Faltas ocultas
De modo geral, o
delinquente
confesso sofre,
de imediato, a
sentença que lhe
é cominada pelos
tribunais de
justiça,
recolhendo-se ao
cárcere
expiatório ou à
penitenciária
reeducativa.
A pública
humilhação do
banimento social
de que se vê
objeto, muita
vez, nele sazona
os frutos
amargos do
remorso,
preparando-lhe,
em breve tempo,
a marcha
reparadora.
Entretanto,
quase todos nós,
na experiência
da vida física,
somos portadores
de faltas
ocultas que o
magistrado
terrestre não
conheceu.
De permeio com a
nossa plantação
de esperança e
boa vontade, por
isso mesmo,
ressurgem na
Vida Espiritual,
carreando
conosco a úlcera
escondida de
nossa
frustração,
reclamando
remédio e
tratamento.
Semelhantes
lacunas quase
sempre decorrem
de antigos
desafetos que
acalentamos
deliberadamente
no instituto
doméstico, de
tendências
inferiores que
nada fazemos por
extirpar; de
vícios
disfarçados que
nos deformam o
sentimento ou de
atos clamorosos
de ingratidão ou
injustiça que
perpetramos na
senda rotineira,
na defensiva do
próprio orgulho
ou na calamitosa
preservação do
egoísmo que nos
assinala.
Com elas
projetamos nas
existências
alheias impactos
de enfermidade e
desgosto,
desânimo e treva
que são
debitados à
nossa conta.
Em verdade, no
Mais Além, pelo
amparo dos
benfeitores
prestigiosos que
conquistamos, a
paz e a beleza,
o reconforto e a
alegria tecem o
doce ambiente
que nos rodeia
por fora;
todavia, dentro
de nós, a
consciência
erigida em reto
juiz não nos
perdoa,
convocando-nos à
confissão
voluntária,
tanto quanto ao
pedido urgente
de reajuste.
É por isso que,
muitas vezes, em
ampla floração
de prosperidade
material, na
Terra, somos
visitados por
moléstias
soezes, quando
não somos
surpreendidos
por insucessos e
desgostos,
empecilhos e
lágrimas, e é
ainda por essa
razão que, em
plenitude de
mocidade, muita
vez conhecemos a
morte dos mais
belos sonhos e
das mais altas
aspirações,
padecendo
contratempos e
dificuldades, a
fim de seguir
avante em
escabrosos
trilhos para o
futuro.
Aproveitemos o
tempo na lavoura
do bem que nunca
desfalece,
porque muitos de
nós trazemos da
grande
retaguarda as
chagas imanentes
de delinquência
oculta,
reclamando-nos
hoje o exercício
da caridade
incessante e da
renúncia sem
limites para que
o amanhã
alvoreça na
estrada como
bênção de Deus
sobre o nosso
porvir.
Do livro Fé,
Paz, Amor,
obra mediúnica
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier. |