ARTHUR BERNARDES
DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas
Gerais (Brasil)
Buscai a paz
enquanto
estais
no caminho
Ninguém
conseguiu
acreditar quando
a notícia
chegou! Estava
morto, na
estrada, um dos
homens mais
cautelosos que a
cidade
conhecera.
Comerciante
tranqüilo, chefe
de família
exemplar,
motorista
excelente! Tão
precavido que
resolvera, ao
voltar, passar
por Três Rios,
duplicando quase
a viagem de
volta, para
fugir da estrada
barrenta,
escorregadia e
perigosa, pois
chovera demais!
Estava voltando
de Juiz de Fora,
onde estivera a
negócios, para
Astolfo Dutra, a
cidade natal.
Era tardinha,
começando a
escurecer.
Viagem
tranqüila, na
marcha de
sempre,
cautelosa e
segura, como
devem dirigir os
que amam a vida
e não abusam do
privilégio de
ter o seu carro,
a sua própria
condução.
De repente, o
inevitável! Um
golpe na direção
e o automóvel se
projeta contra
um caminhão que
vinha em sentido
contrário. Só
ele é atingido
pelo choque
fatal! Seus dois
companheiros de
viagem não
sofrem um
arranhão sequer!
Dias depois,
orando pelo
conterrâneo que
voltara tão cedo
e de forma tão
inesperada, a
explicação do
inacreditável
acidente: um
ex-empregado com
quem tivera um
desentendimento
muito sério (tão
sério que o
empregado fora
levado ao
suicídio),
agora, Espírito,
em crise de
ódio, toma-lhe
de assalto a
direção, no
exato momento em
que cruzam, na
estrada,
automóvel e
caminhão, e o
choque se tornou
inevitável.
Era o desafeto
de ontem que
vinha se vingar
do patrão, em
longa e
insidiosa
perseguição
espiritual.
Esse fato
ocorreu na
noitinha de 29
de abril de
1950, na estrada
Rio–Bahia, perto
de Sapucaia,
Estado do Rio de
Janeiro.
Dos três
passageiros
presentes no
acidente, não
resta mais
nenhum encarnado
na cidade de
Astolfo Dutra,
mas a
identificação
dos personagens
ficará adstrita
à redação para
não chocar
descendentes que
ignoram essa
história e que
estão, em sua
maioria, vivos e
residindo
naquela cidade.