CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
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Sublimação do prazer
“O
prazer não costuma
cobrar do homem um
imposto alto
e doloroso?” ¹
Acostumamos na Terra a
condicionar a felicidade
ao prazer. Por isso,
tudo o que fazemos de
modo forçado, sem o
mínimo de satisfação,
nos causa tédio, nos faz
infelizes. Nas relações
ainda muito
materializadas do nosso
mundo, o prazer é tão
heterogêneo quanto os
gostos, as tendências e
o caráter de cada um dos
seus habitantes.
Deus dotou a natureza
humana de um moderador
que estabelece os
critérios do prazer:
é a razão. Quanto mais
desenvolvida esta,
melhor direção dará
àquele. Se a razão
baliza o prazer, o
sentimento o refina.
O Espírito adiantado que
já fez progressos no
campo intelectual e
moral lida mais
adequadamente com as
sensações, já que estas,
nele, são produzidas por
ações menos materiais,
mais controladas,
capazes de gerar
satisfações
espiritualizadas. Em
contraposição, o
Espírito refém das
paixões alimenta
prazeres compatíveis com
as suas escolhas.
Não obstante o prazer
ser natural, a sua
sublimação é necessária.
O homem não poderá viver
indefinidamente
dissociado da razão,
brutalizando o
sentimento. Vive-se hoje
um novo tempo, e apesar
do aparente caos que se
observa no planeta, a
lei natural do progresso
arrasta a tudo e a todos
para um estágio sempre
crescente de evolução.
A proposta desse novo
tempo, corroborada pelo
Espiritismo, convoca o
homem a libertar-se da
escravidão do prazer
momentâneo,
desorientado, sedutor,
que nada mais é do que
vício. A sociedade míope
moderna tem imposto
padrões e as pessoas
praticamente se
autoimpõem a necessidade
de ter prazer a qualquer
custo. Mas os prazeres
que a sociedade
permissiva oferece são
altamente nocivos,
confundindo a grande
maioria, que adota
comportamentos sem
pensar em nada,
exatamente por não ter
valores críticos sobre o
sentido da vida.
Apesar disso, o homem
atual já tem informações
suficientes que o
habilitam a pensar com
juízo, a selecionar suas
emoções, assumir a
própria identidade e ser
ele mesmo, exercitando
controle sobre as
influências externas.
Falta-lhe a vontade.
Assim, não é bom para
ele permanecer vítima
voluntária do prazer
pobre e egoísta que o
faz sofrer tanto.
Uma postura diferenciada
o fará desenvolver outra
forma de prazer, o
espiritual, mesmo
estando preso à matéria.
Em outras palavras:
o prazer da matéria,
como está colocado na
sociedade atual, o
desgasta e o consome sem
utilidade. Falta
conhecer as regras
morais que enfrentam o
imediatismo
materialista, o
utilitarismo egoísta, o
ego competitivo.
A ideia de prazer para
esse novo tempo não pode
estar associada tão
somente à sensualidade,
à licenciosidade, à
materialidade, como
muitos querem fazer
crer.
A felicidade verdadeira
estará mais próxima
quanto mais avançarmos
no caminho das
realizações superiores.
E o ideal de prazer
estará associado ao
sacrifício, à renúncia,
à abnegação pelo outro,
o que dará uma imensa
satisfação interior. E
quanto mais se evolui,
mais instantânea,
compensadora e natural
será essa sensação.
No mundo mais
espiritualizado, a
humanidade moralizada
sentirá o prazer
derivado do amor, do
conhecimento, da arte,
da beleza, da
responsabilidade, da
consciência edificada;
o prazer de viver e
fazer parte deste
universo imensurável que
Deus criou para o ser.
¹
Xavier, Francisco
Cândido. Humberto de
Campos, Boa Nova,
FEB editora.