WhatsApp
A velocidade dos avanços
tecnológicos em todas as
áreas, mas muito em
especial no que se
refere aos aplicativos,
é alucinante.
E, como tudo é dual,
assim também o WhatsApp
tem suas vantagens e
desvantagens.
Dentro de suas múltiplas
vantagens, citemos
apenas algumas:
comunicação rápida e de
qualidade,
disponibilidade de
contatos e negociações
profissionais, reuniões
em grupo, uso de
telefonia gratuita,
fugindo aos custos
absurdos praticados no
Brasil, contatos
gratuitos a longa
distância e
internacionais,
cooperação com a polícia
na procura e captura de
bandidos e criminosos,
seu uso como rápido e
eficaz alerta, como
informativo para
movimento das rodovias,
de acidentes, de pedidos
de ajuda, de localização
de desaparecidos, de
divulgação de mensagens
espirituais, de
bem-estar e autoajuda,
além do seu lado do
humor que, quando sadio,
é válido pela
criatividade do ser
humano e de como ele
extravasa o seu
descontentamento com
nossos políticos e
situações do dia a dia.
Mas, vamos agora ao lado
negativo, ou seja,
quando há mudanças
negativas de
comportamento individual
e coletivo.
O ego inflado do ser
humano sente uma enorme
satisfação em mostrar
aos outros com quem se
relaciona que ele “está
por dentro”, domina,
conhece o que existe de
mais recente – está
atualizado, “updated”.
Triste que façamos de um
aplicativo nossa razão
de viver!
A verdadeira felicidade
não é a turbulência da
vida, não está num
aplicativo que nos faz
insanos e compulsivos.
Mesmo que no rápido
entra e sai de cada
acesso, quando somados
representam, por
incrível que pareça,
algumas preciosas horas
do nosso dia.
O WhatsApp é o que chamo
de cocaína virtual.
Quanto mais se cheira,
mais se quer cheirar –
pelo menos é isso que
dizem. Quanto mais se
usa, mais se quer usar.
É viciante e compulsivo.
A nossa atenção se
dispersa com o sinal
sonoro avisando que
chegou mensagem. Paramos
a conversa, ou o que
estamos fazendo, o nosso
foco passou a ser aquele
sinal, como se fosse o
reflexo condicionado de
Pavlov! O nosso
comportamento social
mudou.
Outro aspecto que parece
até exagero: a
quantidade de
atropelamentos e
acidentes de trabalho
aumentou, sendo um
número já expressivo
consequência do uso
ininterrupto do celular
na rua, no trânsito e no
trabalho. Nas escolas,
as crianças se rebelam
contra os professores,
chegando mesmo a
agredi-los, quando o
mestre, na tentativa de
fazer com que o aluno
preste atenção à aula e
não ao celular e seus
aplicativos, pede que
desliguem os aparelhos,
ou até mesmo os
recolhe...
O lado ruim do WhatsApp
é que vulgariza por
demais as pessoas: as
pessoas perdem sua
interiorização, sua
força magnética, sua
intensidade pessoal, sua
energia espiritual! Não
há tempo para
raciocinar, para
meditar, para uma
introspeção,
principalmente quando
fazemos parte de grupos
e recebemos ou
procuramos mensagens
constantemente. Não há
qualquer possibilidade
de concentração! A
atenção fica focada em
acessar de minuto em
minuto e de forma
doentia e compulsiva o
WhatsApp, entrando no
horário de nosso
descanso, perdendo até
horas intermináveis de
bom e profundo sono
reparador.
Os relacionamentos
conjugais ficam
altamente comprometidos.
É triste ver um casal,
ambos voltados para seus
celulares, ou apenas um
deles, não
compartilhando de
conversa “olho no olho”,
não se inteirando do dia
de cada um, não sendo
mais amigos, namorados,
cúmplices, amantes.
Quando um casamento
chega ao ponto de se
procurar exaustivamente
contato pelo WhatsApp,
creiam que esse
casamento, digam o que
disserem, terminou. Ou
há acomodação, ou
interesses financeiros
envolvidos, mas seu
término é bem visível:
já era!
Também quem procura
através do WhatsApp
preencher sua vida não
tem mais tempo para se
concentrar em boas
leituras, que elevam o
espírito, em bons
filmes, em visitar um
bom amigo: sua vida se
limita a polegares para
cima, sorrisos, enfim...
A verdadeira amizade – a
verdadeira intimidade –
vai para o brejo como se
houvesse um medo grande
de desvendar quem se é
de verdade e não um
estereótipo criado pela
tecnologia moderna. Não
existe mais a verdadeira
intimidade. O que se diz
a um, diz-se a todos,
não há diferenciação.
Parece que ser
importante é ter muitos
amigos dando bom-dia,
mesmo que esse bom-dia
seja automático,
despersonalizado, igual
para todos os outros do
mesmo grupo..., um
bom-dia que acaba até
enchendo nossa
paciência! E tem mais:
as mensagens, não mais
as guardamos para nós,
não as preservamos
docemente em segredo,
como os antigos e
discretos namorados e
amigos, mas repassamos a
todos os outros do mesmo
grupo. A mensagem que
nos foi mandada por
alguém com carinho e
intimidade é jogada na
rede como banal. Casos
há em que um deles
recebe uma mensagem de
um(a) namorado(a) e a
repassa de imediato para
outros(as) com quem
mantém o mesmo tipo de
relacionamento virtual,
num avacalhamento de
sentimentos e falta de
caráter, para falar logo
com todas as palavras.
Não há mais ética. É a
total desvalorização dos
sentimentos, da
intimidade, do
relacionamento e do
respeito humano.
Informações e fotos são
vazadas de qualquer
forma. Não temos mais
privacidade...
E o pior: são aqueles
que dizem e apregoam que
não gostam de exposição,
defendem sua privacidade
com unhas e dentes que,
de repente, ali estão
eles expostos, trocando
informações e
observações com pessoas
que mal conhecem... numa
total incoerência!
Certa noite, jantando
com um bom amigo de
longos anos, enquanto
conversávamos e ríamos
animadamente (ainda
curtimos um bom papo,
“olho no olho”), na mesa
do lado estava um casal
na faixa dos 40 e poucos
anos, com dois
adolescentes. Cada um
deles acessava o seu
celular e não havia
qualquer conversa entre
eles. Até que, de
repente, o pai, sem
tirar os olhos do
celular, apontou para um
dos dois adolescentes e
disse em voz bem alta:
“Viu? Mandei pra você
agora no WhatsApp.
Recebeu?” Deus seja
louvado! A família
estava interagindo uns
com os outros via
celular e WhatsApp, os
quatro sentados a uma
mesa para jantar!...
Vejamos também a parte
da saúde: os médicos
citam casos de dores e
enfermidades causadas
pela postura
característica de quem
acessa o celular durante
horas e horas seguidas.
A coluna se ressente, a
visão é alterada, até a
respiração é afetada, e
com isso o raciocínio
também, porque a
oxigenação é imperfeita,
a concentração existe
apenas em relação ao
celular e ao WhatsApp e
aplicativos similares.
Também a pornografia e
os tão na moda “nudes”,
e sexo explícito com
homens e mulheres
mostrando seus órgãos
sexuais, como se os
valores da vida fossem
esses. Quantos homens há
que têm um “mulherão”
dormindo no quarto ao
lado, enquanto eles
manipulam avidamente um
aplicativo para, a
distância, fugindo
portando de qualquer
intimidade, interagirem
com outras mulheres que,
por sua vez, têm seus
companheiros dormindo
também no quarto ao
lado.
Isso é vida conjugal?
Então, por que se
casaram? É uma porta
escancarada para mútua
traição. E não venham
argumentar que é
virtual, que está na
moda, portanto não é
traição! É traição, sim!
Tenho mente aberta, mas
a verdade é que a mulher
e o homem não se
respeitam mais. Como vão
respeitar os outros?
E quantos casos há em
que nossas crianças têm
acesso a tudo isto com a
concordância dos pais e
são vítimas constantes
de pedofilia via
aplicativos desse tipo?
E vocês estão pensando
que quem faz tudo isto
são apenas os jovens?
Não! Esse mesmo
comportamento é seguido
por profissionais de
alto gabarito, homens e
mulheres de meia-idade e
mais velhos, que ninguém
diria, mas fazem tudo o
que está descrito
acima...Tentam imitar o
linguajar, a gíria dos
adolescentes, no afã de
se sentirem jovens
ainda; criam nomes
fictícios ou não, pensam
que estão “abafando”,
mas sempre há uma
escorregada que mostra a
verdadeira idade deles
ou delas. No dia a dia,
são profissionais,
homens e mulheres
íntegros, sérios,
respeitados,
responsáveis,
aconselhando, cuidando,
tomando decisões em
grandes empresas, mas,
na intimidade, são...
Não sabem sequer o que é
ter verdadeira
intimidade com alguém,
porque sua insegurança
os faz fugir dela como o
diabo foge da cruz.
Porque a intimidade
pressupõe um coração
aberto, a exposição do
que temos de mais
íntimo, permitir que o
outro tenha acesso pleno
a quem somos na
realidade.
Quando o pensamento se
fixa no WhatsApp com
fervor e total
dedicação, temos o
monoideísmo, que pode
desembocar na obsessão.
Assim como acontece com
o usuário de cocaína,
também o doentio uso do
WhatsApp tem cura, mas
quando o usuário de uma
ou de outro se deixou
dominar, a sua cura é
muito mais difícil e,
quando não há força de
vontade real, a recaída,
assim como na cocaína, é
constante.
Antes de encerrar este
artigo, preciso dizer
que muitas das situações
aqui descritas, eu mesma
já as experimentei, como
o constante e contínuo
acesso ao WhatsApp.
Quando vi que realmente
esse não era um bom
caminho, tomei algumas
decisões, que muito me
ajudaram. Não sou
exemplo para ninguém,
mas aqui vão algumas
medidas que talvez
possam ajudar:
1. Passei a acessar o
WhatsApp em 4 horários
pré-estabelecidos.
2. Saí de todos os
grupos.
3. Saí de todos os
aplicativos similares,
apenas mantendo um.
4. Passei a manter
contato com apenas as
pessoas que realmente
representam algo de bom
para mim e com quem
sinto verdadeira
intimidade e empatia.
Para esses há um toque
especial,
distinguindo-os para que
eu saiba de antemão se
me convém ou não acessar
o WhatsApp.
5. Retirei todos os meus
dados pessoais, mantendo
certa privacidade.
6. Desligo o celular por
períodos intercalados de
uma hora. Quando não
tínhamos celulares e
WhatsApp, convivíamos
bem com isso. (Faço aqui
um parêntesis para
contar sobre um amigo de
Recife, empresário
famoso e muito rico, que
não tem sequer celular.
Um dia, perguntei a
razão de não ter acesso
à moderna tecnologia e
ele respondeu com aquele
sotaque bem
pernambucano, abrindo e
rolando lentamente as
vogais: “olhe, minha
amiga, fiz minha fortuna
todinha sem celular...
Lá quero esse negócio?
Não vou ter nem tempo
para pensar... Quero
não”.) Ninguém é tão
importante que não possa
fazer isto. E, se é tão
importante e ocupado,
como tem tempo para
passar horas e horas
acessando o WhatsApp em
acessos inúteis?
7. À noite, desligo o
aparelho e só assim
passei a dormir melhor.
Parei de dormir como os
crocodilos: com um olho
aberto e outro fechado.
8. Regressei a boas
leituras, bons filmes,
boa música, a olhar mais
para cima do que para
baixo, a reparar mais no
encanto e magia da
Natureza, a viver mais e
com melhor qualidade de
vida, a cozinhar
amorosamente para quem
quero, dizer sem medos
“eu te amo, te quero
bem”, ter o prazer de
arrumar um vaso de
flores, de dar um abraço
na rua, de cuidar de
minha parte espiritual
de uma forma equilibrada
e saudável, de sentir o
cheiro e as cores das
coisas, de escrever,
enfim... Voltei a ser
gente de novo e não um
ser humano com um chip
“whatsappiano”
implantado no meu
cérebro!
9. Ocupei-me com
trabalho voluntário.
E, quanto aos pais, pois
pensem bem nos filhos
que estão criando. Não
tenham receio de impor
limites e normas. Para
isso, queridos pais,
terão que ser, primeiro,
o exemplo. Palavras são
vãs. Ações são firmes
guias de conduta. Seu
filho hoje reclamará,
vai chamá-los de
ultrapassados, mas está
provado que, mais tarde,
ele vai agradecer,
porque foram colocados
limites na sua vida,
entre eles o uso do
celular e do WhatsApp e
similares. Incentivem o
filho a usar o poderoso
computador que tem sobre
os ombros: o cérebro
humano. Abram leques de
pensamento para que ele
se desenvolva e se
instrua acompanhando com
equilíbrio o uso da
tecnologia moderna, mas
não esquecendo seu
desenvolvimento e
aperfeiçoamento
espiritual: ser um homem
do e para o bem! E a
aprender que o tempo que
nos é dado é muito
rápido para ser
desperdiçado inocuamente
em acessos inúteis ao
WhatsApp!
E, quando tiver dúvida
se você deve ser
moderninho ou coerente
em relação a você mesmo,
e principalmente em
relação aos seus filhos,
lembre-se:
Deus perguntará: Que
fizeste do filho
confiado à tua guarda?
(Cap. XIV, item 9 – ESE).
E eu lhe pergunto: O
que faz de sua vida que
tão preciosamente lhe
foi dada e que passa tão
rápido?