Superfície e cerne
Só o progresso moral poderá assegurar a verdadeira
felicidade.
“As preocupações superficiais do mundo chegam, educam o
espírito e passam, mas a experiência religiosa
permanece.” -
Emmanuel
Joanna de Ângelis, a
nobre Mentora Espiritual de Divaldo Pereira Franco,
explica:
“(...) nestes dias tumultuosos, quando o homem sofre o
impacto de várias vicissitudes e os conceitos
tradicionais experimentam severa crítica, dando
surgimento à nova ética, é necessário que se faça uma
pausa nas atividades complexas quão apressadas no dia a
dia, para indispensáveis reflexões...
A rebeldia e a violência que irrompem em todos os campos
como de todos os lados, parecem ameaçar as estruturas
antiquadas e, malgrado asseverando a necessidade de
mudanças radicais, não apresentam qualquer programa
merecedor de consideração, que valha a pena respeitar,
pelo menos inicialmente.
(...) São divulgadas com entusiasmo as conquistas
intelectuais, e nos laboratórios os modernos
investigadores sonham com uma genética a seu bel-prazer,
que lhes sofra incursões da mais ampla aventura como da
fantasia, e estimulados pelos resultados a que chegaram
as Ciências modernas, eliminam a ética que deve viger no
âmago de todas as realizações, apresentando-se, eles
mesmos, atormentados, sediciosos, inquietos...
Substituindo as expressões da cultura, cunham-se
vocábulos que traduzam as aspirações e usos da
atualidade: “onda”, “embalo”, “curtição”, “fossa”,
“cafonice”, partindo-se de imediato para as questões
palpitantes que descem a vulgaridades inconsequentes,
tais como o “adultério”, o “divórcio”, a “inseminação”,
o “bebê de proveta”, o “aborto”, a “prostituição”, a
“toxicomania” com que estimulam mais a alucinação que
predomina em quase todos os departamentos humanos da
Terra, na atualidade.
O homem, assim, conquista o Sistema Solar em que se
encontra localizado o domicílio terrestre, mas perde a
paz; descobre o mecanismo da vida e malbarata a
existência; realiza incursões vitoriosas nas partículas
constitutivas do átomo, porém desagrega-se
interiormente; sonha com o amor, todavia entorpece-se
nas paixões; aspira à felicidade, entretanto,
intoxica-se nos gozos brutalizantes...
Estudos, técnicas, programas para verificação e
avaliação do novo “status” engendrados
por organismos especializados apresentam relatórios,
sugerem fórmulas; apesar disso os resultados redundam
inócuos, quando não se revelam nulos...
Faleceram, sim, os valores morais, substituídos por uma
pseudomoralidade e as conquistas inestimáveis,
resultantes dos tempos e dos esforços heroicos, parecem
impotentes para deter as aberrações.
Verdadeiramente, de toda mixórdia que decorre destes
dias de transição, surgirão os nobres valores da
evolução inadiável, cujo investimento superior a Divina
Misericórdia desde há muito vem aplicando através do
Senhor da Vida, mui sabiamente.
Tarefa inapreciável está reservada ao Espiritismo nestes
dias em que o progresso moral, e somente ele poderá
assegurar a verdadeira felicidade, por dispor dos
meios hábeis para suplantar e vencer as paixões
predominantes ainda em a natureza humana. Ao
Espiritismo, sim, porque o cristianismo redivivo que é,
através da sua estrutura doutrinária, científica,
filosófica, religiosa e moral e das diretrizes
iluminativas de que se constitui, está destinado o dever
de contribuir com eficácia para o trabalho de construção
da geração porvindoura, conduzindo, em consequência, a
nova mentalidade e desarticulando o materialismo”.
O homem moderno, sofrendo as difíceis injunções da vida
agitada que leva, perdeu o endereço do Mundo Maior, o
Verdadeiro, isto é, o Mundo Espiritual. As preocupações
chãs agrilhoam-no ao mundo das formas, transitório por
excelência.
O Espiritismo constitui o modelo perfeito de Ciência,
Filosofia e Religião, conjunto harmonioso que auxiliará
o homem em sua emancipação espiritual. Enquanto os
aspectos científico e filosófico dizem respeito às
questões horizontais da Terra (questões transitórias), o
aspecto religioso (que permanece) o coloca em contato
com a vertical que o liga aos mananciais da
Espiritualidade, descortinando-lhe sua própria
identificação cósmica, sua vida verdadeira, infinita...
Daí, sem demérito para com os demais aspectos da
doutrina espírita, reconhecemos, com razões
fundamentadas na mais pura lógica, sem a menor sombra de
dúvida, que dentre eles o aspecto religioso é o mais
importante.