Realismo no ano novo
Novamente um ano novo
chega. O mundo explode
em festas, fogos de
artifícios, alegria em
toda parte, como se uma
mudança de calendário
mudasse tudo para
melhor, uma página
transformando tudo,
esperanças novas no ar,
tudo será melhor...
Ilusão! pois é o ser
humano que deve melhorar
a si mesmo para que o
mundo melhore.
É bom ter esperança. Sem
esperanças o desânimo
tomaria conta da
criatura, mas é
necessário uma esperança
consciente, ativa,
crente num mundo melhor
amanhã, pela Humanidade
que melhora
progressivamente, num
aprendizado incessante
de amor, sem ilusões de
acontecimentos
imediatistas como num
passe de mágica.
Espera-se que consciente
seja todo aquele que
recebe a luz do
conhecimento espírita,
para que aproveite bem a
oportunidade que recebe.
Esse é inclusive o
pensamento de André Luiz
quando, no livro “No
Mundo Maior”
psicografado por Chico
Xavier, observa cerca de
1.200 espíritos que
durante o sono do corpo
físico tiveram a
oportunidade de ouvir as
instruções de Eusébio,
um Espírito de alta
envergadura, a lhes
falar da
responsabilidade que
lhes cabia, com as luzes
que recebiam nessa
encarnação. André olha
aqueles Espíritos e
pensa: “que teria eu
realizado no mundo
físico, se recebesse em
outro tempo, aquela
bendita oportunidade de
iluminação?’’ “Teriam a
noção do sublime ensejo
que lhes aprazia?
Aproveitariam a dádiva
com sublime compreensão
dos valores eternos?
Marchariam
desassombrados para a
frente ou estacionariam
ao contato dos primeiros
óbices, no esforço
iluminativo?”
Pensemos nisso e neste
momento da Terra. É
preciso consciência,
autoiluminação, vivência
daquilo que se conhece.
Para todos que temos
olhos de ver, uma virada
de ano não muda o
sentimento de dor para
alegria. Isso não se dá
em apenas um dia, pois o
estado moral atual da
Terra nos indica grandes
dores pela frente.
Grande mestra para o
Espírito, a dor será sua
companheira até que ele
se agigante no amor,
vencendo a si mesmo,
galgando degraus de luz,
saindo do primarismo,
vencendo o egoísmo,
saindo do orgulho e
aprendendo a grandeza da
humildade.
Joanna de Ângelis, pela
psicografia de Divaldo
P. Franco, relata que a
dor é a mensageira da
esperança e nos ensina
como se pode avançar com
segurança. Recebamo-la –
orienta ela – pacientes,
sejam quais forem as
circunstâncias em que a
defrontemos, nesta hora
de significativas
transformações para o
nosso espírito em labor
de sublimação. O
sofrimento de qualquer
natureza, quando aceito
com resignação – e toda
aflição atual possui as
suas nascentes nos atos
pretéritos do Espírito
rebelde – propicia
renovação interior com
amplas possibilidades de
progresso, fator
preponderante de
felicidade.
A dor faculta o desgaste
das imperfeições,
propiciando o
descobrimento dos
valiosos recursos,
inexauríveis, aliás, do
ser. Após a lapidação,
fulgura a gema. Burilada
a aresta, ajusta-se a
engrenagem. Trabalhado
o metal, converte-se em
utilidade. Sublimado
pelo sofrimento
reparador, o espírito
liberta-se. Palavras
sábias de Joanna de
Ângelis.
O quê? Perguntarão
alguns. Começar o ano
novo falando de dor? Ano
novo é alegria, é paz, é
esperança. É, sim. Por
um dia, por um momento.
A vida, no entanto ,
segue seu curso e o
Espírito prosseguirá
vivenciando as
experiências necessárias
ao seu progresso.
No estágio moral em que
nos encontramos hoje, na
Terra, prenunciamos
momentos difíceis que
virão, para o nosso
próprio desenvolvimento.
A solidariedade e a
fraternidade, filhas do
amor, hão de fazer parte
das ações de todos, mas,
para desabrocharem no
jardim dos corações,
esses terão que passar
pela purificação da dor,
para que, através de
suas próprias vivências,
cada um passe a
compreender melhor os
outros e a tratá-los
como irmãos, saindo da
consanguinidade para a
humanidade, adquirindo
uma visão de família
espiritual, de irmãos,
de filhos de Deus.
Que neste ano que se
inicia, mesmo que as
dores se avolumem,
sejamos os mensageiros
da paz e da consolação,
caminhando segundo os
preceitos se Jesus, a
luz que deve iluminar a
nossa estrada humana.
Sejamos cristãos, fiéis
ao Cristo. Aproveitemos
bem o Espiritismo
levando na alma a
esperança de um mundo
melhor, quando todos se
darão as mãos, unidos na
máxima do Cristo:
“Amai-vos uns aos
outros”. Não temamos os
infortúnios; ao
contrário,
consideremo-los como
degraus de subida na
escada da evolução.
Tenhamos esperança, mas
também sejamos muito
lúcidos, conscientes de
que a dor ainda terá
muito trabalho entre
nós, respondendo com
nossa atitude correta e
amorosa à indagação de
André Luiz de que
seremos, sim, capazes de
aproveitar a dádiva do
conhecimento espírita
nesta encarnação
terrena.