, e
com base em
observações
constantes ao
longo dos anos,
se faz
necessário que
dirigentes,
expositores
espíritas e
espiritualistas,
médiuns
psicógrafos
sérios,
envolvidos no
trabalho de
parceria com
mentores
desencarnados na
divulgação das
realidades da
vida nas
dimensões
extracorpóreas,
atentem à
verdade de que
esses
ensinamentos
visam,
sobretudo, ao
esclarecimento
progressivo da
humanidade
reencarnada –
mas em
concomitância
com o dinamismo
da evolução em
ambas as esferas
da vida.
De nada adianta,
assim, bater e
rebater temas
com base em
contextos
anacrônicos para
com as
realidades do
homem do século
XXI, que já
conhece e
convive com
conceitos
científicos
novos e com
realidades
sociais
diferentes. Não
ajudará aos
Espíritos
reencarnados
sedentos do
auxílio dos
benfeitores,habitantes
das dimensões
mais sutis, o
dogmatismo
inútil dos que
pretendem
confinar a
dinâmica
progressiva da
mensagem
originada nos
mundos
invisíveis a
leis que dizem
mais respeito às
vaidades
hierárquicas das
agremiações
religiosas da
Terra, do que
aos propósitos
daqueles que
querem nos
esclarecer com
utilidade,para
vencermos os
embates sempre
renovados da
vida material,
com o devido
entendimento de
que somos, nós
mesmos, os
criadores de
nossos próprios
destinos a cada
dia, e no porvir
após a
transição.
Não seduz o
leitor
interessado com
sinceridade em
saber sobre as
verdades
espirituais
livros rasos de
conteúdo, ou
somente
repetitivos da
boa oratória e
de meras
coletâneas do
que já foi
exposto
exaustivamente
nas obras
basilares, e nas
mais
despretensiosas
palestras
espíritas
proferidas em
Centros
espalhados no
país. Soam
adocicados
demais,
inócuos,desinteressantes,
romances que
massacram
repetidamente
descrições
amorosas e
familiares
cheias de dramas
sofridos, sem
ilustrar, pelo
uso da lógica
raciocinada, os
cenários do além
após a vida na
matéria, com a
riqueza das
consequências
que nos
aguardam, e as
devidas
considerações
racionais, bem
como as
explicações dos
entrelaçamentos
cármicos entre
os fatos criados
pelos
reencarnados e
os resultados
nos ambientes
dimensionais do
porvir, a
exemplo do que
André Luiz nos
ofereceu
magnificamente
pela mediunidade
iluminada de
Chico Xavier -
assim como,
hoje, não se
aplica mais
produzir filmes
sobre a vida de
Jesus sem exibir
o rosto do ator,
ao modo do que,
com base em
certos tabus
religiosos, se
fazia
antigamente,
numa iniciativa
que hoje seria
totalmente
destituída de
utilidade
prática na
dramaturgia.
Paremos, assim,
quanto antes,
com a postura
arrogante,
dogmática,
censora, de nos
arvorarmos em
arautos da
verdade
absoluta,
reprimindo sem
critério tudo o
que supostamente
“Kardec não
disse”, em obras
literárias
atuais, e nas
exposições de
tarefeiros bem
assessorados
pela
Espiritualidade,
atuando de boa
vontade na lide
espírita!
Não é possível
que se cogite
que os únicos
Espíritos
passíveis de nos
auxiliar sejam
estritamente os
que se
comunicaram pela
Codificação, ou
pela mediunidade
dos autores
consagrados pela
mídia, e que
tenham, esses,
naquelas épocas,
esgotado um tema
essencialmente
vital e
dinâmico, se nos
próprios tópicos
espíritas se
ensina que todo
aquele que
reencarna tem
seu mentor e
grupo de
Espíritos
benfeitores, que
o assessoram da
vida invisível,
com coisas
importantes a
dizer.
Insensato o se
pretender
estancar o
serviço
benfeitor da
incansável
Espiritualidade
assistente aos
reencarnados dos
tempos que
correm, com o
resultado
indesejável de
se estagnar, por
este modo, a
área literária
espírita, com
base no erro de
se não analisar
com bom senso as
obras sérias
atuais, que não
fazem mais do
que dar
continuidade,
ilustrar e
enriquecer
muitos tópicos
que o próprio
Pentateuco já
preconizava
inicialmente,
embora em linhas
gerais.
Não condiz com o
bom senso da fé
raciocinada que
se queira
eternamente
restringir o
estudo espírita,
em pleno
contexto de
atualidades
linguísticas e
factuais do
século XXI,
unicamente aos
conteúdos ricos
em valor das
obras basilares
e dos autores
consagrados; é
indiscutível –
mas, por vezes,
de vocabulário e
enfoque obscuros
ao entendimento
claro de
gerações
preparadas para
reencarnar num
mundo, hoje,
informatizado e
sincrônico com
situações
sociais inéditas
e com novos
avanços
científicos.
Porque, na
grande maioria
das vezes, e sob
a visão acurada
de um analista
desapegado,
experiente e de
bom conhecimento
prático e
teórico dos
postulados
espíritas e
espiritualistas,
descobre-se que,
em muitos
tópicos
descritos e
narrados nos
bons livros
atuais, o que
acontece é uma
ilustração
enriquecida, não
do que “Kardec
disse”, mas do
que os Espíritos
da Codificação,
por seu
intermédio e de
fato,
transmitiram!
Trata-se, assim,
nas iniciativas
honestas dos
expositores e
trabalhadores
das lides
espiritualistas
atuais, do
desenvolvimento
natural dos
assuntos que, lá
atrás, não
encontravam
ainda no
psiquismo humano
ambiente
propício à
semeadura
apropriada.
Foram, portanto,
e em obediência
às orientações
superiores,
somente
sugeridos, com o
devido respeito
pelo que o
alcance do
entendimento e
da evolução
humana permitia,
em cada período
da História em
que mentores e
benfeitores
desencarnados se
fizeram
presentes, de um
ou de outro
modo, para nos
apoiar e
instruir.
Tudo no Universo
tende à
transformação,
aperfeiçoamento
e evolução, nas
várias e
infindáveis
dimensões da
Vida.