Reúnam-se para orar
São notórios os
benefícios da prece.
Allan Kardec dedicou um
capítulo inteiro de O
Evangelho segundo o
Espiritismo para
tratar do assunto,
apresentando modelos de
preces, acrescentados de
valiosos comentários. É
o capítulo XXVIII,
com Preces para si
mesmo, pelos outros, por
aqueles que não estão
mais na Terra e pelos
doentes e obsidiados.
É capítulo um pouco
esquecido, mas de grande
conteúdo, que precisa
ser buscado para
conhecer o tema com mais
exatidão.
Há um detalhe, porém,
que deve merecer nossa
maior atenção. Em Atos
dos Apóstolos, capítulo
XII, v. 12, o Apóstolo
anotou: "Reúnam-se para
orar". Comentando o
assunto, o grande Léon
Denis, em sua magnífica
obra Depois da Morte*
(capítulo LI, da quinta
parte, intitulado A
Prece, página 449),
escreveu:
"(...) A prece feita em
conjunto é um feixe de
vontades, de
pensamentos, raios,
harmonias, perfumes, que
se dirige com mais poder
para seu objetivo. Ela
pode adquirir uma força
irresistível, uma força
capaz de sustentar,
abalar as massas
fluídicas. Que alavanca
para a alma ardente que
coloca nesse impulso
tudo o que há de grande,
de puro, de elevado
nela! Nesse estado, seus
pensamentos jorram, como
uma corrente imperiosa,
em generosos e poderosos
eflúvios. (...) O homem
traz em si um motor
incomparável, do qual
não sabe tirar senão um
medíocre partido. Para
fazê-lo funcionar, duas
coisas são suficientes,
todavia, a fé e a
vontade (...)".
Referido trecho acima
transcrito chamou-nos
muito a atenção depois
de termos lido o
artigo Oração e
Vigilância, publicado na
revista Reformador,
páginas 18 a 21, da
edição de abril de 2002.
Assinada por Mário
Frigéri, a matéria, de
grande conteúdo
doutrinário, destaca
exatamente o que diz
Léon Denis na obra
referida. Após discorrer
sobre a oração,
vigilância e consciência
ativada, em vários e
importantes aspectos, o
autor aborda no
subtítulo Silêncio
Mental, o valor do
estado de quietude
mental, ou alerta máximo
de consciência, sem a
sombra do pensamento
interferindo,
propiciadora da
meditação que aclara os
caminhos. E cita: "(...)
Em essência, nisto
consiste
a Vigilância ou Meditação:
é ficar silenciosamente
em stand by, mentalmente
vazio, mas
fantasticamente alerta.
Não vale cochilar ou
adormecer (...)" E
sugere: "(...) Portanto,
amigo leitor, na próxima
vez que Orar, procure em
seguida Vigiar – se já
não o estiver fazendo –,
ficando sereno,
extático, na mais
absoluta quietude e paz
interior, a fim de
aguardar e receber a
resposta suprema, caso
esteja esperando por
uma. É o que o Cristo
espera daqueles que
aspiram ao discipulado
real, através desse
diálogo de alma para
alma que todos terão um
dia com a Divindade,
conforme o caminho
revelado por Ele na Sua
Oração ao Pai,
preparando neste mundo a
tão almejada unificação
da Humanidade. (...)".
Buscando, porém, as
orientações de Allan
Kardec no capítulo acima
referido e estudando
criteriosamente o trecho
de Léon Denis, também
acima citado, que tal
aproveitarmos a sugestão
do autor Mário Frigéri
(e da própria
recomendação do
apóstolo) na matéria
publicada pela revista,
para utilizarmos
conjuntamente os valores
da prece direcionada,
ainda que fisicamente
distantes estejamos, mas
em dias e horários
previamente combinados?
Amigos e companheiros,
famílias e grupos
integrados e
sintonizados podem
aproveitar a ideia e
buscar os benefícios a
alcance da iniciativa.
Muitos serão
beneficiados, estaremos
colaborando com a
harmonia do planeta e
buscando forças novas
para os inevitáveis
embates do cotidiano.
Isto tudo sem dizer das
alegrias trazidas pelo
intercâmbio mental e com
os nobres objetivos do
bem coletivo.
Os tumultos da
atualidade bem indicam
essa necessidade.
Considere-se, porém,
dentro do próprio meio
espírita – especialmente
entre dirigentes e
ativos trabalhadores – o
alcance da iniciativa.
As dificuldades de
entendimento entre
instituições ou mesmo
entre os integrantes de
uma mesma casa podem
receber os benefícios da
iniciativa, que bem
indica os esforços da
união em favor do
movimento espírita.
Vejam os amigos leitores
que temos desperdiçado
enorme tempo e
quantidade imensurável
de energias com disputas
vazias e tumultos que
podem ser evitados
através da simples
sintonia com os
objetivos superiores da
vida. Benfeitores amigos
sempre estão ao lado
daqueles que buscam
vencer as próprias
imperfeições e trabalham
pelo bem-estar coletivo
(embora não desamparem
os necessitados de
variada classificação).
E como já são conhecidos
os benefícios da união
pelo trabalho comum do
ideal espírita, a
sintonia da prece entre
os que já se entendem,
ou conseguiram superar
as diferenças, será
o feixe de vontades, de
pensamentos, raios,
harmonias, perfumes, que
se dirige com mais poder
para seu objetivo,
referido por Denis e
acima citado.
A experiência tem sido
bem-sucedida em muitos
grupos, desde há muito
tempo, mas como sempre
há formação de novos
grupos e surgimento de
novos adeptos, é
importante que
dirigentes e expositores
vez por outra abordemos
o assunto. A família
espírita nacional pode
contribuir muito para
elevar o ambiente
espiritual do Brasil,
como já o vem fazendo de
inúmeras maneiras. A
iniciativa sugerida vem
somar-se a todos os
demais esforços pelo
estudo, divulgação e
vivência de nossa
querida Doutrina
Espírita.
*1ª
edição CELD – Rio de
Janeiro, 2000, tradução
de Maria Lucia Alcântara
de Carvalho. Referida
obra também está
disponível em edição da
Federação Espírita
Brasileira.