Carlos
Campetti:
"O que nos ocupa
é o sincero
propósito de
auxiliar as
pessoas
interessadas em
praticar a
mediunidade de
forma
segura e
produtiva”
O conhecido
escritor fala
sobre sua mais
recente obra e
comenta sua
motivação ao
escrever, seus
compromissos e
sua
atuação
no movimento
espírita
|
Carlos Roberto
Campetti
(foto),
natural de
Tanabi (SP),
reside
atualmente em
Brasília (DF).
Nasceu de pai
espírita e mãe
católica.
Começou a ler
Kardec e André
Luiz aos 9 anos
de idade. É
autor dos livros
Pases a la
Luz del
Espiritismo,
em parceria com
Simoni Privato
Goidanich, e
Trabalho
Mediúnico -
desafios e
possibilidades,
em parceria com
a espo- |
|
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sa Vera Campetti.
Participou da
fundação de
vários grupos
espíritas na
Espanha e nos
Estados Unidos.
Vinculado à
Federação
Espírita
Brasileira e à
Federación
Espirita
Española, é
também médium e
palestrante e
tem colaborado
na preparação de
trabalhadores
para centros
espíritas e
atuação no
movimento
espírita.
Jornalista de
formação, tem
mestrado em
Administração de
Negócios e
especialização
em Marketing. |
|
Fale-nos sobre
sua atuação
espírita e sobre
o Carlos
escritor. Qual o
seu propósito?
Comente sobre
suas obras.
Faço palestras,
gosto de
ministrar
seminários e
cursos de
preparação de
trabalhadores
para as diversas
áreas de atuação
dos centros
espíritas.
Ajudamos a
fundar vários
centros e
prestamos
assessoria a
diversos outros.
Como jornalista,
desde antes da
minha formação
em 1981, já
escrevia artigos
em português e,
mais tarde, em
espanhol, com
publicação em
revistas como
Reformador, RIE,
Anuário Espírita
e outras
revistas de
Portugal e
Espanha, além de
jornais leigos.
O propósito é
contribuir para
a divulgação do
Espiritismo, a
melhoria do ser
humano,
começando pela
minha própria.
Escrevemos, em
espanhol,
Pases a la Luz
del Espiritismo
porque havia
poucos livros
sobre esse tema
naquele idioma.
Trabalho
Mediúnico -
desafios e
possibilidades
foi escrito na
medida em que as
experiências iam
sendo
desenvolvidas
por mais de dez
anos. Não é um
livro teórico. É
eminentemente
prático.
O que motivou a
elaboração do
livro
Trabalho
Mediúnico -
desafios e
possibilidades?
Percebemos que,
em função da
nossa
experiência, da
Vera, minha
mulher, e minha,
poderíamos
elaborar um
livro de simples
entendimento
tratando desse
tema tão
fundamental para
os centros
espíritas.
Viajando pelo
Brasil e pelo
mundo,
observamos muita
carência nessa
área. Muitos
trabalhos mal
orientados,
problemas de
obsessão
coletiva por
falta de
entendimento da
proposta de
Allan Kardec.
Dessa forma,
partimos da
base, a
Codificação, e,
especialmente, O
Livro dos
Médiuns,
compulsando as
mais diferentes
obras publicadas
sobre o assunto
para colocar
suas orientações
em prática em
lugares como o
Brasil, Uruguai,
Espanha, Estados
Unidos e Coreia
do Sul, para
depois descrever
essa prática em
linguagem
simples e
direta, de fácil
entendimento.
Sempre admiramos
No Invisível,
de Léon Denis, e
Diálogo com
as Sombras,
de Hermínio
Miranda.
Pensamos então
que poderíamos
colaborar com
nossa
experiência na
mesma área, mas
em diferente
vertente do
trabalho
mediúnico, com
base nas
experiências de
outra ordem que
vivemos em
alguns países.
Qual a grande
contribuição da
obra para a
Doutrina
Espírita?
Esperamos que os
interessados no
assunto
mediunidade
leiam o livro e
o estudem em
grupo, como
material de
apoio, como
sempre
utilizamos os
livros de Léon
Denis e Hermínio
Miranda, que são
resultado das
experiências
desses dois
escritores no
campo da
mediunidade em
centros
espíritas.
Que método foi
utilizado e
quanto tempo
levou na
elaboração
literária?
Vera é formada
em letras e
diplomata de
carreira. Lê
desde os dois
anos e meio e já
leu tudo o que
lhe caiu nas
mãos, inclusive
enciclopédias,
pois seu pai foi
vendedor de
livros durante
um tempo. Reuniu
uma bagagem
impressionante
ao longo de sua
vida. Escreve
com uma precisão
de dar gosto,
dizendo com as
palavras certas
o que precisa
ser dito sobre
cada assunto.
Escrevemos o
livro a quatro
mãos: tudo o que
ela escreveu eu
revisei e
vice-versa,
procurando
apresentar,
sobre cada
assunto, a visão
da dialogadora e
do médium.
Tomou-nos cerca
de dez anos a
elaboração do
livro. Não
tínhamos pressa
nem pretensões
de “fazer
sucesso”. O que
nos ocupa é o
sincero
propósito de
auxiliar as
pessoas
interessadas em
praticar a
mediunidade de
forma mais
segura e
produtiva, sob
as orientações
de Kardec e
Jesus.
Foi influenciado
pela prática de
alguma
instituição ou a
iniciativa é
particular?
Tudo o que
fazemos no e
para o movimento
espírita tem por
base nossa
formação na
Federação
Espírita
Brasileira.
Aliás, a
primeira vez que
nos falamos, a
Vera e eu, foi
na porta de
entrada do
trabalho
mediúnico que
passei a
frequentar e que
ela tinha
começado a
frequentar fazia
pouco tempo na
FEB. No entanto,
nossa
experiência se
ampliou bastante
em função da
participação no
movimento
espírita em
diversos países.
Não é o mesmo
você frequentar
grupos já
existentes e bem
dirigidos, ou
frequentar
outros grupos
mal orientados e
desequilibrados,
ou, inclusive,
você ter que
iniciar do zero
um centro, com
tempo limitado a
três anos, para
deixá-lo
funcionando nos
aspectos
doutrinário,
administrativo e
financeiro.
Como você vê a
qualidade da
literatura
espírita no
momento atual?
Vejo com
preocupação. Há
quem anuncie que
vende sete mil
títulos
espíritas. No
entanto, os
livros que
realmente seguem
a proposta de
Kardec, que
passaram pelo
crivo universal
do ensino dos
Espíritos, não
passam hoje de
uns dois mil e
já é muito, pois
se uma pessoa
ler três livros
por mês levará
dez anos para
ler 420 obras.
Por isso nossa
constante
insistência para
que os
verdadeiramente
interessados
estudem primeiro
Kardec para
saberem
distinguir o
joio do trigo,
trabalho que
ninguém poderá
fazer pelo
leitor, uma vez
que não
poderemos ter "index
librorum
prohibitorum" ou
“recomendatorum”
no movimento
espírita. As
trevas se
imiscuem com
habilidade e
ganham terreno
onde há
invigilância e
acomodação.
Bezerra de
Menezes tem
alertado em
diversas
mensagens sobre
os riscos deste
momento e o
papel que nos
cabe como
espíritas
conscientes.
Quais as
principais
dificuldades a
superar?
A principal
dificuldade se
chama interesse
pessoal. Toda
vez que as
pessoas formaram
partidos ou
grupos à parte
“melhores do que
os outros” ou
“únicos
detentores da
verdade” tivemos
problemas na
história da
humanidade.
Aristóteles
disse que o povo
que não conhece
a própria
história está
fadado a
repeti-la.
Complementamos:
se não
aprendemos com
os enganos do
passado, vamos
cometê-los até
aprender a
acertar.
Personalismo é
um grave
problema e
completamente
incompatível com
uma prática
mediúnica
saudável. O
caminho seguro
para superar a
dificuldade é
cultivar a
humildade, a
solidariedade, o
amor de uns
pelos outros,
sem discriminar
o enganado, mas
não sendo
conivente com o
engano. E há
engano toda vez
que fazemos algo
que não esteja
conforme com a
Lei Divina, que
se volte para os
interesses de
preponderância
pessoal no campo
da matéria. O
que precisa
aparecer é o
trabalho e não
as pessoas,
meros
instrumentos
para que a obra
do Cristo se
concretize,
primeiro em seus
corações, e
depois nos dos
demais, quando
estiverem
maduros para
isso.
Qual o papel dos
escritores,
dirigentes e
líderes
espíritas na
melhoria e
preservação da
qualidade dos
conteúdos
literários
espíritas?
Simples esse
papel: ser
humildes e agir
com a autoridade
moral construída
no trabalho
coerente com os
propósitos da
Lei Divina.
Renunciar sempre
que a
personalidade
estiver sendo
projetada, para
não sermos pedra
de tropeço para
a obra que
transcende cada
um de nós como
individualidade.
Não escrever,
publicar,
recomendar ou
vender obras que
não coadunem com
a finalidade do
Espiritismo, que
é oferecer
elementos para
que as pessoas
se tornem
melhores.
”Colocar o
Evangelho como
roteiro;
mantermos a
consciência
tranquila como
consolo;
esquecermos o
mal como
estratégia; e
utilizarmos a
prece como
fortaleza”,
conforme
palavras do
Presidente da
FEB Jorge
Godinho Barreto
Nery.
O que, na sua
percepção,
precisa e pode
melhorar na
publicação de
conteúdos
espíritas?
É preciso que as
pessoas que
publicam para
leitores
espíritas tomem
por base os
livros de Allan
Kardec e as
obras já
reconhecidas
pelo movimento
espírita como
coerentes com a
Codificação
Espírita. Mas o
grande controle
está mesmo com o
leitor
esclarecido que
não comprará
qualquer coisa
somente para
passar o tempo
numa leitura
“agradável”, mas
que não agrega
nada para seu
crescimento
espiritual e
pode até mesmo
confundir seus
propósitos, ou
comprar livros
simplesmente
para participar
“dos mais
vendidos” e
estar “bem
informado” sobre
as novidades do
momento.
Lembramos aqui a
irmã Laura em
Nosso Lar quando
informa a André
Luiz que ele
poderia escolher
qualquer dos
livros de sua
biblioteca, pois
naquela
comunidade não
entravam certos
livros que são
publicados na
Terra.
O que pode ser
feito para
incentivar a
formação de
novos escritores
espíritas?
Praticar o
Espiritismo em
casa e na
sociedade com os
nossos filhos.
Oferecer a eles
bons exemplos e
boa literatura.
Desligar a
televisão e ler
na frente deles
e com eles para
que aprendam
pelo exemplo que
damos. Meu pai é
semianalfabeto.
No entanto, uma
das primeiras
lembranças que
tenho de minha
vida é ele
sentado na beira
da cama todos os
dias lendo O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Nossos filhos
fazem o que
fazemos. Não
adianta
argumentar ou
impor o que não
vivemos. Novos
escritores
espíritas
surgirão dos
bons exemplos,
do conhecimento
e da vivência da
proposta
renovadora que o
Espiritismo
oferece.
Quais os seus
planos em
relação ao
futuro? Pretende
continuar a
escrever?
Seguir
trabalhando para
o Cristo,
evitando que
minha
personalidade
atrapalhe o
compromisso
assumido.
Pretendemos
seguir
escrevendo. Vera
e eu temos
vários
projetos.
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Ame, ame e ame…
Seja fraterno.
Supere sua
tendência ao
personalismo e
ao egoísmo. Seja
solidário.
Compreenda e
aceite o seu
próximo como ele
é. Ninguém muda
ninguém. Você só
pode mudar uma
pessoa neste
mundo: você
mesmo. Se fizer
isso estará
seguindo o que
disse Gandhi:
Quando uma alma
se ilumina,
muitas almas se
iluminam com
ela. Acenda sua
luz. Você a
possui, como
todos a possuem.
Somos filhos de
Deus destinados
ao bem. Por que
não iniciar a
sua prática
agora, se ainda
não o fizemos?