No atual estágio
de evolução do
planeta, não
existe quem não
enfrente ou não
tenha enfrentado
aflições e
dificuldades de
que resultam
pesados ônus.
Significante
parcela da
humanidade
considera tais
ônus como
injustos e
insuportáveis.
No entanto,
resultam da
própria condição
da Terra, como
mundo de
expiação e de
prova.
A doutrina dos
Espíritos ensina
que todo
sofrimento se
acha intimamente
ligado à
imperfeição, que
toda
imperfeição,
assim como todo
erro ou falta
que dela
resultar, traz
consigo o
castigo
correspondente
como
conseqüência
natural e
inevitável.
Ensina também
que todo homem
pode libertar-se
das
imperfeições,
anular o seus
males e
garantir, em
virtude disso, a
felicidade
futura (KARDEC
−
O Céu e o
Inferno,
capítulo VII,
item 33º).
Dificuldades e
aflições, dores
e sofrimentos
não constituem,
portanto, uma
situação
imutável e
irreversível. O
destino do homem
é a perfeição,
mesmo que ele,
por ignorar, na
maioria das
vezes, o próprio
sentido da vida,
ainda não tenha
compreendido
direito essa
verdade
incontestável. A
esse respeito,
Jesus foi
imperativamente
categórico ao
afirmar: “Sede,
pois, vós
outros,
perfeitos, como
perfeito é o
vosso Pai
Celestial”
(Mateus,
V: 48).
O seu Evangelho
é o verdadeiro
código de que o
ser humano
dispõe para
alcançar essa
perfeição e, por
conseguinte,
libertar-se das
imperfeições e
dos sofrimentos
provenientes
delas. É o jugo
suave a que se
refere o relato
de Mateus. A sua
acolhida implica
a eleição da
moral
evangélica, como
a norma de
conduta
fundamental do
homem durante a
sua romagem
terrena. Não
contém nenhuma
fórmula mágica
capaz de
resolver ou de
eliminar
problemas ou
dificuldades,
mesmo porque a
sua solução ou
eliminação é
tarefa da
exclusiva alçada
de quem
livremente os
criou: o próprio
ser humano.
A um primeiro
exame, parece
que a
suavidade do
jugo e a
leveza do
fardo
conflitam com
outras passagens
evangélicas,
principalmente
com aquela em
que Jesus
recomenda a
entrada pela
porta estreita,
porquanto a
outra
−
a larga
−
conduz
irreversivelmente
à perdição.
A contradição é
apenas aparente.
O jugo suave não
significa a
imediata
liberação dos
percalços
naturais da
vida, e uma
caminhada
terrena livre
dos espinhos e
pedregulhos,
criados e
acumulados pelo
homem, ao longo
de suas
múltiplas
existências.
Trata-se, isto
sim, de um
roteiro seguro e
firme que a
bondade infinita
de Deus lhe
oferece para,
com seu próprio
esforço,
afastar, superar
ou eliminar as
arestas de seu
caminho.
Jesus não
prometeu a cura
milagrosa
dos
males humanos,
mas apenas o seu
alívio. Isso
torna mais suave
a longa e penosa
jornada da
humanidade no
caminho da
evolução e da
perfeição final.
O fardo dos
erros, defeitos
e falhas,
acumulado no
curso dos
milênios, vai
sendo,
paulatinamente,
deixado à beira
da estrada e
substituído
pelas qualidades
e virtudes de
que um dia será
detentora.
O alívio
proclamado pelo
Mestre permite,
inclusive, uma
melhor
compreensão de
todos os
problemas
terrenos e de
suas causas,
além de
propiciar uma
idéia mais exata
da Justiça
Divina e de seu
mecanismo
operacional,
cujo fundamento
básico é a
reencarnação.
A pluralidade de
existências é
indispensável no
processo de
substituição de
erros, defeitos
e falhas pelas
virtudes e
qualidades do
homem de bem.
Isso importa a
sua sempre
lembrada reforma
interior,
impossível de
ser realizada de
um dia para o
outro, em face
principalmente
da dimensão da
tarefa. Daí a
razão por que a
Justiça de Deus
lhe assegura,
quando nada, a
mesma quantidade
de tempo de que
ele dispôs para
criar e
alimentar
vícios, cultivar
defeitos e
praticar, com
sistemática
reincidência,
erros de toda
espécie e
gravidade, a fim
de que, através
de um
comportamento
inverso, os
elimine e
supere, e não
retome o costume
de incidir no
seu cometimento.
O exercício do
amor e da
caridade, aliado
a uma fé
embasada na
lógica, na razão
e no
conhecimento,
entremeados da
esperança na
vida futura e na
certeza da
correção das
decisões da
Justiça Divina,
são
importantíssimos
instrumentos
colocados à
disposição da
humanidade para
alcançar esse
fim,
independentemente
de qualquer
filiação
religiosa.
Não obstante e
sobretudo no
Ocidente, não se
pode negar a
importância do
Espiritismo
nesse mister.
Embora tenha se
dirigido
especificamente
aos espíritas, o
Espírito de
Verdade, em
sua famosa
advertência (“Espíritas!,
amai-vos, este o
primeiro
ensinamento;
instruí-vos,
este o
segundo”),
deixa claro que
ela se destina a
todos que
realmente
propugnam por um
mundo melhor,
mais solidário e
fraterno.
E isso porque,
de uma forma ou
de outra, ela se
acha inscrita em
todos os livros
sagrados da
humanidade.
Coube, no
entanto, a Jesus
dar-lhe os
contornos
universais,
porquanto
dirigida a todos
os homens,
conforme se vê,
expressamente,
do seu convite:
“Vinde a mim
todos vós que
estais aflitos e
sobrecarregados,
que eu vos
aliviarei. Tomai
sobre vós o meu
jugo e aprendei
comigo que sou
brando e humilde
de coração e
achareis repouso
para vossas
almas, pois é
suave o meu
jugo e leve o
meu fardo”.
(Mateus, XI: 28
a 30)