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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 454 - 28 de Fevereiro de 2016

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 

  
Os bens mais preciosos

Paguemos nossas contas com a sombra para que a Luz nos favoreça

"(...) mas ajuntai tesouros no Céu..."  - Jesus. (Mt., 6:20.)


A paciência junto com a fé, a humildade, a caridade, a resignação e a prece, constituem-se os bens mais preciosos que podemos amealhar no atual momento evolutivo de nossas existências... São bens que Jesus nos incentivou amealhar, quando fez referência aos "Tesouros dos Céus".

Uma vez de posse desses "tesouros" veremos derramar-se sobre nós uma torrente de bênçãos e consolações...

Não podemos perder de vista que nossa economia espiritual encontra-se ainda muito onerada pelos equívocos cometidos em nossas encarnações passadas.  E, se algumas vezes, achamos que estamos órfãos da misericórdia de Deus, que parece fazer ouvidos moucos aos nossos rogos, na verdade, o que precisamos é revigorar nossa paciência, fé e confiança em Deus, cuja Justiça Perfeita jamais arbitrou a mínima injustiça em época alguma.

Escrevendo aos hebreus[1], Paulo fala da necessidade da paciência, para que, depois de havermos feito a vontade de Deus, alcançarmos a promessa.

Jesus fala mui claramente sobre a importância da paciência em nossas vidas ao afirmar[2]: “pela vossa paciência possuireis a vossa Alma”.

Em página de singular e peregrina beleza, Emmanuel desenha com as cores de sua sagacidade o painel da realidade madrasta em que hodiernamente nos encontramos mergulhados, oferecendo, por outro lado, as indicações dos meios de desatarmos os nós da intricada malha de equívocos do nosso passado delituoso[3]: "(...) provavelmente estarás retendo, há muito tempo, a esperança torturada. Desejarias que a resposta do mundo aos teus anseios surgisse, imediata, agasalhando-te o coração; entretanto, que paz desfrutarias no triunfo aparente dos próprios sonhos, sem resgatares os débitos que te encadeiam ao problema e à dificuldade?!     Como repousar, ante a exigência do credor que nos requisita? Descansará o delinquente, antes da justa reparação à falta cometida?

Sabes que o destino materializar-te-á os planos de ventura, que a vitória te coroará, enfim, a senda de luta, mas reconheces-te preso ao círculo de certas obrigações: o lar convertido em forja de angústia; a Instituição a que serves, onde sofres a intromissão da calúnia ou o golpe da crueldade; o parente a que deves respeito e carinho, do qual recolhes menosprezo e ingratidão; a rede de obstáculos; a conspiração das sombras; a perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente...

Se as provas te encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir, tem paciência e satisfaze as obrigações a que te enlaçaste!... Não renuncies ao trabalho renovador! Recorda que a Vontade de Deus se expressa, cada hora, nas circunstâncias que nos cercam! Paguemos nossas contas com a sombra, para que a Luz nos favoreça!

Em verdade, alcançaremos a concretização dos nossos projetos de felicidade, mas, antes disso, é necessário liquidar com paciência as dívidas que contraímos perante a Lei”.

A conquista dos bens mais preciosos, que formam "o Tesouro dos Céus" em nossas vidas, ensejará a vitória que nos permitirá usufruir de forma real e definitiva da promessa do Pai, que é a posse da herança celeste em clima de felicidade sem mescla.

Conclama-nos Santo Agostinho[4]: "(...) avançai pelas veredas da prece e ouvireis as vozes dos anjos. Carregai a vossa cruz e sentireis as doces emoções que perpassavam na Alma do Mestre Maior, se bem que vergado ao peso de um madeiro infamante, Ele ia morrer, mas para viver a Vida Celestial na morada do Pai”.

Não permitamos que as vicissitudes e o desânimo nos dobrem a cerviz! 

Ergamos nossa vista para o Céu, para o Infinito e, com o coração cheio dos "bens preciosos", vislumbremos o porvir risonho e feliz nas inúmeras moradas da Casa do Pai, livres do peso dos débitos escabrosos do passado, já ressarcidos com a ajuda da prece, da fé, da confiança, da humildade, da resignação e em especial da Caridade, fora da qual não há salvação possível.                                              


 

[1] - He., 10:36.

[2] - Lc., 21:19.

[3] - XAVIER, F. Cândido. Fonte viva. 10. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, cap. 129.

[4] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. 27, item 23.

 

 


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