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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 446 - 3 de Janeiro de 2016

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
      

 


Realismo no ano novo


Novamente um ano novo chega. O mundo explode em festas, fogos de artifícios, alegria em toda parte, como se uma mudança de calendário mudasse tudo para melhor, uma página transformando tudo, esperanças novas no ar, tudo será melhor... Ilusão! pois é o ser humano que deve melhorar a si mesmo para que o mundo melhore.

É bom ter esperança. Sem esperanças o desânimo tomaria conta da criatura, mas é necessário uma esperança consciente, ativa, crente num mundo melhor amanhã, pela Humanidade que melhora progressivamente, num aprendizado incessante de amor, sem ilusões de acontecimentos imediatistas como num passe de mágica.

Espera-se que consciente seja todo aquele que recebe a luz do conhecimento espírita, para que aproveite bem a oportunidade que recebe. Esse é inclusive o pensamento de André Luiz quando, no livro “No Mundo Maior” psicografado por Chico Xavier, observa cerca de 1.200 espíritos que durante o sono do corpo físico tiveram a oportunidade de ouvir as instruções de Eusébio, um Espírito de alta envergadura, a lhes falar da responsabilidade que lhes cabia, com as luzes que recebiam nessa encarnação. André olha aqueles Espíritos e pensa: “que teria eu realizado no mundo físico, se recebesse em outro tempo, aquela bendita oportunidade de iluminação?’’ “Teriam a noção do sublime ensejo que lhes aprazia? Aproveitariam a dádiva com sublime compreensão dos valores eternos? Marchariam desassombrados para a frente ou estacionariam ao contato dos primeiros óbices, no  esforço iluminativo?”

Pensemos nisso e neste momento da Terra.  É preciso consciência, autoiluminação, vivência daquilo que se conhece. Para todos que temos olhos de ver, uma virada de ano não muda o sentimento de dor para alegria. Isso não se dá em apenas um dia, pois o estado moral atual da Terra nos indica grandes dores pela frente.

Grande mestra para o Espírito, a dor será sua companheira até que ele se agigante no amor, vencendo a si mesmo, galgando degraus de luz, saindo do primarismo, vencendo o egoísmo, saindo do orgulho e aprendendo a grandeza da humildade.

Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo P. Franco, relata que a dor é a mensageira da esperança e nos ensina como se pode avançar com segurança. Recebamo-la – orienta ela – pacientes, sejam quais forem as circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação. O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação – e toda aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretéritos do Espírito rebelde – propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso, fator preponderante de felicidade.

A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexauríveis, aliás, do ser. Após a lapidação, fulgura a gema. Burilada a aresta, ajusta-se a engrenagem.  Trabalhado o metal, converte-se em utilidade. Sublimado pelo sofrimento reparador, o espírito liberta-se. Palavras sábias de Joanna de Ângelis.

O quê? Perguntarão alguns. Começar o ano novo falando de dor? Ano novo é alegria, é paz, é esperança. É, sim. Por um dia, por um momento. A vida, no entanto , segue seu curso e o Espírito prosseguirá vivenciando as experiências necessárias ao seu progresso. 

No estágio moral em que nos encontramos hoje, na Terra, prenunciamos momentos difíceis que virão, para o nosso próprio desenvolvimento.

A solidariedade e a fraternidade, filhas do amor, hão de fazer parte das ações de todos, mas, para desabrocharem no jardim dos corações, esses terão que passar pela purificação da dor, para que, através de suas próprias vivências, cada um passe a compreender melhor os outros e a tratá-los como irmãos, saindo da consanguinidade para a humanidade, adquirindo uma visão de família espiritual, de irmãos, de filhos de Deus.

Que neste ano que se inicia, mesmo que as dores se avolumem, sejamos os mensageiros da paz e da consolação, caminhando segundo os preceitos se Jesus, a luz que deve iluminar a nossa estrada humana. Sejamos cristãos, fiéis ao Cristo. Aproveitemos bem o Espiritismo levando na alma a esperança de um mundo melhor, quando todos se darão as mãos, unidos na máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Não temamos os infortúnios; ao contrário, consideremo-los como degraus de subida na escada da evolução. Tenhamos esperança, mas também sejamos muito lúcidos, conscientes de que a dor ainda terá muito trabalho entre nós, respondendo com nossa atitude correta e amorosa à indagação de André Luiz de que seremos, sim, capazes de aproveitar a dádiva do conhecimento espírita nesta encarnação terrena.


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita