Pontos de vista
Nas tarefas do
território do
aprendizado na
materialidade,
seres humanos
são seres
humanos, em
lição difícil de
harmonização de
convivências e
diferenças.
Trata-se,
portanto, de
lastimável erro
de percepção
julgar do valor
de quaisquer
dessas tarefas
em função das
aparências.
Uns tendem a
considerar coisa
fácil e
invejável a
trajetória da
fama percorrida
por muitos
artistas de
renome, enquanto
vários outros
questionam a
razão pela qual,
em
contrapartida,
há tanta gente
envolvida com
trabalhos
reputados
“obscuros”, sem
sal, sem
atrativos – os
tais trabalhos
que ninguém
gosta ou
gostaria de
fazer.
Na seara
mediúnica não
acontece
diferente.
Existem pessoas
inclinadas a
olhar o médium
em serviço de
duas óticas, em
extremos de
contraditório –
ou como louco,
ou como um ser
privilegiado por
benesses
celestiais, na
contramão de
todos os demais
seres humanos
“comuns”.
Não se faz
necessário,
todavia, grande
brilhantismo
para compreender
o engano
lamentável
contido em
quaisquer destas
perspectivas
precipitadas,
parciais, da
realidade maior
das coisas, como
seria o
julgamento do
todo de uma
moradia por
alguém que só
acessasse a
visão dos
fundos, ou de
uma parede
lateral do
conjunto da
construção,
ignorando as
peculiaridades
de todos os
demais ângulos
momentaneamente
despercebidos.
Nem o
trabalhador que
executa a
“tarefa obscura”
precisa ser um
infeliz,
frustrado com as
peculiaridades
do que realiza,
nem o artista
alvo de fama
repentina, ou
mesmo
construída, se
ver forçosamente
feliz e
realizado.
A tarefa
obscura, muitas
vezes, é uma
bênção. A fama e
popularidade:
prova aspérrima,
difícil!
O empregado
comum de uma
indústria ou
firma de
serviços
domésticos pode,
sim, se sentir
feliz e
agradecido à
vida por possuir
o seu trabalho,
fonte do seu
sustento, e que,
de resto,
frequentemente
se compatibiliza
com seus
pendores
prestimosos; por
contar com o
amor de alguns
familiares, com
saúde e
disposição
cotidiana. E o
artista,
frequentemente,
sente-se
sufocado, justo
pela asfixia que
possa lhe
ocasionar o
tolhimento da
sua privacidade,
sem poder, em
muitas ocasiões,
fazer o que mais
gostava antes de
sua notoriedade
– andar livre
por praias ou
ruas, e fazer
compras sem ser
assediado por
ninguém! Por
mais que esteja
realizando na
vida o trabalho
para o qual veio
mais vocacionado
ao mundo.
E nem o médium é
louco, ou
tampouco
privilegiado por
benesses
celestiais.
Conquanto já
conte com a
abençoada
compreensão mais
ampla das
realidades
importantes da
trajetória do
Espírito,
significa, esta
compreensão,
responsabilidade
a mais a ser
honrada, pois
como já nos
asseverava o
Mestre, “muito
será pedido
àqueles que
muito
receberam”.
Mediunidade,
portanto, longe
se acha de
representar
superioridade,
em qualquer
sentido – mas
compromisso
sério, e
frequentemente
enraizado em
dívidas graves
de vidas
passadas, a
serem quitadas
com benefícios
prestados justo
aos prejudicados
do pretérito,
que usufruirão
do bom exercício
de sua
sensibilidade em
favor do
próximo.
O médium, desta
forma, não é
louco, é alguém
dotado de uma
sensibilidade
trabalhada,
muitas vezes em
vidas
anteriores, ou
em períodos
pré-reencarnatórios,
para servir ao
mundo; para o
serviço
voluntário de
esclarecimento
aos reencarnados
sobre a verdade
de que a Vida é
muito mais do
que vemos no
cotidiano
corpóreo. É o
ser portador de
um tal encargo
que muito exige
de abnegação; e
que, na maioria
esmagadora das
vezes, implica
em ser alvejado
pela
incompreensão
maciça de um
grande número de
pessoas, não
apenas sem
preparo para
compreender a
existência de
forma mais
abrangente, mas
também
mergulhadas com
constância no
erro crasso de
não saber
respeitar a
diversidade
infinita dos
olhares e dos
caminhos
humanos.
Na saga estelar
do diretor de
cinema
americano,
George Lucas,
Star Wars, o
personagem
sábio, o mestre
Jedi Obi-Wan,
dizia ao seu
aluno:
“– Luke, muitas
das verdades às
quais nos
apegamos
dependem muito
do nosso ponto
de vista..."
Verdade
definitiva, para
qualquer lugar e
qualquer época.
Libertemo-nos,
portanto, da
tendência ao
julgamento
precipitado em
relação a
pessoas e
situações,
porque, em
grande número de
vezes, se trata
apenas de
limitação
particular da
compreensão para
com a essência
das trajetórias
dos nossos
semelhantes em
exercício
sagrado da
ferramenta de
crescimento no
campo do
livre-arbítrio.