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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

Como exercemos a nossa atividade profissional?


No noticiário jornalístico atual enxameiam casos pavorosos de pessoas que exorbitam no exercício do seu trabalho. São profissionais da área médica que, às vezes, abusam de seus pacientes ou negligenciam no atendimento. Em outras situações extremas, vemos profissionais da área de saúde aplicando tratamentos para os quais não estão qualificados, culminando, em alguns casos, com a morte de seus pacientes. Há ainda centenas de “profissionais” das mais variadas áreas que não cumprem adequadamente as suas funções e obrigações, tornando a vida dos outros um verdadeiro inferno. Sem falar daqueles que utilizam a sua inteligência para elaborar iniciativas ou esquemas altamente prejudiciais aos seus clientes.

Não é improvável que o leitor do presente texto já tenha passado por alguma experiência desagradável em algum website. Refiro-me particularmente aos ícones sorrateiros e mal-intencionados deliberadamente colocados nas páginas de internet com o claro propósito de confundi-lo. Há, lamentavelmente, pessoas que ganham a vida executando esse tipo de trabalho. Como há outros, certamente bem graduados, que se dedicam ao mister de enganar, iludir e explorar os semelhantes através de suas decisões nefandas. Nesse sentido, basta observar o que ora ocorre, por exemplo, no setor de saúde privada em nosso país, no qual até mesmo pacientes à mesa de operação têm seus contratos cancelados unilateralmente. Aliás, o quadro nesta área de negócios chegou a um tal estado de desrespeito e desumanidade, que se cogita a implementação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguação dos excessos cometidos pelas empresas do setor.

Vemos igualmente verdadeiros descalabros acontecendo no âmbito da justiça, da segurança, da política, da administração pública e das organizações, de modo geral, em decorrência de pessoas que realizam muito mal o seu trabalho. Por conseguinte, temos no país uma paisagem repleta de profundas imperfeições e desajustes sociais. O resultado geral é hediondo, já que um grande contingente de pessoas vive muito mal, como sabemos.  

Infelizmente, tais protagonistas-infratores não se dão conta de que, no momento certo, responderão pela sua “obra” perante a espiritualidade, pois ninguém foge da balança da justiça divina. Esta, a propósito, diferentemente do que ocorre na Terra, abarca a todos sem fazer qualquer espécie de distinção. Posto isto, é preciso atentar para a maneira como nos conduzimos profissionalmente, a fim de que que não venhamos a ser ludibriados por um ethos tão deficiente.

Prestar lealdade a um patrão ou empregador desse jaez certamente nos levará ao infortúnio. Desse modo, é imperioso considerar o valor espiritual do trabalho que realizamos na obra da criação divina para que ele reflita espírito de fraternidade, solidariedade e compaixão. Os Espíritos têm nos ensinado muito a respeito de tal dimensão da vida – inclusive que o trabalho é um componente das leis universais - que nos compete refletir.

O Espírito Emmanuel, por exemplo, na obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco Cândido Xavier), assevera que, independentemente da nossa posição no mundo, estamos aptos a praticar o que Jesus – o sublime mensageiro – nos transmitiu. Já no livro Pensamento e Vida, a destacada entidade espiritual observa que:

“O administrador, o juiz, o professor, o médico, o artista, o marinheiro, o operário e o lavrador estão perfeitamente figurados naquela parábola dos talentos de que se valeu o Divino Mestre para convidar-nos ao exame das responsabilidades próprias perante os empréstimos da Bondade Infinita.

Cada espírito recebe, no plano em que se encontra, certa quota de recursos para honrar a Obra Divina e engrandecê-la.”

O Senhor espera de nós verdadeiro alinhamento aos ideais superiores através do nosso trabalho e atitudes. Assim sendo, executar nossas tarefas – sejam quais forem –, permeadas pelas noções do bem, da justiça e da qualidade, são as nossas garantias para, de fato, desfrutarmos de uma vida melhor. Emmanuel também pondera, na mesma obra que:

“Pelos contatos da profissão cria o homem vasta escola de trabalho, construindo a dignidade humana; contudo, pela abnegação emite reflexos da beleza divina, descerrando trilhos novos para o Reino Celestial.

A profissão, honestamente exercida, embora em regime de retribuição, inclina os semelhantes para o culto ao dever.

A abnegação, que é sacrifício pela felicidade alheia, sublima o espírito.”

São indubitavelmente conselhos e reflexões valiosas que merecem a nossa atenção. No geral, elas nos questionam sobre a quem realmente servimos. Assim sendo, lembremos também da sábia recomendação do apóstolo: “Cada um exerça e dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas” (1º Pedro, 4:10). Não engrossemos, portanto, a fileira dos servidores do mal, pois estes se arrependerão amargamente um dia por terem usado os seus recursos e capacidades de maneira negativa e diabólica. Busquemos, sim, o nosso engajamento nas hostes da luz, realizando o nosso trabalho sempre com profundo amor, dedicação e respeito aos que dele dependem.

Colaboremos com o Senhor com o que temos de melhor, e ele nos recompensará.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita