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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 441 - 22 de Novembro de 2015

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

  

Qual será o nosso legado?


A encarnação é um momento capital na trajetória das almas. As provas, expiações e aferição de valores que aguardam o Espírito em trânsito temporário pela matéria constituem episódios cruciais e que determinarão o seu futuro. A rigor, a maioria dos Espíritos decide conscientemente sobre o que vai lhe suceder, o caminho a percorrer, as deficiências d’alma a corrigir, as tentações a serem superadas e assim por diante.

Allan Kardec explorou, com muita propriedade, esse tema ao indagar aos mentores espirituais, conforme consta na questão nº 258 do Livro dos Espíritos: “Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio”. Portanto, via de regra deixamos o Plano Espiritual no tempo aprazado e, assim, adentramos novo envoltório material carregando um plano completo de autoaperfeiçoamento indelevelmente gravado nos escaninhos do nosso ser.

Definitivamente, não renascemos para matar, dilapidar, espoliar, extorquir, roubar ou dar vazão a qualquer instinto primitivo ou a pura maldade. De fato, renascemos com tendências e características que moldam a nossa alma e que normalmente necessitam de reajustes ou melhorias significativas considerando o estágio de desenvolvimento em que a maioria de nós se encontra. Felizmente, o Espiritismo nos traz um autêntico curso sobre os meandros e propósitos da reencarnação e que mereceriam profundas reflexões das almas humanas. Mas isso ainda não ocorre na proporção desejada. Não é por outra razão, aliás, que os indivíduos se perdem clamorosamente. Afinal, desprezam oportunidades e alvitres cuidadosamente endereçados pela espiritualidade em favor deles.

Posto isto, cabe a indagação: qual será o nosso legado ao término da jornada? Como seremos lembrados? O que deixaremos para trás em termos de recordações sobre a nossa pessoa? Com efeito, quantos Espíritos nascem cercados de carinho e atenção, mas se perdem chocantemente em certo momento?

No presente texto queremos rapidamente lembrar a trajetória desesperada de um personagem típico dos tempos modernos de desamor e violência desenfreada, e que chamou a atenção da opinião pública mundial pelas razões erradas. Trata-se do jovem Mohammed Emwazi, mais conhecido pelo pseudônimo de “Jihadi John”. Nascido no Kwait em agosto de 1988, filho de pais iraquianos aparentemente bem sucedidos, emigrou com eles para a Inglaterra quando tinha seis anos. Por conseguinte, tornou-se um cidadão britânico, recebendo educação esmerada. Chegou inclusive a se graduar em informática pela prestigiosa Universidade de Westminster.

Aos 21 anos mudou-se para o Kwait onde iniciou uma carreira promissora como técnico e vendedor, mas logo depois transladou-se para a Síria, num momento em que o conflito interno já se alastrara naquela nação, chegando a alistar-se num grupo fundamentalista. A partir daí tornou-se mundialmente conhecido pelos motivos mais abjetos possíveis. Lamentavelmente, tornou-se executor de jornalistas que simplesmente cobriam a guerra e pessoas ligadas a trabalhos humanitários que ali estavam para ajudar a atenuar o sofrimento humano. Assumindo o papel de porta-voz da organização terrorista ISIS exibiu vídeos por ele protagonizados com forte sotaque inglês – o que ajudou as autoridades na sua identificação – decapitando as vítimas indefesas.

A sua crueldade e inclemência ficaram registradas pelas imagens horrendas postadas na Internet. A enciclopédia eletrônica Wikipédia chegou a lhe atribuir uma página (ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Jihadi_John). A partir desses eventos nefastos, uma caçada sem precedentes foi iniciada pelas grandes nações do planeta a fim de exterminar esse selvagem indivíduo – símbolo, aliás, do mal, da fé cega e da ignorância suprema que grassam em certas partes do planeta. Desse modo, supostamente no último dia 12 de novembro, as operações militares americanas, finalmente, o localizaram em frente à corte do ISIS em Raqqa, na Síria, entrando em um veículo, e o atingiram mortalmente por meio de um ataque aéreo realizado por um drone. 

À luz das leis universais podemos concluir que, apesar de ter recebido todas as condições propícias para desenvolver uma encarnação proveitosa e realizadora, o Espírito Mohammed Emwazi deixou-se seduzir, em dado momento, pelos apelos das trevas vindo a desencarnar tragicamente e fazendo prevalecer, uma vez mais, o axioma popular: “Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido”. Ainda segundo a Ramadhan Foundation, organização islâmica do Reino Unido, Emwazi será tristemente lembrado como a manifestação do mal.   


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita