CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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As feiticeiras e
seu martelo
Nunca li o
famoso tratado
da Inquisição –
O Martelo das
Feiticeiras
–,
e, somente
instintiva e
recentemente, me
inteirei, por
pesquisa de
maiores
detalhes, do que
concerne ao
hediondo manual
de caça às
bruxas dos
tempos da
perseguição
religiosa. A
perseguição
maléfica dos
elementos
luminosos
presentes no
espírito
feminino, que em
algum, ou em
todos os tempos,
em menor ou
maior grau, faz
sentir-se
ameaçado o
pensamento
patriarcal,
porque quis,
este pensamento,
como vez por
outra ainda
tenta, impor o
domínio sombrio
e unilateral das
consciências, em
lugar de dar
chance à
evolução do
espírito larga e
equânime, como
deve ser, sobre
a face de nosso
planeta.
Por conta do
trabalho
desenvolvido com
a mediunidade,
na psicografia
de textos e
livros, mais de
uma vez alguns
amigos e
confrades mais
sensíveis
comentaram que,
se naqueles
tempos eu já me
dedicara a
tamanha
liberalidade de
espírito,
certamente que
me vi às voltas
com a atrocidade
das fogueiras e
da tirania da
opressão. Em
todas as vezes
em que ouvi tais
impressões,
reagi com um
sonoro
sim!
Para minha
própria
surpresa,
admito, permeada
de certa dose
inexplicável de
orgulho e de
sentimento de
dignidade
retificada.
Hoje, no
entanto, por
força da
convivência
estreita com
mentores
desencarnados e
benfeitores da
invisibilidade,
nesta altura da
presente jornada
num corpo
físico, entendo
exatamente as
origens dessas
sensações
aparentemente
destituídas de
sentido. É que,
de fato, estou
entre as bruxas
daqueles tempos
que, em peso,
retornam agora à
face material do
orbe. E à
imaterial. De
fato, há um
trabalho
conjunto,
imenso, irmanado
em ambas as
esferas da vida,
visando a que,
nesta época
precisa de
separação de
joio do trigo,
as causas
primeiras de
tudo sejam enfim
retificadas.
Não é por acaso
que,
simultaneamente,
tantas obras
atuais na lavra
espírita tratem,
a exemplo, do
tema cátaro, e
da cruzada
albigense,
perpetrados pela
Igreja Católica
na região sul da
França, e
responsável por
milhares de
inocentes
trucidados
naquelas mesmas
fogueiras
tenebrosas,
entre os séculos
XII a XV –
disso, contudo,
só me dei conta
recentemente, ao
término de nosso
próximo livro,
esclarecedor
deste tema
emocionante.
Os mentores
esclarecem que
uma quantidade
enorme de
Espíritos
desencarnados,
viventes em
ambas as
dimensões,
retornam
atualmente para
afinal lançar
luz à verdade
maior das
coisas, no
momento
adequado, quando
as sombras
densas, maciças,
sobre os dias
terrestres,
tendem a ser
rechaçadas pela
Luz saneadora
dos propósitos
maiores da Vida,
e de todos os
males que
assolam, e já
assolaram, essa
humanidade
sofrida.
Trata-se de um
processo
heroico, longo,
exaustivo, mas
proativo. E que
traz de volta,
como a fênix
rediviva, o
quantitativo
imenso de
mulheres outrora
flageladas por
terem
despontados, com
naturalidade, os
dons de uma
sensibilidade
espiritual
apurada que, em
todas as fases
da história
humana, as
dotaram da
capacidade de
curar e
profetizar, de
racionalizar em
favor do rumo
mais equilibrado
dos caminhos
deste mundo, num
contexto de
liberdade
pessoal,
racional e
sentimental
intolerável aos
propósitos de
monopolização do
poder temporal
idealizados pelo
pensamento
político e
religioso
daqueles tempos.
Voltam,
portanto,
ironicamente,
reencarnadas, as
feiticeiras, com
os seus “martelos”
do
esclarecimento
do Espírito,
destinados a
outorgar, a
alardear o
sentido mais
justo dos fatos.
E esses
martelos são
dons inatos,
livremente
realizados numa
época e lugar
que não permitem
mais fogueiras
nem atrocidades:
o dom da
intelectualidade
plenamente
cultivada a
serviço da
sociedade, em
páreo
democrático com
os homens. O dom
da sensibilidade
espiritual,
desenvolvida ao
preço ardente
das lágrimas
vertidas ao
longo dos
séculos de
opressão,
sofrida sob o
guante atroz da
ignorância
humana
manifestada, num
sem-número de
vezes, sob os
requintes mais
inimagináveis da
tortura, da
crueldade e do
despotismo.
Daí, portanto,
ressurge, via
lei da
reencarnação,
essa geração
espiritual de
mulheres –
ainda, e
estranhamente,
fortes; ainda
diferentes, aos
olhos de uma
sociedade que só
devagar se
liberta do seu
condicionamento
de restringir,
ao seu
bel-prazer, o
quinhão da
contribuição
feminina às
tarefas
culinárias e
domésticas.
São mulheres, às
centenas, que,
sim, desenvolvem
e realizam com
amor e
sensibilidade
seus deveres
sagrados de
mães, gestoras e
colaboradoras
nos labores
domésticos;
todavia, somados
às pesadas
responsabilidades
financeiras e
sociais, que as
arrastam à vida
profissional
intensa, com
criatividade,
inteligência,
engenhosidade e
destemor.
Mulheres que,
ainda e por
acréscimo, em
incontáveis
casos, surgem
diante de uma
coletividade
mundial ainda
pouco
amadurecida,
oferecendo sua
contribuição
única nos
cenários
artísticos e
literários. E,
para arremate
inconfundível do
seu distintivo
espiritual
particular,
despontam em
todos os cantos
do planeta como
curadoras
eficientes, na
medicina e nas
terapias
alternativas.
Como medianeiras
intuitivas para
todas as
variantes dos
problemas da
mente, das
emoções e do
espírito. E como
médiuns
exponencialmente
potentes das
legiões de
benfeitores
desencarnados,
que, nestes
tempos como em
nenhum outro, se
mobilizam no
amparo a uma
humanidade ainda
vacilante em se
aceitar como
criadora
responsável de
seu próprio
destino, e, por
conseguinte, dos
rumos melhores
ou piores dos
cenários
mundiais.
Esta é a nobre
missão para a
qual o cadinho
árduo dos
flagelos vividos
em séculos
findos as
depurou.
E a consciência
clara do poder
absoluto do
livre-arbítrio
para a criação
de nosso próprio
céu ou inferno,
desta forma, é o
verdadeiro
apanágio
evolutivo do
gênio feminino
de todos os
períodos mais ou
menos sombrios
da história da
humanidade. A
noção prática da
responsabilidade
e da liberdade
total do
espírito
esclarecido, que
estabelece, por
livre escolha,
seu elo
voluntário com
todo o potencial
luminoso das
dimensões da
Luz, residente
em nós como em
toda a Criação
divina; ou com a
ausência
temporária desta
Luz, em favor de
objetivos
mundanos
transitórios
como fogos
fátuos, que não
nos presenteiam
com a felicidade
mais verdadeira
de ordem
espiritual.
Foi esta,
portanto, a
lição heroica
deixada pelas
mulheres
sensíveis
viventes nos
tempos da
Inquisição, como
também nos
atuais panoramas
da humanidade.
É, este,
queridos, o
autêntico e
precioso “Martelo
das Feiticeiras”.