A Vida no Outro Mundo
Cairbar
Schutel
Parte 1
Iniciamos nesta edição o
estudo metódico e
sequencial do livro A
Vida no Outro Mundo,
de autoria de Cairbar
Schutel, publicado
originalmente em 1932
pela Casa Editora O
Clarim, de Matão (SP).
Questões preliminares
A. Qual é, segundo
Cairbar Schutel, o
grande mal de nossa
época?
É o Materialismo
deprimente que envolve
as massas. Por toda
parte a descrença e a
ignorância fazem
vítimas, matando corpos
e adormecendo almas.
Mesmo no seio das
igrejas que se dizem
cristãs, não haverá,
talvez, dez por cento de
"religiosos" que
acreditam firmemente na
sobrevivência. (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
B. Qual cientista
demonstrou que existe um
quarto estado da
matéria, o chamado
estado radiante?
Foi William Crookes
quem, no seu trabalho
sobre Física Molecular,
demonstrou a existência
do quarto estado da
matéria, metagasoso, ou
seja, radiante,
concluindo, por isso,
que a matéria não é
senão um modo de
movimento, que passa do
estado sólido ao etéreo
donde veio. (A Vida
no Outro Mundo – Cap. I
– Ciência Materialista.)
C. Que diz Cairbar
Schutel acerca do
pensamento aristotélico
de que nada há na
inteligência que não
haja passado pelos
sentidos?
Cairbar diz que esse
adágio, tal como o
aplicam, é absolutamente
falso, um princípio sem
sanção em Ciência como
também em Filosofia. Nem
todos os conhecimentos
são hauridos através dos
sentidos físicos ou tão
somente na existência
presente. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
Texto para leitura
1. Quando escreveu “O
Espírito do
Cristianismo”, Cairbar
Schutel julgou que ela
seria sua última obra e
se alegrou por haver
desinteressadamente
levado aquela
insignificante
contribuição para o
erguimento do Verdadeiro
Templo Espiritual, que o
Espiritismo veio
construir para abrigar a
Humanidade. (A Vida
no Outro Mundo –
Prefácio.)
2. Na verdade, não
passava por sua mente a
ideia de um novo livro.
Um dia, porém,
lembrou-se de que há
muito tempo havia
escrito uma conferência,
cujos ensinos eram
inéditos naquela época e
vinham trazer nova luz
sobre a vida além da
morte. A doutrina
expendida na citada
conferência fora
ilustrada com alguns
mapas, que formavam um
esquema de confronto
entre os mundos do nosso
Sistema Planetário e
outros, representativos
das estrelas, majestosos
sóis centros de outros
tantos sistemas, que
representam as "muitas
moradas da Casa de
Deus", lembradas por
Jesus segundo refere o
evangelista João. (A
Vida no Outro Mundo –
Prefácio.)
3. Os desenhos faziam
lembrar os asteroides,
os cometas, os mundos
que sulcam os Universos
quais frotas flutuantes,
levando em seu dorso
humanidades que caminham
para a Perfeição – o Bem
e o Belo – para a
glorificação do Supremo
Criador. (A Vida no
Outro Mundo – Prefácio.)
4. Passados alguns anos,
ele verificou que a
doutrina expendida na
conferência não era
ficção, nem mera
fantasia de uma
exaltação pela
imortalidade, visto que
outros tantos escritores
e médiuns haviam
transmitido as mesmas
verdades, embora em
países diversos e
distantes do nosso, bem
assim em outros idiomas.
(A Vida no Outro
Mundo – Prefácio.)
5. Esse fato incitou-o,
então, a escrever novo
livro, que, com justa
razão, deveria
intitular-se “A Vida no
Outro Mundo”. Cairbar
pôs mãos à obra e eis
que conseguiu, com o
valoroso auxilio dos
seus protetores e dos
caros Espíritos que
dirigem nosso movimento,
entregá-la à
publicidade. (A Vida
no Outro Mundo –
Prefácio.)
6. Como nas demais
obras, o autor não se
incomodou com a forma;
unicamente fez questão
de que as expressões que
traduzem os
conhecimentos que lhe
foram dado receber
exprimissem exatamente
as ideias que desejava
ver propagadas e
conhecidas de toda
gente. (A Vida no
Outro Mundo – Prefácio.)
7. Esforçou-se assim
para usar de uma
linguagem popular,
acessível a todas as
inteligências, porque
sabia que a obra teria
mais divulgação entre os
humildes e desprovidos
da literatura que adorna
os que tiveram tempo e
dinheiro para se
ilustrar na arte de
falar bonito. Seu
objetivo: levar a
consolação aos aflitos,
a fé aos descrentes, a
verdade aos que por ela
anseiam e trabalham.
(A Vida no Outro Mundo –
Prefácio.)
8. Fechando o prefácio
da obra, Cairbar
escreveu: “Se este livro
concorrer para estancar
lágrimas de amor pela
separação de entes
caros, e para a
iluminação de cérebros
que se consideravam
vazios de
espiritualidade, eu me
darei por satisfeito com
o meu trabalho”. (A
Vida no Outro Mundo –
Prefácio.)
9. O grande mal da nossa
época é o Materialismo
deprimente que envolve
as massas. Por toda
parte a descrença e a
ignorância fazem
vítimas, matando corpos
e adormecendo almas.
Mesmo no seio das
igrejas que se dizem
cristãs, não haverá,
talvez, dez por cento de
"religiosos" que
acreditam firmemente na
sobrevivência. (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
10. O materialismo
penetrou no âmago dos
corações, e a ignorância
lavra, tristemente,
obscurecendo espíritos.
Afinal, no que se funda
o Materialismo? Quais
são os seus princípios,
considerados dignos de
tanta consideração e
obediência? Em uma
palavra – o que é a
matéria? (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
11. Dizem os devotos do
Materialismo: “A matéria
é uma coisa inerte e
tangível, composta de
átomos”. E diversos
sábios acrescentaram a
"indestrutibilidade e
irredutibilidade à
matéria, bem como a sua
ponderabilidade e
imponderabilidade", o
que levou Berthelot a
dizer que "esses
atributos da matéria
permaneceram registrados
na História como um
romance engenhoso e
sutil". (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
12. Como se sabe, a
matéria era pouco
conhecida; só se
percebiam os seus três
estados: sólido, líquido
e gasoso. Foi em 1878
que o estudo da matéria
recebeu influxo mais
positivo. Na mesma
ocasião em que Davy
fazia conhecer a
dissociação dos
compostos químicos por
uma corrente elétrica,
William Crookes, no seu
trabalho sobre Física
Molecular, demonstrou a
existência de um quarto
estado da matéria,
metagasoso, ou seja,
radiante. E acrescentou,
em suas conclusões, que
esse estado (radiante) é
absolutamente material,
concluindo, por isso,
que a matéria não é
senão um modo de
movimento, que passa do
estado sólido ao etéreo
donde veio. (A Vida
no Outro Mundo – Cap. I
– Ciência Materialista.)
13. Logo depois, o
ilustre físico inglês
Sir Oliver Lodge fez uma
comunicação à Sociedade
Real de Londres, sobre a
matéria, cujas
conclusões assim resume:
"A evolução ou
transmutação da matéria
foi experimentalmente
posta em evidência pelos
fatos da radioatividade.
Os átomos pesados dos
corpos radioativos
parecem desagregar e
lançar no espaço átomos
de peso atômico mais
fraco". Eram para Lodge
cargas iônicas, que
outros cientistas, entre
os quais William Crookes,
chamaram de elétrons.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
14. Por tudo isso se vê
que a matéria não tem as
propriedades com que a
brindaram os sábios
doutro tempo. O seu
estado primordial e seu
último estado resumem-se
no éter, e, como disse
Sir Oliver Lodge, não se
pode deixar de concluir
que o éter é tudo, a
fonte de que Deus se
serve para criar tudo
quanto existe, porque o
éter, por si mesmo, não
é inteligente, e não
passa de um reservatório
infinito, eterno, de
forças que se
materializam e modelam,
e se desmaterializam,
dependentes de uma
Vontade Superior, de uma
Inteligência Suprema,
Eterna, que chamamos
Deus. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
15. Se dermos, uma
olhadela nos trabalhos
do Dr. Gustave Le Bon,
veremos que, segundo a
ideia deste ilustre
homem de ciência, como
de outros físicos, a
matéria não é senão
"energia concretizada".
Vê-se, pois, que os
próprios materialistas
têm perdido os seus
princípios, mas não
relutam em afirmar,
embora sobre bases
movediças, a realidade
da sua doutrina. (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
16. O interessante,
porém, é que cada um
deles mantém teorias
meramente pessoais e
discordantes uma das
outras. Uns acham que o
Organicismo e a
Histologia são
suficientes para
explicar os fenômenos
vitais pelo mecanismo
dos órgãos. Neste caso
entram em cena os
efeitos das forças
psicoquímicas,
considerando a sensação,
o pensamento, a vontade,
como uma propriedade dos
neurônios. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
17. Outros são
materialistas porque não
concebem um
espiritualismo de acordo
com a ciência
experimental, que
aconselha o estudo, a
investigação, o
livre-exame. Estes são
os epicuristas, que
afirmam: “Post mortem
nihil est, ipsaque mors
nihil”. (Depois da morte
nada há, a morte é mesmo
nada). (A Vida no
Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
18. Sem a mais ligeira
noção de psicologia,
olham indiferentemente
todos os fenômenos
objetivos e subjetivos
que se vão verificando
todos os dias em toda
parte, e, em face dessas
manifestações
inteligentes, que
revelam conhecimentos
muito superiores aos do
indivíduo, repetem
loucamente o velho
aforismo aristotélico de
que "nihil est in
intellectu quod prius
non fuerit in sensu"
(nada há na inteligência
que não haja passado
pelos sentidos), como se
esses conhecimentos
tivessem sido recebidos
pelo sujet através dos
seus sentidos físicos e
na existência presente.
Eles não podem ver que
esse adágio, tal como
aplicam, é absolutamente
falso, princípio sem
sanção em Ciência como
também em Filosofia.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
19. A verdade, no
entanto, é que o
Materialismo está,
felizmente, na sua
derradeira agonia.
Combatido através dos
tempos por inteligências
de escol, como Voltaire,
Malebranche, Leibnitz,
Swedenborg e muitos
outros, o Materialismo
não pode deixar de se
dar por vencido, em face
dos fenômenos
metapsíquicos e
espíritas, constatados
pelos maiores sábios do
nosso mundo. (A Vida
no Outro Mundo – Cap. I
– Ciência Materialista.)
20. Damo-nos por felizes
em assistir a essa
derrocada e concorrer,
embora com minúscula
parcela, para que breves
sejam os dias em que as
águas movimentadas da
nova ciência que surge
atirem nas voragens
insondáveis essa outra
"barca" tripulada por
"piratas" que tem levado
a desolação ao mundo.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. I – Ciência
Materialista.)
(Continua no próximo
número.)
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