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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 457 - 20 de Março de 2016

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 


O que nos é dado de graça...

Jesus advertiu com severidade os escribas e fariseus,
a quem chamou de hipócritas


Se compararmos ao que somos hoje, forçosamente admitiremos que os discípulos de Jesus, em que pese a espiritualidade que possuíam, tinham medos e fraquezas semelhantes aos que tem o homem atual.

É fácil chegarmos a esta conclusão ao analisarmos alguns fatos relatados no Evangelho, os quais mostram que a presença constante do Mestre junto aos discípulos era para eles um fator de segurança.

São vários os momentos em que Jesus aconselha, orienta e traça diretrizes aos discípulos, principalmente em momentos próximos à sua partida para o Mundo Espiritual. Esses conselhos e orientações de Jesus estenderam-se à Humanidade, em todos os tempos. “Passarão o Céu e a Terra, mas minhas palavras não passarão”, ele assim nos disse.

Os discípulos de Jesus foram: Simão Bar Jonas, denominado Pedro (desencarnado no ano 67, aos 87 anos); André (irmão de Pedro); Tiago, o Maior (filho de Zebedeu e Salomé), irmão de João Evangelista; João viveu até o ano 70; Tiago, o Menor; Felipe, de Betsaida; Mateus (ou Levi, o cobrador de impostos); Tomé (de Toleimada); Bartolomeu (também chamado Natanael); Judas Tadeu; Judas (de Kerioth); Simão (o zelote). Após a morte de Jesus, Matias substituiu Judas, por sorteio.

Todos tinham entre 20 e 30 anos. Simão e Judas possuíam instrução e cultura semelhante à dos rabinos; Mateus conhecia contabilidade. Um ponto que unia todos era o idealismo, a fé, a sinceridade e a fidelidade a Jesus.

A missão dos 12 - Dentre os conselhos que Jesus deu aos seus discípulos e consequentemente ao homem da Terra, destacamos este: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai”. (Mateus, 10-8. “Os doze e sua missão”.)

Jesus nos advertiu de que não devemos cobrar pelos nossos dons espirituais, recebidos de graça. Os dons são concedidos por Deus, que nada nos cobra por eles.

Portanto, Deus não nos vende os seus benefícios. Ele nos concede esses benefícios. “Deus é a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preços para a sua justiça” – O Evangelho segundo o Espiritismo (Edições FEESP), capítulo XXVI (Dar de graça o que de graça receber).

A mediunidade, um dom divino, não pode ser usada com fins comerciais. Pois assim, ela se torna uma profissão. E o médium seria, com isso, simples assalariado de Deus.

A esse respeito, o capítulo citado diz: “Que aquele, pois, que não tem do que viver, procure outros recursos que não os da mediunidade; e que não lhe consagre, se necessário, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e os seus sacrifícios, enquanto que se afastarão dos que pretendem fazer da mediunidade um meio de subir na vida”.

Prece, um ato de amor – Jesus advertiu os escribas e fariseus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de longas orações, por isso sofrereis mais rigoroso juízo” (Mateus, 23-14).

Para melhor entendermos por que o Mestre fez essa advertência, vejamos quem foram os escribas e os fariseus.

Escribas era o nome dado, a princípio, àqueles que tinham a tarefa de escrever as leis e explicá-las. Depois, o nome foi aplicado aos doutores da lei, que ensinavam a lei de Moisés e a explicavam ao povo.

Os escribas comungavam dos mesmos princípios dos fariseus, nome derivado do hebraico parash - divisão. Essa seita tinha como chefe Hilel, um doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma escola que ensinava que a fé só era dada pelas Escrituras.

A origem da seita seria de 180 a 200 a. C.. Os fariseus foram perseguidos em diversas épocas, principalmente sob o domínio de Hircânio, sumo sacerdote e rei dos judeus; foram também perseguidos sob o domínio dos reis da Síria, Aristóbolo e Alexandre; este último lhes restituiu a honra e os bens; então os fariseus recuperaram o poder e o conservaram até a ruína de Jerusalém, no ano 70 da era cristã.

Os fariseus acreditavam na imortalidade da alma, exerciam papel ativo nas controvérsias religiosas, cultivavam dogmas, cultos, cerimônias. Eram hipócritas e falsos e usavam a religião como meio de promoção pessoal.

Mantinham-se o mais longe possível dos outros homens. Não comiam, por exemplo, com um não fariseu, um alimento do qual não tivesse sido pago o dízimo (a décima parte oferecida a Deus). Exerciam influência sobre o povo e eram vistos como santos.

Jesus os repreendeu e chamou-lhes a atenção no sentido de que a prece é um ato de amor e de caridade, um impulso do coração e que não pode ser cobrada; e que a prece não pode se transformar em uma fórmula, cobrada de acordo com o tamanho.

Diz O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo citado:

“As preces pagas têm ainda outro inconveniente: é que aquele que as compra se julga, no mais das vezes, dispensado de orar por si mesmo, pois se considera livre dessa obrigação, desde que deu o seu dinheiro. Sabemos que os Espíritos são tocados pelo fervor do pensamento dos que se interessam por eles. Mas qual pode ser o fervor daquele que paga a um terceiro para orar por ele? E qual o fervor desse terceiro, quando delega o mandato a outro, e este a outro, e assim por diante? Não é isso reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?”  

         

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita