A Paris de todos nós
O ser humano demonstra
nas grandes tragédias,
ou em catástrofes
capazes de abalar a
opinião mundial, que
realmente ainda pertence
a um planeta de provas e
expiações. Os atentados
terroristas contra Paris
demonstram isso de uma
maneira bastante clara.
Enquanto a tragédia não
atinge grandes
proporções não
enxergamos aquelas
outras que existem no
dia a dia a infelicitar
seres humanos de
diversas partes do
mundo. Onde está nossa
sensibilidade quando
milhões e milhões de
pessoas morrem de fome
no mundo todo enquanto
saboreamos nosso prato
de alimento bem composto
na mesa farta de nossa
casa? Em dezembro, por
ocasião do Natal,
instalamos o tal de
Natal sem fome. E
antes, no decorrer dos
demais dias do ano, não
existem famintos?
Lembramo-nos de angariar
alguns presentes para as
crianças desamparadas. E
antes, não existiam
crianças desejosas por
um brinquedo nos demais
dias do ano? Arrumamos
roupas para distribuir
por ser Natal. E nos
outros dias do ano, não
existiam aqueles que
andavam seminus?
Onde começa a Paris
de todos nós, somente
quando atinge
repercussão no
noticiário do mundo?
Vamos pedir uma ajuda a
Joanna de Ângelis? Eis o
seguinte ensinamento
dela contido no livro
Amor, Imbatível Amor:
A violência de
qualquer matiz é sempre
responsável pelas
tragédias do cotidiano.
Não apenas a que agride
pela brutalidade, por
intermédio de gritos e
golpes covardes, mas,
também, a que se deriva
do orgulho, da
indiferença, da
perseguição sistemática
e silenciosa, das
expressões verbais
pejorativas,
desestimulando e
condenando, enfim, de
todo e qualquer recurso
que desdenha as demais
criaturas, levando-as a
patologias inumeráveis.
Você já imaginou uma
Paris na filha que é
violentada sexualmente
dentro do lar pelo
próprio pai? Essa
barbaridade não seria a
nossa Paris do
dia a dia? Pare um
minuto para refletir o
que essa criança de
cinco ou seis anos de
idade carregará pelo
resto de sua existência
emocionalmente falando.
A bomba do terrorista
aniquila o corpo num
segundo. A violência
sexual dentro do lar
explode o Espírito pelo
resto da sua existência
física e, talvez, até
mesmo em outras
reencarnações!
Lembremos a figura do
marido embriagado que
surra a esposa todos os
dias quando chega à casa
envolvido no desatino do
álcool e na presença dos
filhos que a tudo
assistem aterrorizados.
É a nossa Paris
do dia a dia. O projétil
da arma de fogo ceifa a
vida física em
fulminantes segundos,
mas o trauma dessas
crianças que veem a mãe
apanhar sem motivos do
pai alcoolizado, agride
o Espírito delas por
toda uma existência.
Você já parou para
pensar sobre a nossa
Paris representada
pelas crianças que
esmolam nos sinaleiros
dos grandes centros para
sustentar o vício de
pais envolvidos com
drogas lícitas e
ilícitas? Que será que
esses seres que mal
começam uma nova
existência pensam desse
mundo onde pessoas
passam rápida e
indiferentemente aos
seus sofrimentos? Ou
será que é prazeroso
para essas infelizes
crianças esmolar pelas
esquinas enquanto outras
possuem o calor de um
lar e o amor de pais
dedicados?
Quando dentro do nosso
próprio lar cedemos aos
convites à discussão
pelo orgulho que fala
mais alto do que a
razão, não estaríamos
construindo a nossa
Paris dentro de
nossa casa?
Meu amigo, em nossa
faixa evolutiva
trazemos, com raríssimas
exceções, a Paris
de cada um porque,
segundo Joanna, a
violência encontra-se
embutida nos instintos
básicos do ser, ainda
não superados, e, além
das suas manifestações
patológicas, a falta de
educação, ou o exemplo
dos vícios com os quais
convive, com a ausência
absoluta do sentido
ético, da dignidade
moral, ficam insculpidas
nos seus tecidos
emocionais as condutas
agressivas e violentas
de que se nutrem.
Mesmo que se esvaziasse
toda a população da
cidade luz, em cada
canto do mundo onde
exista um Espírito de um
homem velho,
existirá uma Paris
a aguardar que o homem
novo surja após vencer
as suas imperfeições, e
que se instale uma
cidade luz em toda
consciência comprometida
com os valores que
excluirão a violência e
bendirão a paz e o amor
que Jesus nos ensinou
que alcançássemos por
meio de nossa reforma
íntima.
Enquanto isso não
acontecer, existirá uma
Paris, visível ou
oculta, a manchar com o
sofrimento o caminho
daquele a quem ainda não
aprendemos a enxergar
como nosso próximo e
muito menos a amar como
dizemos ingenuamente que
amamos a Deus, pois se
não amamos aquele com
quem convivemos, como
amar Aquele a quem não
vemos?