Puxão de orelha dos
Espíritos
Francisco, estudioso da
doutrina espírita,
palestrante,
praticamente criado no
centro, passava por um
período conturbado em
sua vida, daqueles que
todos nós vivenciamos,
nas quebradas da
reencarnação.
Saudades de um parente
desencarnado, problemas
no ambiente
profissional,
arrependimento por
posturas adotadas,
confusão diante das
decisões... Aquela nuvem
negra pairava sobre a
cabeça de Francisco, que
andava para lá de
atormentado.
Amigo do trabalho
indicou a Francisco uma
dita casa
espiritualista, na qual
os médiuns,
incorporados, davam
consultas aos
visitantes. Disse lá ser
muito bom e que com
certeza encontraria a
ajuda que buscava.
Meio ressabiado,
Francisco tomou o rumo
do templo indicado no
dia agendado, é lá se
juntou á fila de
consulentes. Na vez
anterior à sua, o
Espírito, com o
linguajar apropriado
daquela circunstância,
orientava mulher que
havia sido abandonada
pelo marido. Na vez de
Francisco, curiosamente,
o Espírito manifestante
deixou de lado o
linguajar típico e, de
forma sutil, perguntou o
que ele fazia ali, no
mais puro vernáculo.
Francisco, meio
envergonhado, narrou
suas angústias e o
Espírito, de maneira
firme e afetuosa,
informa-lhe que ele já
detinha os elementos
necessários à superação
daquela situação,
recomendando que ele
lesse determinado
capítulo de “O Evangelho
segundo o Espiritismo” e
que não descuidasse da
prece e da vigilância
dos pensamentos.
Nosso consulente sorriu
para o Espírito,
percebendo o puxão de
orelha fraterno,
agradeceu a orientação e
seguiu reflexivo, com
disposições renovadas
para a mudança de
atitudes.
André Luiz, na obra
Agenda Cristã,
psicografia de Chico
Xavier, afirma que “Não
viva pedindo orientação
espiritual,
indefinidamente. Se você
já possui duas semanas
de conhecimento cristão,
sabe, à saciedade, o que
fazer”. Gandhi,
conforme obra de Huberto
Rohden, dizia que
“(...) se se perdessem
todos os livros sacros
da humanidade, e só se
salvasse o Sermão da
Montanha, nada estaria
perdido”. Os
caminhos evolutivos são
simples na teoria e
complexos na prática.
Conselhos diretivos
provocam mudanças, mas o
primado é da reflexão.
Ignoramos o tesouro que
trazemos, nos
conhecimentos
libertadores da Doutrina
Espírita, um manancial
que esclarece, consola,
orienta e que nos dá
base segura para
prosseguir. Não é
adorno, é ferramenta de
evolução, colete
salva-vidas nas
situações difíceis,
farol nas nossas
decisões, chave
libertadora dos medos.
A prática espírita nos
apresenta ferramentas
que trazem autonomia ao
religioso, como o estudo
que fomenta a reflexão,
a prática que abranda o
coração e a reunião
mediúnica de socorro aos
Espíritos sofredores,
que nos trazem uma
percepção produtiva do
fenômeno mediúnico.
Faz-se necessário
reconhecer a dádiva do
Espiritismo vivo e
praticado e de como ele
pode servir de
instrumento para a nossa
encarnação. Fórmulas
mágicas, atalhos,
rituais, simbolismos,
elementos naturais do
Espírito encarnado e que
nos ajudam a nos
encontrar, mas que podem
nos escravizar a forma.
A tática espírita vem
munida da reflexão
vinculada à prática e
tem um caráter
libertador, que nos
possibilita prosseguir,
a passos firmes.
Cada credo, cada
segmento trabalha a
espiritualidade dos
seus, de acordo com a
cultura, com a
afinidade, a história e
o seu grau de
entendimento. A doutrina
espírita apresenta um
caminho, por nós
escolhido, que também
possui os elementos
necessários para a nossa
libertação espiritual,
nos possibilitando
avançar sem muletas.
Quem nunca tomou seu
puxão de orelha? Quem
nunca esperou uma
palavra mais diretiva
dos Espíritos? O convite
posto é a caminhada e o
Espiritismo é um dos
caminhos que nos permite
isso de maneira
autônoma, consciente, em
um desafio da nossa
tarefa de evolução, que
aceitamos pouco a pouco,
a cada dia.