JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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Sobre Contos
amigos...
Yvonne do Amaral Pereira
foi uma espírita
autodidata e portadora
de prodigiosa
mediunidade. Via, ouvia,
conversava com os
Espíritos e psicografava
obras ditadas por eles
de grande beleza
espiritual. A mais
extraordinária delas,
com certeza, foi
Memórias de um suicida,
transmitida pelo
Espírito do grande
romancista português
Camilo Castelo Branco,
que adotou o pseudônimo
de Camilo Cândido
Botelho em sua narrativa
dos atrozes sofrimentos
passados por ele em
função do seu suicídio
na última existência.
Essa obra é um monumento
de mais de 500 páginas,
que nos alerta sobre as
tristes e dolorosas
consequências do
suicídio para o Espírito
que comete tal disparate
ante as leis divinas.
Foi publicada pela
Federação Espírita
Brasileira a partir de
1955 e, em 2012, a FEB
editou-a pela 27ª vez.
Além desse livro, Yvonne
publicou, em vida, por
essa editora, outras
doze obras ditadas pelos
Espíritos Léon Tolstoi,
Charles e Bezerra de
Menezes, sob a
orientação dos Espíritos
Léon Denis e Charles,
além de Bezerra.
Mas, no ano passado,
foram redescobertos
quatro manuscritos
inéditos, que vêm sendo
publicados pela
Federação: A família
espírita,
Evangelho aos simples,
As três revelações
e Contos amigos.
São obras da lavra da
própria autora, Yvonne,
sob a inspiração dos
benfeitores espirituais,
que lhe pediram para
assumir a autoria desses
trabalhos.
A última delas,
Contos amigos, é uma
obra destinada a
crianças e jovens,
principalmente, e foi
escrita em linguagem
bastante coloquial,
simples e objetiva. Traz
uma série de contos com
narrativas bucólicas e
educativas. Sobre esse
livro, que contém 156
páginas e onze
capítulos, abordaremos
alguns aspectos de alta
relevância educativa e
moral, contidos na 2ª
reimpressão da 1ª
edição, que
transcrevemos e
comentamos a seguir.
O primeiro capítulo,
cuja estrutura serve de
base aos outros dez,
narra o conto intitulado
O bom pastor, que
contém quatro partes
curtas relacionadas à
interação humana com os
animais: Nicolau,
a ovelha fujona,
O lobo da montanha
e A volta ao aprisco.
Os eventos desse conto
remetem o leitor às
reflexões contidas na
"Moral da história", a
um vocabulário e, por
fim, a um poema. No
caso, o soneto de
Pereira Brasil
intitulado O Amigo.
O segundo capítulo
apresenta-nos As
aventuras de Paulo,
um menino transtornado
pela mediunidade e
levado a um centro
espírita, que orientou
sua família sobre a
obsessão do jovem e seu
tratamento espiritual. O
poema que encerra esse
capítulo é Na noite
de Natal,
psicografado por Chico
Xavier e ditado pelo
Espírito João de Deus.
Em seguida, temos as
belíssimas histórias d'O
cãozinho amoroso
(cap. 3), d'O menino
Raimundinho (cap.
4), de Um homem
notável (cap. 5),
da triste, mas
consoladora história
d'O menino desobediente
(cap. 6) e da
reencarnação do menino
Tárley (cap. 7).
O cap. 8 volta a tratar
do tema sobre a alma dos
animais e suas relações
com os humanos.
Expõe-nos a história de
dois jornalistas
franceses, presos
injustamente na Guiana
Francesa, e fugitivos
perdidos na mata
paraense, que foram
prevenidos por macacos
para não comerem frutos
venenosos. Um deles, por
não acreditar no aviso
dos nossos "irmãos
menores", morreu
envenenado; o outro
optou por seguir a
orientação dos símios e
sobreviveu. É uma
narrativa comovente, que
nos traz à lembrança as
palavras de Jesus:
"Bem-aventurados aqueles
que sofrem perseguição
por causa da justiça,
porque deles é o reino
dos céus" (Mateus,
5:10.)
Os três últimos
capítulos tratam da
mediunidade de uma
criança que salvou seus
irmãos de se perderem na
montanha repleta de
cobras cascavéis (cap.
9). Expõe também o
triste drama de Teresa,
abnegada mãe abandonada
à própria sorte pelos
cinco filhos, depois de
idosa (cap. 10). O
último capítulo aborda
"a inteligência dos
animais".
Por fim, extraímos
algumas frases da obra,
para nossa reflexão:
O analfabetismo não
causa apenas a ruína do
indivíduo, mas também do
país em que existe.
Instruir uma criança ou
um jovem, criar uma
escola para
alfabetização é obra
meritória para aquele
que a executa, mormente
se o faz por abnegação.
É gesto que repercute no
seio divino,
glorificando aquele que
o teve (p. 76).
No seu discurso de
posse, a atual
presidente brindou o
Brasil com a seguinte
frase: "Brasil, pátria
da educação!", afirmando
que esse será o lema do
seu governo a partir de
2015. Roguemos aos céus
para que todas as
medidas sejam
implantadas e esse seu
sonho, que também é o
nosso, se torne
realidade em nosso país.
Outra brilhante frase da
obra Contos amigos:
Nossa verdadeira
individualidade reside
em nosso ser espiritual,
isto é, em nosso
Espírito, em nossa alma.
Nosso Espírito jamais
morre, é eterno porque
foi construído por Deus,
de essências espirituais
muito puras, imortais.
Quando alguém morre é
porque o corpo não pode
mais conter o Espírito
e, então, este abandona
o corpo, que não mais
serve, isto é,
desencarna (p. 85).
O Espiritismo, termo
criado por Allan Kardec
para designar os
fenômenos provenientes
das mensagens dos
Espíritos e sua
Doutrina, não veio para
substituir nenhuma
religião, e, sim,
complementar seus
ensinamentos com base na
ciência espírita, que
não se confunde com a
ciência humana, e em
suas consequências
filosóficas e morais.
Ele foi inaugurado a 18
de abril de 1857, por
meio d'O Livro dos
Espíritos, que
contém 1019 questões
relacionadas a todos os
problemas da humanidade
e suas explicações
provindas dos altos
Planos espirituais.
Assim, nossa
imortalidade vem sendo
comprovada com base na
observação e
experimentação
apropriadas às
manifestações não
mecânicas, mas
inteligentes, secundadas
por confirmações dos
pesquisadores sérios e
cientistas renomados. A
imortalidade da alma e
seu retorno ao corpo
físico, desse modo, já é
assunto sobejamente
sabido e não somente
crido pelos espíritas.
Para complementarmos
nossas reflexões,
citamos a frase de
Yvonne Pereira, contida
na "Moral da história"
do cap. 7, que trata
sobre a reencarnação,
nesse livro de beleza e
simplicidade comoventes:
A reencarnação é a Lei
divina, criada desde o
princípio das coisas
para o progresso e a
evolução dos seres
criados por Deus e para
a reabilitação do homem
que se fez pecador. Não
devemos encobri-la das
crianças, pois o seu
conhecimento por parte
destes seres delicados é
de grande importância na
reeducação do seu
caráter, vindo de outras
etapas reencarnatórias
(p. 99).
Ao leitor, aos pais e
educadores espíritas,
recomendamos a leitura
dessa obra tão
instrutiva às almas de
nossas crianças e
jovens, sem, contudo,
deixar de trazer ao
estudioso espírita
subsídios simples e
belos, como são próprios
dos relatos narrados
pelas pessoas do
interior deste nosso
país continental.
Referência:
PEREIRA, Yvonne do
Amaral. Contos amigos.
1ª ed., 2ª imp.
Brasília: FEB, 2014.
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