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por Rogério Coelho

 

Superfície e cerne


Só o progresso moral poderá assegurar a verdadeira felicidade.


“As preocupações superficiais do mundo chegam, educam o

espírito e passam, mas a experiência religiosa permanece.” - Emmanuel

 

Joanna de Ângelis, a nobre Mentora Espiritual de Divaldo Pereira Franco, explica[1]: “(...) nestes dias tumultuosos, quando o homem sofre o impacto de várias vicissitudes e os conceitos tradicionais experimentam severa crítica, dando surgimento à nova ética, é necessário que se faça uma pausa nas atividades complexas quão apressadas no dia a dia, para indispensáveis reflexões...

A rebeldia e a violência que irrompem em todos os campos como de todos os lados, parecem ameaçar as estruturas antiquadas e, malgrado asseverando a necessidade de mudanças radicais, não apresentam qualquer programa merecedor de consideração, que valha a pena respeitar, pelo menos inicialmente.

(...) São divulgadas com entusiasmo as conquistas intelectuais, e nos laboratórios os modernos investigadores sonham com uma genética a seu bel-prazer, que lhes sofra incursões da mais ampla aventura como da fantasia, e estimulados pelos resultados a que chegaram as Ciências modernas, eliminam a ética que deve viger no âmago de todas as realizações, apresentando-se, eles mesmos, atormentados, sediciosos, inquietos...

Substituindo as expressões da cultura, cunham-se vocábulos que traduzam as aspirações e usos da atualidade: “onda”, “embalo”, “curtição”, “fossa”, “cafonice”, partindo-se de imediato para as questões palpitantes que descem a vulgaridades inconsequentes, tais como o “adultério”, o “divórcio”, a “inseminação”, o “bebê de proveta”, o “aborto”, a “prostituição”, a “toxicomania” com que estimulam mais a alucinação que predomina em quase todos os departamentos humanos da Terra, na atualidade.

O homem, assim, conquista o Sistema Solar em que se encontra localizado o domicílio terrestre, mas perde a paz; descobre o mecanismo da vida e malbarata a existência; realiza incursões vitoriosas nas partículas constitutivas do átomo, porém desagrega-se interiormente; sonha com o amor, todavia entorpece-se nas paixões; aspira à felicidade, entretanto, intoxica-se nos gozos brutalizantes...

Estudos, técnicas, programas para verificação e avaliação do novo “status” engendrados por organismos especializados apresentam relatórios, sugerem fórmulas; apesar disso os resultados redundam inócuos, quando não se revelam nulos...

Faleceram, sim, os valores morais, substituídos por uma pseudomoralidade e as conquistas inestimáveis, resultantes dos tempos e dos esforços heroicos, parecem impotentes para deter as aberrações.

Verdadeiramente, de toda mixórdia que decorre destes dias de transição, surgirão os nobres valores da evolução inadiável, cujo investimento superior a Divina Misericórdia desde há muito vem aplicando através do Senhor da Vida, mui sabiamente.

Tarefa inapreciável está reservada ao Espiritismo nestes dias em que o progresso moral, e somente ele poderá assegurar a verdadeira felicidade, por dispor dos meios hábeis para suplantar e vencer as paixões predominantes ainda em a natureza humana.   Ao Espiritismo, sim, porque o cristianismo redivivo que é, através da sua estrutura doutrinária, científica, filosófica, religiosa e moral e das diretrizes iluminativas de que se constitui, está destinado o dever de contribuir com eficácia para o trabalho de construção da geração porvindoura, conduzindo, em consequência, a nova mentalidade e desarticulando o materialismo”.

O homem moderno, sofrendo as difíceis injunções da vida agitada que leva, perdeu o endereço do Mundo Maior, o Verdadeiro, isto é, o Mundo Espiritual. As preocupações chãs agrilhoam-no ao mundo das formas, transitório por excelência.

O Espiritismo constitui o modelo perfeito de Ciência, Filosofia e Religião, conjunto harmonioso que auxiliará o homem em sua emancipação espiritual. Enquanto os aspectos científico e filosófico dizem respeito às questões horizontais da Terra (questões transitórias), o aspecto religioso (que permanece) o coloca em contato com a vertical que o liga aos mananciais da Espiritualidade, descortinando-lhe sua própria identificação cósmica, sua vida verdadeira, infinita...

Daí, sem demérito para com os demais aspectos da doutrina espírita, reconhecemos, com razões fundamentadas na mais pura lógica, sem a menor sombra de dúvida, que dentre eles o aspecto religioso é o mais importante.      


 


[1] - FRANCO, Divaldo Pereira. Florações evangélicas. 4.ed.Salvador: LEAL, 2000, introdução.

 
  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita