Abraçando o
ideal do amor
Em tempos de
intensa
crueldade e
indiferença pela
vida humana é
preciso resgatar
os salutares
efeitos da
terapia do amor.
É verdade que
vivemos numa era
de intolerância
e maldade
chocantes, mas
nem por isso
devemos abdicar
do imperativo de
melhorar o nosso
templo interior,
impregnando-o,
por assim dizer,
com substância
sublime. Para
que isso ocorra
torna-se
fundamental, no
entanto, que o
ser humano
busque se
reencontrar com
a divindade para
expressar o
maior dos
sentimentos:
simplesmente o
amor.
Afinal, todos
nós o temos em
maior ou menor
quota.
Reencontrá-lo em
nossa
intimidade,
portanto, não
enseja um
desafio
insuperável.
Muito pelo
contrário.
Suficiente
ativá-lo por
meio dos
exercícios de
introspecção e
na adoção de
pensamentos
automotivadores
na direção do
bem. Com efeito,
somos criaturas
pulsantes,
livres e
pensantes por
causa do
extraordinário
gesto de amor de
Deus que nos
concebeu. Como
explica o
Espírito
Emmanuel, na
obra A
Caminho da Luz
(psicografia
de Francisco
Cândido Xavier),
“A ciência do
mundo não lhe
viu as mãos
augustas e
sábias na
intimidade das
energias que
vitalizam o
organismo do
Globo.
Substituíram-lhe
a providência
com a palavra
‘natureza’, em
todos os seus
estudos e
análises da
existência, mas
o seu amor foi o
Verbo da criação
do princípio,
como é e será a
coroa gloriosa
dos seres
terrestres na
imortalidade
sem-fim”.
Allan Kardec, o
sábio
codificador do
Espiritismo,
acrescenta, por
sua vez,
conforme lemos
na introdução do
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
que “[...] O
amor está por
toda parte em a
Natureza, que
nos convida ao
exercício da
nossa
inteligência;
até no movimento
dos astros o
encontramos. É o
amor que orna a
Natureza de seus
ricos tapetes;
ele se enfeita e
fixa morada onde
se lhe deparem
flores e
perfumes. É
ainda o amor que
dá paz aos
homens, calma ao
mar, silêncio
aos ventos e
sono à dor”.
Desse modo, amar
não é algo
estranho à nossa
essência. Assim
sendo, como
podemos
relegá-lo se ele
nos envolve
desde a nossa
origem? Ademais,
pondera também
Emmanuel que “O
determinismo do
amor e do bem é
a lei de todo o
Universo e a
alma humana
emerge de todas
as catástrofes
em busca de uma
vida melhor”.
Diante das
catástrofes
humanas que
abundam, os mais
céticos em
relação ao papel
divino podem
questionar onde
está presente o
amor nisso tudo
que ora atinge o
planeta? Por que
Deus permite
tais coisas? É
verdade que
presentemente
divisamos
tragédias por
toda parte, mas
é preciso
entender também
os efeitos que
elas produzem
além dos danos
materiais que
provocam. A
propósito,
encontramos na
resposta à
pergunta nº 740
de O Livro
dos Espíritos
a judiciosa
explicação:
“Os flagelos são
provas que dão
ao homem ocasião
de exercitar a
sua
inteligência, de
demonstrar sua
paciência e
resignação ante
a vontade de
Deus e que lhe
oferecem ensejo
de manifestar
seus sentimentos
de abnegação, de
desinteresse e
de amor ao
próximo, se o
não domina o
egoísmo”. Temos
aí o sensato
esclarecimento
de que tais
eventos nos
proporcionam
ensejo de
manifestar o
amor que dormita
dentro de nós.
Essas tragédias
são, na
essência,
oportunidades de
expressarmos a
nossa
sensibilidade à
dor e sofrimento
dos nossos
semelhantes, de
ampará-los
consoante as
nossas
possibilidades,
de manifestarmos
a nossa
solidariedade,
de lhes
endereçarmos as
nossas preces e
vibrações
sinceras para
que suportem a
prova, de
rompermos a
casca do egoísmo
dos nossos
interesses
exclusivos –
muitas vezes
sórdidos e
mesquinhos – e
nos
concentrarmos em
algo mais...
Allan Kardec,
nos comentários
atinentes à
questão nº 886
da mesma obra,
acrescenta que
“O amor e a
caridade são o
complemento da
lei de justiça,
pois amar o
próximo é
fazer-lhe todo o
bem que nos seja
possível e que
desejáramos nos
fosse feito. Tal
o sentido destas
palavras de
Jesus:
Amai-vos uns aos
outros como
irmãos”. O
Espírito Joanna
de Ângelis, a
seu turno,
adverte, na obra
Florações
Evangélicas
(psicografia de
Divaldo Pereira
Franco): “Com a
moeda do amor se
adquirem todos
os bens da Terra
e os
incomparáveis
tesouros do
Céu”.
Infelizmente,
prevalece nas
sociedades
humanas –
particularmente
na brasileira em
que ora
habitamos – um
solene desprezo
a essa
recomendação. Os
descasos que ora
assistimos com a
saúde pública,
educação e
segurança; os
maus exemplos
que observamos
advindos do meio
empresarial nos
quais os
consumidores são
explorados de
maneira
aviltante; as
condutas
delinquentes e
irresponsáveis
de políticos e
autoridades que
primam por
desrespeitar as
leis
constituídas ou
forjam outras
para o seu
próprio
benefício são
alguns sinais do
profundo desamor
que aqui ainda
viceja. Neles
reside
essencialmente
uma crônica
falta de empatia
às necessidades
humanas e
desprezo
absoluto aos
sagrados
ensinamentos.
No mesmo
diapasão, cabe
recordar as
ações
terroristas que
lamentavelmente
marcam esse
século, nas
quais indivíduos
ensandecidos
pela crença cega
ou ignorância
extrema buscam
dizimar os que
lhes não
comungam das
ideias absurdas.
De modo geral,
praticamente por
toda parte, se
observa a
ausência do amor
e da caridade
fraterna nas
medidas
necessárias. Não
obstante, há
muito dispomos
de orientações
pertinentes para
o enfrentamento
dos tempos
modernos. Aliás,
um Espírito
Protetor assim
observou em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo:
“Se tendes amor,
possuís tudo o
que há de
desejável na
Terra, possuís
preciosíssima
pérola, que nem
os
acontecimentos,
nem as maldades
dos que vos
odeiem e
persigam poderão
arrebatar. Se
tendes amor,
tereis colocado
o vosso tesouro
lá onde os
vermes e a
ferrugem não o
podem atacar e
vereis apagar-se
da vossa alma
tudo o que seja
capaz de lhe
conspurcar a
pureza;
sentireis
diminuir dia a
dia o peso da
matéria e, qual
pássaro que
adeja nos ares e
já não se lembra
da Terra,
subireis
continuamente,
subireis sempre,
até que vossa
alma, inebriada,
se farte do seu
elemento de vida
no seio do
Senhor”.
Conjectura Allan
Kardec ao
aventar
excitantes
possibilidades
ao Espírito mais
sequioso por
dias melhores no
mundo:
“Quando a
Humanidade se
submeter à lei
de amor e de
caridade deixará
de haver
egoísmo; o fraco
e o pacífico já
não serão
explorados, nem
esmagados pelo
forte e pelo
violento. Tal a
condição da
Terra, quando,
de acordo com a
lei do progresso
e a promessa de
Jesus, se houver
tornado mundo
ditoso, por
efeito do
afastamento dos
maus”.
Dessa forma, se
há dúvida ainda
a nos assaltar
quanto ao melhor
caminho para
proceder,
lembremos
igualmente da
advertência de
que, em sã
consciência,
sempre desejamos
que o melhor
seja feito para
nós. Então por
que não
retribuímos tão
lídima aspiração
provendo os
outros com o
melhor de nossas
possibilidades?
Amando a Deus e
fazendo o bem ao
próximo,
estaremos sempre
avançando.