A. Um sensitivo,
projetando suas
faculdades
perceptivas a
distância, pode
influenciar as
pessoas
visualizadas,
transmitindo-lhes
os próprios
pensamentos ou
sugerindo-lhes a
prática de uma
determinada
ação?
A experiência
diz que sim,
como mostra o
depoimento dado
pelo Sr.
Harrison D.
Barret, diretor
de Banner of
Light e
presidente da
National
Spiritualist
Association
dos Estados
Unidos da
América do
Norte, segundo o
qual uma
sensitiva
conseguiu, por
meio da sugestão
mental, que um
membro da
família
interrompesse
uma carta que
estava
escrevendo, a
pusesse de lado
e escrevesse
outra carta que
ela ditou
mentalmente.
Bozzano, que
transcreveu o
caso, comentou-o
em seguida.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
B. O que
demonstram fatos
como o narrado
pelo Sr. Barret,
citado na
questão
precedente?
Esse fato
demonstra, de
modo absoluto,
que o “controle
mediúnico”
consiste na
transmissão
telepática do
pensamento e não
em uma
encarnação
temporária do
espírito
comunicante no
organismo do
médium. O mesmo
se diga dos
fenômenos de
“obsessão” e
“possessão”,
que, baseados no
caso exposto,
deveriam ser
considerados
como
determinados
pelo fato de o
paciente ser
dominado por uma
ideia. E
demonstra também
que a chamada
“presença de um
espírito” não
implica, de modo
algum, a ideia
de que ele se
ache
efetivamente
presente. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
C. Admitindo a
realidade do
fato acima
narrado, que
conclusões dele
podemos extrair?
As observações
são de Ernesto
Bozzano: Se a
vontade de um
vivo pode ditar
mentalmente uma
carta, palavra
por palavra,
servindo-se do
cérebro e mãos
de outrem, ou
pode transmitir
a distância o
conteúdo de um
longo discurso,
nada impede que
se acolham, como
legítimas e
verdadeiras, as
explicações
dadas em tal
sentido pelas
personalidades
dos mortos, que
afirmam
transmitir as
suas mensagens
agindo
telepaticamente
pela sua vontade
sobre o cérebro
dos médiuns.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
Texto para
leitura
36. Caso 3 – Este
caso foi
transcrito da
Light (1898,
pág. 375) e,
segundo Bozzano,
trata-se de um
caso muito
instrutivo de
“vontade
sugestionante” e
de “lucidez”
desenvolvida em
uma distinta
escritora
norte-americana.
O narrador é o
Sr. Harrison D.
Barret, diretor
de Banner of
Light e
presidente da
National
Spiritualist
Association
dos Estados
Unidos da
América do
Norte. É longo o
relatório e,
conquanto o
incidente que
realmente
interessa esteja
em curto
parágrafo, ele
decidiu relatar
um longo trecho,
dado o valor
teórico que os
fatos
apresentam.
Escreve o Sr.
Barret:
Trata-se de uma
jovem senhora a
quem o relator
teve a honra de
ser recentemente
apresentado.
Nela se
desenvolvem
espontaneamente
faculdades de
clarividência,
sem que
conhecesse coisa
alguma do que a
propósito ensina
o Ocultismo. Em
grau menor
existem as
mesmas
faculdades em
dois outros
membros da
família, porém
como os
sentimentos
destes últimos
são contrários a
tal sorte de
manifestações,
eles as reprimem
sistematicamente.
É costume da
senhora projetar
as suas
faculdades
perceptivas em
direção à irmã e
ao irmão que
residem nos
“Midlands” e
assim procedendo
ela os percebe
nas situações em
que se acham na
ocasião,
situações essas
que depois lhe
são confirmadas
em cartas.
Uma vez viu seu
cunhado subindo
numa escada a
pregar na parede
uma série de
pregos nos quais
dependurava
outros tantos
quadros. O fato
a surpreendeu
porque ela sabia
que o seu
cunhado não
possuía os
quadros que
estava vendo,
mas quando lhe
escreveu veio a
saber, pela
resposta, que
realmente ele
estava colocando
na parede os
mesmos quadros
que ela vira,
quadros que
obtivera em
virtude de um
legado.
Por meio da
sugestão mental
conseguiu que um
membro da
família
interrompesse
uma carta que
estava
escrevendo, a
pusesse de lado
e escrevesse
outra carta que
ela ditou
mentalmente. E
ele escreveu até
o fim a segunda
carta, meteu-a
no envelope, pôs
o endereço e
selou, depois
voltou a
escrever a carta
que havia
interrompido.
Tudo isso
ocorreu sem a
troca de uma
única palavra e
só três horas
depois é que
revelou tudo ao
seu parente, o
qual ficou um
pouco
contrariado e
pediu que lhe
fosse devolvida
a carta que ela
lhe havia ditado
por sugestão,
mas era tarde
porque já fora
posta no
correio.
Quando projeta
as suas
faculdades
perceptivas a
distância ela
pode influenciar
as pessoas
visualizadas,
transmitindo-lhes
os próprios
pensamentos ou
sugerindo-lhes a
prática de uma
determinada
ação. Assim, por
exemplo, ela lhe
sugere que a
venha visitar
numa hora
preestabelecida,
o que nunca se
deixa de
realizar. Quando
transmite ordens
mentais, percebe
os pensamentos
das pessoas com
as quais está em
afinidade, como
se conversasse
de viva voz com
elas, mas não
fica certa do
êxito da
experiência
enquanto não se
verifica a ação
sugerida. A
projeção das
suas próprias
faculdades
perceptivas em
direção ao
paciente
determina um
“circuito” de
retorno que
reage sobre ela
e, dessa forma,
é informada do
êxito da
experiência.
Quando deseja
comunicar-se com
pessoa de longe,
começa por
suprimir
qualquer relação
com o ambiente
exterior,
fechando os
olhos e
sobrepondo-lhes
as mãos. Depois
concentra
intensamente o
pensamento sobre
a pessoa que
deseja ver,
evitando
rigorosamente
deixar-se colher
pela mínima
distração. Se
pensar no
ambiente em que
se acha a pessoa
que deseje ver
ou em coisas que
a mesma lhe
sugere, falhará
a experiência.
Algumas vezes
atinge o alvo
imediatamente,
outras vezes tem
que sustentar a
prova por uns
vinte minutos.
Enquanto não vê
a pessoa
visualizada,
abstém-se de
transmitir a
mensagem e,
quando o fato se
realiza,
sente-se na
presença da
pessoa. Algumas
vezes tem
tentado tocá-la
e a vê reagir
imediatamente.
Em geral as
pessoas sobre as
quais projeta o
pensamento tomam
conhecimento de
sua presença ou
pelo menos
pensam nela.
Ela não
distingue o
ambiente em que
se acha a citada
pessoa a menos
que se proponha
vê-lo como
também não
percebe a
paisagem que tem
de atravessar
para chegar à
pessoa
visualizada. Com
respeito a esta
última
circunstância o
relator obteve
dela a promessa
de tentar
visualizar os
detalhes das
paisagens
interpostas de
caminhos
percorridos,
pessoas
encontradas,
etc.
O esforço que
ela faz nessas
circunstâncias a
esgota
sensivelmente e
algumas vezes
sente dor de
cabeça. Vivendo
só, procura a
companhia dos
parentes,
recorrendo às
suas faculdades
de vidente, as
quais
desenvolveu
tanto que agora
funcionam
espontaneamente,
sem intenção
alguma de sua
parte.
Ocorreu-lhe isso
algumas vezes
enquanto guiava
a sua caleça,[i]
o que se torna
um inconveniente
muito sério,
porque durante
esse estado fica
inconsciente do
ambiente que a
cerca, de modo
que por duas
vezes o cavalo
se desviou, indo
esbarrar na
cerca da
estrada, onde
ela caiu,
despertando-se
bruscamente para
a vida normal,
de forma bem
pouco agradável.
Ela é de opinião
que em tais
condições de
clarividência
realiza-se a
projeção a
distância de seu
próprio “duplo”,
e isto porque vê
o seu próprio
corpo deitado no
divã.
Além disso
distingue
repetidas vezes
os “duplos” de
outras pessoas
vivas, algumas
das quais vinham
visitá-la em seu
quarto, como
também distingue
e comunica-se
mentalmente com
pessoas mortas,
separando
facilmente os
fantasmas de
vivos e de
mortos pelo grau
diverso de
densidade com
que lhe
aparecem: os
fantasmas dos
vivos são muito
mais densos do
que os dos
mortos. Ela
conserva
lembrança de
suas
experiências,
conquanto se
realizem
evidentemente
durante uma
“segunda
condição” de
sensitiva.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
37. Este é o
mais
interessante
caso referido
pelo diretor da
revista
Banner of Light,
que o comenta
brevemente, nas
seguintes
palavras:
Este caso
demonstra, de
modo absoluto,
que o “controle
mediúnico”
consiste na
transmissão
telepática do
pensamento e não
em uma
encarnação
temporária do
espírito
comunicante no
organismo do
médium. O mesmo
se diga dos
fenômenos de
“obsessão” e
“possessão”,
que, baseados no
caso exposto,
deveriam ser
considerados
como
determinados
pelo fato de o
paciente ser
dominado por uma
ideia. Quer
dizer que a
mente do
paciente,
achando-se
temporariamente
em condições de
ideação
negativa,
torna-se fácil
presa de uma
ideia
sugestionante de
origem
extrínseca,
ideia essa que
pode dominá-lo e
obsidiá-lo,
degenerando numa
representação
monoideística.
Este caso
demonstra também
que a chamada
“presença de um
espírito” não
implica, de modo
algum, a ideia
de que ele se
ache
efetivamente
presente. Antes,
a uniformidade
das leis
naturais
tenderia a fazer
presumir que as
manifestações
espíritas sejam
consequência de
uma projeção de
força ou de
pensamento da
entidade
comunicante,
conforme se
verifica no caso
exposto. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
38. Estas são as
considerações
racionais e
instrutivas que
o relator faz do
interessante
caso referido,
cujo valor
técnico é
notabilíssimo,
não porque
encerre
modalidades
novas de
manifestação,
mas pelo
desenvolvimento
completo que
nele assumem
alguns
episódios.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
39. Começando
pelo incidente
que diretamente
nos interessa,
não se pode
negar que o fato
de conseguir-se,
pela transmissão
do pensamento,
que uma pessoa
interrompa uma
carta que estava
escrevendo, a
fim de começar
outra que lhe é
ditada por uma
vontade
extrínseca, sem
que a pessoa
sugestionada
tenha
conhecimento de
se haver tornado
instrumento
passivo em mão
de outrem – não
se pode negar,
repita-se, que
um completo
incidente de tal
natureza seja um
tanto raro nos
anais dos
fenômenos
magnéticos e
hipnóticos.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento:
caso 3.)
40. Recordamos
um episódio
semelhante ao
narrado, o qual
se encontra no
livro do Prof.
Flournoy,
Esprits et
Mediums,
pág. 90. Neste,
a Sra. Prell
sonha que está
fazendo uma
visita à sua
amiga, a Sra.
Zora, dotada de
mediunidade
escrevente, e
que lhe faz
certo discurso.
Em tal momento,
a Sra. Zora, que
acabava de
levantar-se e
estava absorvida
no trabalho, é
tomada por um
impulso de
escrever
automaticamente
e, assim
procedendo,
manifesta-se-lhe
a sua amiga Sra.
Prell, que lhe
dita longo
discurso,
idêntico no
conteúdo, senão
na forma, ao
discurso do
sonho. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
41. Do ponto de
vista do
paralelismo
entre os
fenômenos
anímicos e
espíritas, tais
episódios são
altamente
sugestivos
porque valem
para tornar mais
inteligíveis as
modalidades em
que se realizam
as comunicações
com os mortos,
pois que, se a
vontade de um
vivo pode ditar
mentalmente uma
carta, palavra
por palavra,
servindo-se do
cérebro e mãos
de outrem, ou
pode transmitir
a distância o
conteúdo de um
longo discurso,
nada impede que
se acolham, como
legítimas e
verdadeiras, as
explicações
dadas em tal
sentido pelas
personalidades
dos mortos, que
afirmam
transmitir as
suas mensagens
agindo
telepaticamente
pela sua vontade
sobre o cérebro
dos médiuns.
(1ª Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
42. Bozzano
destaca ainda as
seguintes
passagens:
“Quando
transmite ordens
mentais, ela
percebe os
pensamentos das
pessoas com as
quais está em
relação, como se
estas
conversassem com
ela, de viva
voz.”
“Geralmente as
pessoas sobre as
quais projeta o
seu pensamento
têm consciência
de sua presença,
ou pelo menos
pensam nela.”
“Ela é de
opinião que em
tais condições
de clarividência
realiza-se a
projeção, a
distância, do
seu próprio
‘duplo’, e isto
porque ela vê o
seu próprio
corpo deitado,
inerte, no
divã.” (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
43. As passagens
citadas nos
levam a presumir
que, na
sensitiva em
questão, as
faculdades de
transmissão
telepática do
pensamento se
alternam muitas
vezes com os
fenômenos de
“bilocação” ou
projeção a
distância do seu
corpo fluídico.
Em tal caso,
porém, não devem
ser tomadas ao
pé da letra as
impressões da
vidente, isto é,
que as pessoas
por ela
visualizadas
conversem com
ela, de viva
voz. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
44. Tais
pessoas,
indubitavelmente,
não se portariam
desse modo, pois
que não existem
exemplos de tal
natureza em toda
a casuística do
gênero,
conquanto seja
verdade que as
pessoas que
recebem um
impulso
telepático,
muitas vezes se
tornam
conscientes de
uma presença
ou pensam
na pessoa que,
naquele momento,
se acha em
relação psíquica
com elas. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
45. Deve-se
presumir,
portanto, que as
conversações de
que se trata
ocorrem entre as
personalidades
integrais
subconscientes
dos
protagonistas e,
como isso não
faz diferença
para os
videntes, os
quais
desenvolvem os
seus diálogos
com as pessoas
visualizadas, é
natural que
neles se produza
a ilusão de uma
conversa de viva
voz, ilusão ou
alucinação tão
viva e infalível
que constitui a
regra em tais
experiências. O
próprio William
Stainton Moses a
ela se
sujeitava. Este,
certo dia,
resolveu pedir
explicação a tal
respeito ao seu
guia “Imperator”
e isto por
ocasião de um
incidente desse
gênero, em que
ele estava
convencido de
ter conversado
de viva voz com
pessoas
distantes, que
vira num cortejo
fúnebre. (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
46. Moses
perguntou: “Em
tais
circunstâncias
(do
desdobramento
fluídico)
poderia
tornar-me
visível aos
presentes?” O
guia “Imperator”
respondeu:
“Não estarias
visível a olhos
humanos, se bem
que a presença
de teu espírito
pudesse
impressionar a
mente de alguns
dos presentes
que pensassem
em ti, como
dizeis vós
outros. Muitas
vezes isto se
verifica por
efeito da
vontade dos
espíritos que
atraem o
pensamento das
pessoas com as
quais se acham
em relação.
Referindo-me ao
teu caso,
observo que,
como no cortejo
não havia
pessoas com as
quais estivesses
vinculado
espiritualmente
pela lei de
afinidade, não
terias podido
tornar-te
visível, mesmo
que nós o
houvéssemos
desejado.
Afirmas ter
dirigido a
palavra a alguém
no cortejo,
recebendo
resposta, mas
em verdade
exercitaste as
faculdades
espirituais de
transmissão e
leitura do
pensamento,
faculdades de
que se servem os
espíritos para
conversar entre
si. Estavas em
condições
transitórias de
desencarnado e
por isso
exercitaste as
faculdades
espirituais que
em raras
circunstâncias
são exercitadas
também pelos
vivos em forma
de
clarividência.
Em conclusão,
não conversaste
realmente com
pessoa alguma,
porém não deixa
por isso de ser
verdade o que
afirmas.”
(William
Stainton Moses,
Spirit
Teachings,
2ª série, pág.
85). (1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais no
mesmo aposento.)
[i] Caleça – Carruagem
de
quatro
rodas e
dois
assentos,
puxada
por uma
parelha
de
cavalos.
(Dicionário
Aurélio
Século
XXI)