Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Longe das telas…


A criatura humana pode ter qualidades e faculdades. Podemos aperfeiçoar as duas.
 Cora Coralina


Longe das telas a infância floresce: jogar bola, correr no parquinho, pintar o desenho, cantar na varanda acompanhada a criança do leal amigo, o querido cachorro.

Infelizmente, estamos vivenciando com muita frequência a intoxicação digital infantil. As crianças, e em idades cada vez mais precoces, têm tido amplo acesso aos celulares, tablets e computadores, deixando de lado as brincadeiras e atividades ao ar livre, ignorando mais e mais o contato com outras crianças…

O uso excessivo das telas, principalmente na primeira infância, provoca o empobrecimento do contato presencial com outras crianças, gerando inúmeras consequências nocivas de ordem física, cognitiva e comportamental. Entre elas, destacam-se, por exemplo, sedentarismo, obesidade, problemas osteoarticulares, como vícios posturais e dores musculares, baixa motricidade, miopia, problemas auditivos pela exposição ao excesso de ruído…

Pode haver, ainda, atrasos na linguagem, porque as crianças dependem da comunicação com outras pessoas para aquisição de vocabulário e desenvolvimento linguístico.

Insisto com os pais: a fase até os 5 anos é crucial para o desenvolvimento do cérebro de todo indivíduo. Isso porque, até essa idade, o cérebro se desenvolve rapidamente, com a grande proliferação de neurônios e conexões entre eles. Desse modo, quando uma criança muito pequena é exposta às telas, ela desacelera esse desenvolvimento, o que prejudica, por sua vez, a aquisição de habilidades motoras e cognitivas.

Distinto do brincar, que trabalha diversos aspectos na criança, o consumo de telas é apenas uma distração passiva. A criança, então, estará sujeita a atraso na fala, distúrbio de aprendizado, dificuldades na comunicação e interação social, dificuldades na coordenação motora etc.

No dia a dia, seja um bom exemplo! Procure passar mais tempo com seu filho pequeno sem usar o celular. Na sala, no quintal, na varanda, no instante do passeio (na pracinha, no parque, na casa dos avós etc.) estimule atividades e brincadeiras sem o uso de telas…

Lembre-se de que as ações valem mais do que as palavras!

Notinhas

Segundo recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), menores de 2 anos não devem ter qualquer tipo de contato com as telas. Crianças de 2 a 5 anos de idade podem usar as telas por até uma hora por dia. Crianças de 6 a 10 de idade podem usar as telas de uma a duas horas por dia.

Se o seu filho já se enquadrar em uma das faixas etárias em que é liberado o uso das telas, então é necessário estabelecer regras e limites para o uso. Nesse sentido, você pode definir os dias específicos para uso das telas; proibir o uso das telas no mínimo duas horas antes de dormir; proibir o uso das telas durante as refeições etc.

Definir e cumprir regras é essencial para o bem-estar da criança. Por isso, procure não abrir exceção e, caso seu filho se revele resistente a segui-las, converse abertamente sobre as consequências que o uso desses dispositivos pode ocasionar na vida dele.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita