Chico
Xavier:
homem bom ou vedeta?
Quando optamos por
opinar, concordar ou
discordar, corremos o
risco de ser mal
interpretados, de ser
amados ou detestados. É
normal, isso faz parte
da natureza do ser
humano.
Convencionou-se, há
muito tempo, em muitos
espíritas, um conceito
desvirtuado de
"caridade".
Os bons Espíritos nos
ensinaram que "Fora da
caridade não há
salvação", isto é, que
somente trilhando o
caminho da "caridade"
para conosco e para com
o próximo, nos seus
múltiplos matizes,
evoluiremos
espiritualmente e mais
depressa.
Na grande maioria, nós,
espíritas reencarnados,
somos padres e freiras
de outrora, e é natural
que tragamos no nosso
bojo psíquico arquivos
sedimentados do tempo do
catolicismo, tentando,
atualmente, impregnar a
prática espírita com
essas reminiscências.
É muito comum
confundir-se, no dia a
dia, "caridade"
(característica
espiritual) com
complacência com o erro,
com a asneira, com
práticas
antidoutrinárias,
algumas que chegam a
colocar em causa a
imagem da Doutrina dos
Espíritos.
Alguns dos espíritas,
querendo aparentar
bondade, sugerem que
devamos calar perante o
erro, que em nome do bom
nome do Espiritismo não
devemos apontar o erro,
fugindo assim, quase
sempre, à
responsabilidade de
dizer "desculpe, mas não
concordo, pois isso não
é Espiritismo".
Querem estar de bem com
todos, com quem acerta e
com quem erra, acabando
muitas vezes por
resvalar na crítica, às
escondidas, o que denota
a tibieza espiritual e
psicológica que ainda
temos na Terra.
O Espírito Erasto, em "O
Livro dos Médiuns",
aconselha que mais vale
repelir 10 verdades do
que aceitar uma mentira.
Allan Kardec sempre
denotou uma
personalidade correta,
justa e assertiva, a tal
ponto que afirmou que,
no dia em que a ciência
dita "oficial" provasse
que um único ponto do
Espiritismo estivesse
errado, este seria
abandonado.
A isso, se chama... bom
senso!!!
A melhor
maneira de imortalizar a
memória de Chico Xavier
é respeitá-la, tentando
ser simples, humilde,
desapegado e servidor,
como ele sempre o foi na
Terra...
Francisco Cândido Xavier
(Chico Xavier) foi a
maior antena psíquica do
século XX, um Espírito
nobre, cuja
grandiosidade certamente
desconhecemos.
Sendo a simplicidade em
pessoa, deixou à
Humanidade preciosa joia:
a sua obra psicografada
de mais de 400 livros.
Paralelamente, e quiçá
tão ou mais importante
como a sua obra, deixou
o seu exemplo de "Homem
de Bem", conforme ensina
"O Evangelho segundo o
Espiritismo", exemplo de
simplicidade, de serviço
ao próximo, furtando-se
sempre ao destaque, e
procurando sempre ser o
maior servidor, e não
ser servido.
Este foi o "Homem Bom"
que eu conheci pelos
livros, pelas
entrevistas, pelos
relatos, pelos dados
históricos recentes.
Como se não bastasse o
pseudoespírito "Dr.
Inácio Ferreira" vir
todas as semanas do Além
atualizar um blog e, num
processo evolutivo
regressivo, estar pior
no Além do que quando
estava na Terra, ditando
livros (autênticas
aberrações doutrinárias)
por meio de um médium
brasileiro, anda por aí
um outro Chico Xavier –
vedeta, criado à imagem
dos seres humanos que o
criaram.(1)
É o Chico-Xavier dos
mausoléus, é o Chico
Xavier que disse coisas
a pessoas durante a
vida, que nunca disse
publicamente quando
estava na Terra (muito
estranho, sabendo-se da
assertividade de Chico
Xavier). É o Chico
Xavier dos "Encontros
dos amigos do Chico
Xavier" (uma reedição
das confrarias ou das
ordens religiosas?),
como se não houvesse um
espírita lúcido que não
tivesse um grande preito
de gratidão por esse
nobre Espírito,
benfeitor da Humanidade.
É o Chico Xavier da
"pomadinha Chico
Xavier"!!!
Haja bom senso!!!
A memória de Chico
Xavier deve ser
imortalizada, não só na
sua obra literária, mas
principalmente no seu
exemplo de "Homem de
bem", de Espírito nobre,
de missionário na Terra.
A melhor maneira de
imortalizar a sua
memória é respeitá-la,
tentando ser simples,
humilde, desapegado e
servidor, como ele
sempre o foi na Terra e,
não, criando-se um
"santo dos espíritas"
com o respectivo
"merchandising"
acoplado.
O Chico Xavier-vedeta
que por aí anda nada tem
a ver com o Espiritismo.
O Chico Xavier – Homem
de bem –, esse, sim,
foi, é, e será sempre um
exemplo para todos nós.
Da minha parte, vou
tentar ser como ele, nem
que seja... um
bocadinho!
Quanto ao resto, fica
aquela frase: "a cada um
de acordo com as suas
obras".
P.S.: Não conheço
pessoalmente as pessoas
que inventaram o "Chico
Xavier-vedeta", nem nada
me move contra elas. Na
qualidade de espírita,
livre-pensador, não
questiono pessoas (seres
imortais, meus irmãos em
Deus), mas sim atitudes,
opiniões (todas elas
passageiras) que ferem,
na minha ótica, a
memória do médium Chico
Xavier, ferem o bom
senso e a imagem séria
da "Doutrina dos
Espíritos".
(1)
Vedeta
(ê) é o mesmo que
vedete: pessoa que
sobressai. Popularmente,
aqui no Brasil, o
vocábulo vedete está
relacionado a toda
pessoa que deseja
aparecer, ter sucesso a
qualquer custo.