Nascido
no dia 30 de dezembro de
1877, na
antiga cidade de Conceição do Turvo,
hoje cidade de Salvador Firmino, e
desencarnado em Astolfo Dutra,
também no Estado de Minas Gerais, no
dia 16 de agosto de 1934.
Descendente de colonizadores
portugueses, Abel Gomes se tornou um
nome benquisto por todos e aureolado
de grande respeito e admiração,
projetando-se por todos os Estados
brasileiros e mesmo ultrapassando
fronteiras, para atingir países
vizinhos. Apesar de ser um homem
simples, pobre e doente, impôs-se ao
preito dos seus contemporâneos, pois
não apenas ensinava, mas dava sempre
o exemplo. Como sociólogo e
evangelizador ele soube viver os
Evangelhos, propiciando o exemplo
vivo daquele que, no dizer judicioso
de Jesus Cristo, “toma do arado e
não olha mais para trás.”
Abel
Gomes tornou-se representativa
figura do Espiritismo, divulgando os
seus preceitos no seio das massas e
conseguindo atingir pessoas de todos
os níveis sociais. Dentre os livros
espíritas que contribuíram para a
sua conversão, situa-se “Depois da
Morte”, de Léon Denis, entretanto,
os profundos estudos por ele
encetados fizeram com que adquirisse
a fé raciocinada, preconizada por
Allan Kardec e, portando essa fé
inabalável, dedicou-se de corpo e
alma ao serviço das novas idéias que
passara a esposar.
Embora
fosse pregador, esquivava-se sempre
que podia da tribuna, preferindo
espargir os seus ensinamentos pela
palavra escrita, através de suas
próprias produções literárias e
poéticas, todas elas aureoladas de
grande profundidade moral e
espiritual.
Ficou
impossibilitado de andar quando
tinha apenas 25 anos de idade, pois
foi acometido de pertinaz e
progressiva paralisia que lhe
imobilizou as pernas. Quase cego,
nunca se deixou vencer pelas
expiações e pelos duros golpes da
adversidade. Em sua cadeira de rodas
continuou a produzir como poucos,
jamais esmoreceu, o seu dinamismo
era inquebrantável.
Pobre de
bens materiais, jamais alimentou
desejos de enriquecer-se com o ouro
da Terra, pois não desconhecia que a
fortuna material é um bem
transitório que Deus coloca nas mãos
de suas criaturas.
Exerceu a
profissão de contabilista em várias
firmas comerciais. Devido à
paralisia e dificuldades de
locomoção começou a trabalhar em sua
própria residência, como alfaiate e
fotógrafo. As poucas horas de lazer
que lhe restavam, dedicava-as à
composição de músicas admiráveis,
passando a ensinar as maravilhas do
som a um pugilo de
artistas-amadores. Também demonstrou
nítidas qualidades de teatrólogo.
Embora
não se tenha casado, foi pai adotivo
de dois rapazes que se tornaram
cidadãos prestativos e respeitáveis.
Abel
gomes fez parte de um grupoo de
pioneiros do Espiritismo em Minas
Gerais, entre os quais podemos citar
João Ernesto, em Ubá; João
Marcelino, na cidade de Pombas;
Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento;
José Justiniano de Godoy e Jota
Lacerda, em Cataguazes; José Alves
Ferreira, Antonio Correntino e
Franklin Teodoro dos Santos, em
Araguari; e outros.
No ano de
1928, em companhia de outros
denodados seareiros, fundou o Grupo
Espírita Luz e Trabalho, no antigo
Porto de Santo Antonio, instituição
que teve vida efêmera. No dia 2 de
julho de 1933, coadjuvado por outros
doze espíritas, fundou novo Centro
Espírita, dando-lhe o nome do
primeiro. Após a sua desencarnação
essa instituição passou a chamar-se
Cabana Espírita Abel Gomes.
Posteriormente, os seus
continuadores lançaram à publicidade
o jornal “Arauto da Fé” e
implantaram a Fundação Espírita Abel
Gomes, que passou a amparar 30
crianças.
Exegeta
de grandes recursos, Abel Gomes
esmerava-se na interpretação de
textos bíblicos, impregnando, com os
lampejos do espírito que vivifica,
vários ensinamentos contidos no
Velho e no Novo Testamentos.
Freqüentemente apelava para os
acontecimentos da vida prática,
explicando-os à luz da Doutrina
Espírita, o mesmo fazendo com as
parábolas e ensinos de Jesus Cristo.
A sua maneira preferida de ensinar
era através do exemplo dignificante.
Na
qualidade de professor, exerceu o
magistério nas cidades de Cataguazes
e Vicosa, lecionando português e
matemática. Foi um autêntico
autodidata, não tendo cursado
nenhuma Faculdade e nunca se
matriculou num ginásio. A primeira
vez em que entrou num desses
estabelecimentos, foi para ensinar
aquilo que já havia aprendido. Foi
um homem dotado de sólida cultura e
de incomparável senso humanístico.
Poliglota, dominava bem o português,
o francês, o castelhano, o italiano
e conhecia razoavelmente o grego e o
latim. Foi também um dos pioneiros
do Esperanto em nosso país, e consta
que foi o primeiro a lançar uma
gramática para o ensino desse idioma
internacional.
Abel
Gomes foi um homem de letra, tendo
deixado numerosas obras ocultas no
anonimato ou encobertas por
pseudônimo (entre os quais o de Jota
Ubirajara). Escreveu obras notáveis
entre as quais “Braz Pires”, “A
Felicidade”, e “Pérolas Ocultas”.
Prestou inestimável colaboração a
publicações brasileiras e
portuguesas.
Foi um
poeta de grandes recursos. O seu
gênero era o lírico, deixando
extravasar a sua alma em cânticos
maravilhosos, abordando problemas
humanos, patrióticos e religiosos,
esses últimos com fundamento nos
sadios ensinamentos da Codificação
Kardequiana. No seu magistral poema
“A Dor”, traduziu a sua conformação
aos ditames do Alto, compenetrado
que era das razões dos sofrimentos
que o assolavam.
Abel
Gomes foi, portanto, um dos mais
autênticos espíritas dos últimos
tempos e o Espiritismo muito lhe
deve pelo seu inestimável trabalho
em favor da sua divulgação,
principalmente no Estado de Minas
Gerais.
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