Os bons espíritas
Na caudalosa obra O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
encontra-se insculpida
no capítulo XVII,
denominado “Sede
Perfeitos”, a preciosa
lição: “Os bons
espíritas”.
Trata-se de uma
exortação aos caracteres
do verdadeiro espírita.
Dizem-nos os imortais:
“Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela
sua transformação moral
e pelos esforços que
emprega para domar suas
inclinações más” (KARDEC,
2002, p. 276).
Trecho precioso este dos
numes da Codificação,
pois, em verdade, a
proposta precípua da
Doutrina Espírita é a
transformação moral do
indivíduo, que implica
no conhecimento de si
mesmo.
Ora, quando o indivíduo
está calcado numa
consciência profunda, ou
seja, quando de fato
conhece a si mesmo,
ele pode discernir com
maior confiança as suas
virtudes e os seus
defeitos. As primeiras,
ele potencializa por
meio de suas ações no
bem junto aos
familiares, amigos,
colegas de profissão,
enfim, no bojo social.
Quanto aos defeitos, ele
é capaz de elencá-los e
criar uma proposta ou
metodologia para a sua
corrigenda. Cônscio de
que, certamente, não
eliminará todos os
defeitos numa só
existência.
Conhecer a si mesmo não
é uma tarefa simples.
Requer experiência nas
múltiplas situações da
vida; exige-se
maturidade. Somente
somos capazes de
entender os nossos
sentimentos (bons ou
maus) quando estamos
imersos numa situação,
como se diz
popularmente, no olho
do furacão. Do
contrário, tudo é
teoria.
O Espiritismo trouxe os
ensinamentos do Mestre
Jesus numa linguagem
compreensível; fácil;
clara. Propicia aos seus
estudiosos uma fé
inabalável!
É comum se afirmar que a
“carne é fraca” e por
este motivo o erro seria
inevitável. Mas é
imperioso se ampliar a
lente e considerar que o
condutor ou o senhor da
matéria é o Espírito. Na
condição de encarnado as
potencialidades do
Espírito são abafados,
todavia, na consciência
está inscrita a lei
divina, logo, não há
justificativa para
culpar a matéria quando
na verdade a ação ou
intenção é do Espírito.
Cientes da ontologia
humana, os Espíritos
disseram que aquele que
se esforça para domar
suas inclinações más,
pode ser rotulado de
Espírita.
O verdadeiro
espírita-cristão não
violenta consciências; é
indulgente para com as
imperfeições alheias e
severo para consigo
mesmo; compreende que a
prática da
caridade se dá em todas
as instâncias (de nada
adianta ser bonzinho no
interior do Centro
Espírita e um tirano
doméstico); não é
maledicente; não
compactua com o erro;
não julga as
imperfeições alheias;
não é invejoso; não é
egoísta; é, em síntese,
um lídimo trabalhador do
bem. Porque, ao praticar
o bem, ele apara as
próprias
anfractuosidades,
tornando-se melhor a
cada dia.
Referência:
KARDEC,
Allan. O Evangelho
segundo o Espiritismo:
com explicações das
máximas morais do Cristo
em concordância com o
Espiritismo e suas
aplicações às diversas
circunstâncias da vida.
120. ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita
Brasileira, 2002.