Medo do fim do
mundo?
A Revista
Galileu publicou,
no dia 25 de
setembro de
2023, uma
reportagem de
Caio Santana sob
o título “Calor
Extremo Irá
Dizimar
Humanidade e
Mamíferos da
Terra, Prevê
Estudo” (1),
divulgando
pesquisa feita
por cientistas
da Universidade
de Bristol, na
Inglaterra. O
estudo antecipa
um clima
extremamente
quente e seco
daqui a 250
milhões de anos,
após a formação
de um
supercontinente
chamado Pangeia
Última, oriundo
da união das
massas
continentais da
Terra.
Tal clima,
segundo um dos
pesquisadores,
com temperaturas
médias entre 40
e 50 graus
Celsius e
extremos diários
ainda maiores,
selaria o nosso
destino devido
aos elevados
níveis de
umidade e pela
falta de fontes
suficientes de
comida e água.
De acordo com a
pesquisa,
somente entre 8%
e 16% da
superfície do
supercontinente
seria habitável
para os
mamíferos.
Uma das
cientistas
menciona sua
preocupação com
atual crise
climática, com
um calor extremo
bastante danoso
à saúde, e
ressalta a
importância de
zerarmos as
emissões de
gases de efeito
estufa por ação
humana o mais
depressa
possível.
Ora, segundo
Allan Kardec, o
Espiritismo é
ligado a todos
os setores da
ordem social, e
os jornais têm
muitos fatos e
narrativas “que
levantam graves
problemas
morais, cuja
solução só o
Espiritismo pode
dar” (2).
Entendemos que
tais assertivas
são muito
pertinentes e se
aplicam a todos
meios de
comunicação
atuais. Dessa
forma, somos
levados a
refletir também
sobre o artigo
acima citado, à
luz do
Espiritismo.
Primeiramente,
verificamos que
a área
presentemente
impactada pela
humanidade é de
14,6% da
superfície de
solo da Terra (3).
Assim, o espaço
habitável de
Pangeia Última,
em média de 12%
(considerando a
faixa de 8% a
16% já
mencionada), não
parece ser tão
pequeno como a
pesquisa sugere,
ainda mais se
levarmos em
conta a redução
populacional que
seria causada
pelas
catástrofes
anteriores à
fusão dos atuais
continentes,
tais como
terremotos,
erupções
vulcânicas,
maremotos, e
outros possíveis
desastres.
Faltou explicar
também a
coexistência de
fatores
antagônicos –
clima seco e
altos níveis de
umidade – ambos
citados na
matéria como
corresponsáveis
por dizimar a
humanidade e
demais mamíferos
no
supercontinente.
A notícia
tampouco
esclareceu como
os altos níveis
de umidade
ajudariam a
selar o nosso
fim – supomos
que seja pela
dificuldade de
regulação do
calor corporal
em locais muito
úmidos.
Outra questão é
o título da
reportagem, que
parece ter sido
escolhido para
chamar atenção,
apelando ao medo
do fim do mundo,
ao omitir o
horizonte de
tempo distante
exposto na
pesquisa.
Ora, sabemos que
o temor da morte
advém
inicialmente do
instinto de
conservação, que
nos é dado por
Deus para
cumprimos nossa
tarefa aqui na
Terra (4).
A morte inspira
medo às pessoas
mais ligadas à
vida corpórea do
que à vida
espiritual,
pelas dúvidas
quanto ao
futuro,
preocupações,
ansiedades e
pela busca em
vão da
felicidade na
satisfação
passageira de
todos os desejos
materiais (5).
Como vivemos num
mundo de
expiações e de
provas, onde o
mal e a matéria
predominam (6),
a maioria de nós
somos Espíritos
imperfeitos,
propensos ao mal
e atraídos pela
matéria (7).
Assim, somos
usualmente
predispostos a
sentir medo da
morte e, dessa
forma, atraídos
por informações,
noticiários,
conversas e
pensamentos que
alimentam em nós
tal temor.
Certamente,
nossa atração
por más notícias
é percebida
pelos meios de
comunicação
privados,
dependentes de
publicidade para
sobreviverem.
Isso parece
gerar um círculo
vicioso: más
notícias são
divulgadas de
forma
preponderante. A
população parece
aceitar bem essa
situação, pois,
de fato, não
notamos mudanças
radicais em
linhas
editoriais nos
meios de
comunicação e
tampouco
protestos
relevantes
contra o fato.
Assim, novas más
notícias
continuam a ser
expostas
majoritariamente
pela mídia.
É razoável
pensar que a
maioria das
notícias num
mundo de
expiações e
provas não seria
de boas novas.
Porém, devemos
estar atentos
para não nos
deixarmos levar
pelo pessimismo
ou medo de
coisas ou
eventos
incontroláveis,
que podem
atrasar
desnecessariamente
nossa evolução
espiritual.
Cabe ponderar
também acerca da
hipótese do
extermínio da
humanidade. Como
nos ensina a
Doutrina
Espírita, nem a
destruição de
nossos corpos e
tampouco o
aniquilamento da
espécie humana
interromperão a
marcha do
Espírito rumo à
perfeição
relativa.
Ademais, tais
eventos são por
vezes
necessários para
acelerar nosso
progresso
espiritual (8).
Logo, o temor
da morte não
condiz com o
Espiritismo.
Cabe ressalvar
que não somos
dispensados de
cuidar de nós,
do próximo e da
Terra por sermos
Espíritos
imortais e,
assim, devemos
fazer o bem no
limite de nossas
forças, e
respondemos
ainda por todo o
mal que possa
acontecer por
não termos
praticado o bem (9).
Sabemos, porém,
ser necessário
que os
escândalos
venham, pois a
reação ao mal
serve de castigo
para uns e
provas para
outros, e Deus
sempre faz
surgir o bem das
coisas más (10).
Portanto,
trabalhemos para
nos tornarmos
homens de bem,
não desprezando
nenhuma ocasião
de sermos úteis.
Assim, com fé em
Deus, na sua
bondade, justiça
e sabedoria,
entenderemos que
nada ocorre sem
a sua permissão (11) e
não nos
inquietaremos
com reportagens
apelando ao medo
do fim do mundo.
Lembremos
finalmente da
promessa de
Jesus, que
iremos um dia
estar com ele em
outro lugar,
além da Terra,
como explicou
tão bem Allan
Kardec: “Não
se turbe o vosso
coração. (...).
Há muitas
moradas na cada
de meu Pai (...)” (12).
Referências:
1. Reportagem
Revista Galileu:
“Calor extremo
irá dizimar
humanidade e
mamíferos da
Terra, prevê
estudo”.
Disponível em: LINK-1 - Acesso
em 30 de
setembro de
2023.
2. KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Médiuns. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
2ª ed. 1ª imp.
Brasília: FEB,
2013. Cap. XXIX
item 347, p. 412
e 413.
3. Artigo:
“This is how
much of the
Earth’s surface
humans have
modified”,
publicado no
World Economic
Forum. Disponível
em: LINK- Acesso
em 30 de
setembro de2023.
4. KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
4ª ed. 5ª imp.
Brasília: FEB,
2018. Questão
730, p.14.
5. _____,_____.
Questão 941, p.
410.
6. _____. O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
2ª ed. 1ª imp.
Brasília: FEB,
2013. Cap. III,
item 4, p.61 e
item 9, p.64.
7. _____. O
Livro dos
Espíritos. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
4ª ed. 5ª imp.
Brasília: FEB,
2018. Questão
100, p. 91.
8. _____. A
Gênese. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra
da 5ª ed.
Francesa de
1869. 2ª ed. 1ª
imp. Brasília:
FEB, 2013. Cap.
XVII, item 67,
p. 341.
9. _____. O
Livro dos
Espíritos. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
4ª ed. 5ª imp.
Brasília: FEB,
2018. Questão
642, p. 291.
10. _____. O
Evangelho
Segundo o
Espiritismo. Tradução
de Evandro
Noleto Bezerra.
2ª ed. 1ª imp.
Brasília: FEB,
2013. Cap. VIII,
item 14, p.154.
11. _____,_____.
Cap. XVII, item
3, p. 291 e 292.
12. _____,_____.
Cap. III, item
1, p. 59.
N.R.:
Artigo
apresentado e
selecionado no
Concurso A
Doutrina Explica
2023, promovido
pelo Jornal
Brasília
Espírita – www.atualpa.org.br,
com parceria com
a Revista
Eletrônica O
Consolador - e
da Web Rádio
Estação da Luz
- Estação
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