Hora extrema
Antônio Nobre
– A vida é sombra de
ilusão funesta...
Exclamava chorando, ao
fim do dia.
– Lodo, miséria e pó, na
noite fria...
De toda lide humana é
quanto resta.
– E o amor, a beleza, e
o sol em festa?
– Cinza e nada!... – a
mim mesmo respondia.
– E o pesadelo estranho
da agonia
Nos tormentos da
angústia que me empesta?
Pranto e dor
estrangulam-me a
garganta...
Nisso, porém, a morte
calma e santa
Vence o gelo da treva
que me invade.
Partem-se algemas...
Luzes brilham perto...
E, deslumbrado, escuto,
enfim liberto,
A divina canção da
Eternidade.
Soneto transmitido pela
psicofonia em 30/8/1956
e publicado no livro
Vozes do Grande Além,
pelo médium Francisco
Cândido Xavier.